terça-feira, 21 de outubro de 2014

SANTOS=DUMONT e o espírito de inovação do brasileiro

Quando eu era adolescente no final dos anos 70, começo dos anos 80, testemunhei um enorme número de colegas partindo para o exterior em busca de mais ‘desenvolvimento’.

Esses amigos trabalharam na construção civil em cidades do Canadá, lavando pratos e copos na Inglaterra, como dekasseguis em cargos baixos no Japão ou como jardineiros em Paris e voltavam falando maravilhas dos países que os colocaram para fazer um trabalho que os moradores locais não estavam dispostos a fazer.

Porque nos rebaixávamos tanto?

Talvez o leitor não encontre nesse blog um texto com o mesmo grau emotivo que este, mas eu precisava tornar publico o que vemos fazendo. 

Santos=Dumont, ficou enormemente desgostoso com o papel da Aeronáutica na Revolução Constitucionalista de 32, quando os paulistas tentaram, pelas armas, derrubar o ditador Getúlio Vargas. “A Aviação foi à trágica surpresa da Revolução”, essa era a frase que se ouvia falar nas ruas do Guarujá, onde Santos=Dumont tentava se recuperar de problemas emocionais profundos. O conflito durou 85 dias, entre 9 de julho a 2 de outubro de 1932 e o Vale do Paraíba foi palco das batalhas mais sangrentas da rebelião.

Dumont não se conformou em estar tão na contra-mão dos acontecimentos, seu sonho era que o avião se transformasse em um instrumento de integração entre povos, nações e culturas, mas imerso em emoções contrarias, cometeu suicido no dia 23 de Julho do mesmo ano (14 dias depois do inicio do conflito), é possível que essa visão antecipada do seu obituário tenha despertado nele o desejo de modificar o então uso de seus inventos para propostas bem mais nobres, a exemplo do que aconteceu com Alfred Nobel, mas que infelizmente não se tornou de conhecimento publico.

A exemplo de Nobel, eu sonho com a criação de uma “ORDEM SANTOS=DUMONT”, bem como a premiação de brasileiros que tenham dedicado seu empenho, intelecto e ética a criações que impulsionem o Brasil a prosperidade, o desenvolvimento tecnológico e conseqüente crescimento. Enquanto essa ordem não se torna realidade, eu uso esse blog como uma forma de combater os chamados ‘males da alma do Brasileiro médio’.

Detesto generalizações, mas é bastante conhecido entre nós brasileiros o conceito de “Complexo de Vira-Latas” que temos, cunhado por Nelson Rodrigues no ano de 1958 no livro ‘A Pátria de Chuteiras’.

o chamado 'Complexo de Vira-Latas' aparece pela primeira vez no livro 'A Patria de Chuteiras', de Nelson
Rodrigues
Segundo Rodrigues, "o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem".

Um exemplo marcante dessa atitude retrograda, auto sabotadora e contraproducente ocorre na própria cidade de nascimento do aviador – o antigo Município de Palmira, cuja o nome mudou quando da morte do aviador para Município de Santos Dumont – MG, distante, aproximadamente 207 km de Belo Horizonte.

Lá, o museu local não recebe a atenção que deveria (pelo povo e pelo governo), salvo por um pequeno grupo de colaboradores que corajosamente e com muito amor, mantém viva a lembrança do aviador e seus pertences. 

Encontra-se a venda também lá, em diversas lojas de produtos regionais um pequeno frasco com os dizeres “ÁGUA DE DUMNONT”. Trata-se de uma ‘brincadeira’ com a possível homossexualidade de nosso herói nacional.

Água de Dumont - brincadeira com a possível homossexualidade de Santos=Dumont - Exemplo de espírito de Auto sabotagem e baixa autoestima de um grupo de brasileiros
O que parece ser uma ‘brincadeirinha’ dos locais para ganhar um trocado, demonstra a danosa baixa autoestima disfarçada de ingênua auto-ironia.

Ao contrario dos japoneses, que se orgulham de fazer parte de um povo guerreiro, que nunca havia perdido uma guerra até os episódios de Hiroshima e Nagazaki e que usa constantemente esse sentimento aspiracional de grande impacto (entre outros tantos) para impulsionar cada individuo rumo a grandes conquistas individuais, a atitude ridicularizar Santos=Dumont, nos faz distanciarmos cada vez mais de valores de conquistas em prol de nosso próprio pais.
Num evento sem nenhuma pompa, eu (de óculos no canto direito) junto a amigos levamos o lenço que pertenceu a Santos=Dumont para receber a assinatura dos pioneiros, Professos Nicolelis e Juliano Pinto, pioneiros brasileiros em mobilidade bípede. No lenço tem ainda assinatura de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro e carimbos da ISS, bordado de Santos=Dumont e o 'Coração Alado' de Romero Brito, desenha do pelo mesmo. 

O Lenço de Dumont
O lenço de Santos=Dumont - marco às conquistas brasileiras para a humanidade

Ao se levar em consideração tal sentimento, um grupo de amigos semi-anônimos (do qual agora eu também faço parte), decidimos usar o que eu considero como ‘UMA EXEMPLAR SIMBOLOGIA ASPIRACIONAL’, o ‘LENÇO DE SANTOS=DUMONT’.

Decidimos usar um pertence antigo de Santos=Dumont para coletar assinaturas de brasileiros que conquistam, ou conquistaram importantes avanços tecnológicos em nome de nossa bandeira.

Nesse exato momento, brasileiros incríveis estão fazendo trabalhos incríveis de inovação com foco no amor a humanidade. É o caso do Professor Miguel Nicolelis e seu exoesqueleto, que lindamente foi batizando de ‘Santos=Dumont’.

Da mesma forma que Santos=Dumont deu asas à humanidade, o professor Nicolelis está dando a autonomia bípede a pessoas que tem sua capacidade de andar sobre suas pernas comprometida.

O lenço conta ainda com a assinatura do primeiro astronauta brasileiro, que inclusive levou esse mesmo lenço para o espaço e com a ilustração ‘O CORAÇAO ALADO’ de Romero Brito, que simboliza o amor que serviu de combustível a esses brasileiros para atingirem seus objetivos.
'Coraçao Alado' - ilustração de Romero Brito no Lenço de Santos=Dumont, que representa o amor de nossos compatriotas que dedicaram seu amor a conquistas tecnológicas importantes para a humanidade. neste lenço tem também a assinatura de Marcos Pontes (1o astronauta brasileiro) e os carimbos da Estação Espacial Internacional - saiba mais em http://santosdumontvida.blogspot.com.br/2012/10/comemoracoes-do-primeiro-voo-do-mais.html

Se você se inspirou ao saber desse lenço como símbolo de um lindo movimento que está acontecendo no Brasil, que ajuda a nos impulsionarmos para um maior respeito/amor próprio, nos coloca como iguais a outros cidadãos do mundo (pois realmente não somos nem maiores, nem menores que eles) e que nos faz integrar mundialmente com nosso ‘CORAÇÃO ALADO’, então junte-se a nos.

Se acaso você se indignou ao saber desse lenço, por achar que não deveríamos profanar um pertence antigo e importante, e que tal pertence deveria estar num museu, saiba que essa indignação me acometeu a uns 20 anos atrás, quando soube de algumas centenas de milhares de outros itens do aviador se deteriorando em casas de particulares, em museus mal administrados ou bem tratados em museus de países distantes. 

Faça com que essa indignação seja a mola propulsora e então junte-se a nós, para fazer com que nossas instituições e nosso povo possam cuidar melhor da historia e das conquistas brasileiras.




Essa matéria só perde seu efeito quando você lê e decide não fazer nada a respeito, quando não se encanta por ser brasileiro ou quando decide continuar a levar a vida que vem levando... o Brasil é feito por você em meio a 203 milhões de habitantes.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Brasil – Pátria das Jabuticabas

Numa pesquisa realizada um mês depois da vinda de diversos estrangeiros para o Brasil, o Blog AME O BRASIL (#ameobrasil) fez uma pesquisa com brasileiros que vivem no exterior e estrangeiros que mal saíram do Brasil para elencar as TOP 20 JABUTICABAS mais recorrentes, em ordem de importância.

Não sabe o que são JABUTICABAS? Pois vou explicar - JABUTICABAS são as coisas que todo brasileiro sabe que são brasileiras e muitas vezes sente falta delas no exterior e todo estrangeiro que aqui já pisou, as identifica como sendo tipicamente brasileiras e os remete diretamente de volta às nossas terras.

“Se é do Brasil e não é jabuticaba, não presta” – A frutinha é tão gostosa que parece ter escapado ilesa às criticas de alguns cidadãos brasileiros, tomados pelo complexo de vira-latas, em frases de auto-sabotagem. A Jabuticaba, musa dos quintais de Monteiro Lobato, nativa da Mata Atlântica, é muito apreciada por brasileiros e também pelos estrangeiros. O termo JABUTICABA vem do tupi “iapoti kaba” que significa “frutas em botão”, nome dado pelo fato de essa fruta dar diretamente no tronco e galhos de sua arvore.

A Jabuticaba, para o orgulho do povo brasileiro, é uma fruta silvestre 100% brasileira, típica da Mata Atlântica, encontrada nas regiões tropicais, do Norte ao Sul do país, tem como representante mais gostosa a jabuticaba-sabará (Myrciaria cauliflora), cujos frutos são de tamanho de uvas medias. A planta raramente é cultivada em outros países e climas, e já faz parte da cultura brasileira, serve como uma luva para metaforizar situações e coisas, na maioria das vezes boas, que até podem existir fora do Brasil, mas só fazem real sentido aqui.


1 – JABUTICABA – Não é de se estranhar que a primeira JABUTICABA seja a própria Jabuticaba, afinal ninguém é melhor para representar ela do que ela mesma;


2 – Cachaça e Caipirinha – Essa dupla ficou com o segundo lugar pois costuma ser o primeiro contato de estrangeiros com nossa cultura e também a pedida de brasileiros em bares no estrangeiro, para lembrarem-se de casa. Reconhecidas pelo decreto presidencial no 4.072 de 2002, a cachaça, bem como caipirinha, são consideradas como a bebidas oficiais, típicas e exclusivas do Brasil;


3 – Biquíni e depilação brasileira (Brazilian Wax) – Outra dupla que tambem representa muito bem nossa cultura de praia, foi a pedida quase unânime da população masculina heterossexual;


4 – Samba e Carnaval – Essa foi a opção da turma com mais de 35 anos, mas ainda representa bem o Brasil;


5 – Futebol e o Penta – Acho que essa dupla só pegou em quinto porque os estrangeiros ficaram com pena de nos ofender e os brasileiros não quiseram nem se lembrar da tragédia do 7x1;


6 – Feijoada e em segundo plano o ‘Aroz e Feijão’- Como o arroz e feijão também são pratos típicos de outros países como a Costa Rica, a feijoada se destacou como melhor representante dessa dupla aqui no Brasil;


7 – Capoeira e em segundo Plano ‘Jiu-Jitso Brasileiro’ – O mesmo acontece com a relação Jiu-Jitso Brasileiro e capoeira, posto que o Jiu-Jitso não é tipicamente brasileiro mas encontra sua melhor forma aqui;

8 – Açaí – sem comentários, esse também deveria ter aparecido antes;

9 – Etanol como combustível – Apesar de nos, brasileiros não darmos tanta importância para isso, a comunidade estrangeira nos admira muito por esse exemplo de criatividade, sustentabilidade, engenhosidade e inteligência ao saber aproveitar nossos próprios recursos;

10 – Chuveiro elétrico – ao ver fios desencapados saindo da parede dos banheiros o estrangeiro coça a cabeça e se pergunta “será que esses brasileiros não tem medo da perigosa combinação de 220 volts em contato direto com a água?” Nos, por outro lado, quando entramos na nossa futura habitação no exterior nos perguntamos “Será que vou ter que quebrar a parede para colocar a fiação do chuveiro?”.


11 – Abridor de latas brasileiro – parece ridículo, mas é assunto comum de muito estrangeiro, que se sente maravilhado apos aprender a usá-lo, bem como de brasileiros, que pegam outro tipo de abridor de latas no exterior e exclamam “o abridor de latas brasileiro é bem melhor!”.


12 – Tomar café no copo “americano”, também conhecido como copo de boteco – Sou fã do café e do copo, dizer o que...

13 – Coxinha e pão de Queijo – Não existe brasileiro no exterior que nunca cogitou abrir um pequeno negocio para vender essas iguarias;

14 – Sandálias havaianas – Muitos brasileiros levam havaianas para presentear estrangeiros, em troca de hospedagem. Isso talvez seja uma forma de se vingar do tempo em que os portugueses de 1500, trocavam ouro e pau-brasil por espelhinhos e canivetes;

15 – Novelas – Talvez esse seja o nosso principal embaixador cultural de divulgação do Brasil no exterior;

16 – Padres e pastores falando na TV – A TV veio forte na 15a  e 16a  colocação, os gringos acham que é coisa de brasileiro ter sempre um canal para ouvir os sermões e homilias, e sei de diversos brasileiros que compram canal a cabo no estrangeiro para ouvir as palestras de seus mestres;

17 – Bossa Nova – Se essa pesquisa fosse feita no começo dos anos 2000, a bossa nova estaria na 1a posição, quando todo gringo que estava aprendendo português perguntava “o que significa ‘mais que nada’?”, em referencia a musica de Jorge Bem, regravada por The Black Eyed Peas e  Sérgio Mendes;
18 – Nomes como ‘Danierton’, ‘Cleydoaldo” e “Neymar” – Nomes dados pela classe “C” aos filhos, com intuito que eles parecessem mais ‘chiques’ do que realmente eram por parecerem como nomes gringos. Todo estrangeiro acha estranho que esses nomes soem como uma desastrosa associação do idioma Inglês com o Português;

19 – Guaraná e Castanha do Pará – São os representantes mais antigos de nossa floresta Amazônica;



20 – Brigadeiro - Para terminar essa lista, nada melhor que nossa principal sobremesa. Foi criado na década de 1940 pelo Brigadeiro Eduardo Gomes (1896-1981);

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Forças da natureza contra a corrupção

O que a corrupção, a poluição dos rios urbanos e os já não tão recentes ataques de tubarões aos banhistas em Recife tem em comum? - Tudo.

Vamos começar pelos tubarões, antes da construção do porto de Suape não se tinha registro desses ataques nas águas do Recife, dessa forma o mais lógico seria botar a culpa na situação criada pela chegada do porto e seus impactos ambientais, mas isso não parece ser o fator determinante.


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No documentário "Rebelião de Tubarões", apresentado no Discovery Channel, Lawrence Wahba investiga os ataques e identifica a espécie culpada, os Tubarões Cabeça Chata (Carcharhinus leucas). Wabba mergulha com esses tubarões em Cuba e esses ficam extremamente calmos, o biólogo se surpreende com a pacificidade dos bichos de Cuba.


Os Carcharhinus leucas tem um padrão de alimentação bastante passivo, eles buscam seus alimentos que surgem em abundancia nos recifes de corais e dificilmente gastam energia em ataques para se alimentarem. Isso parece ser contraditório com o que acontece no Recife, pois devorar homens requer um grande emprego de energia no ataque.


Porque então os Tubarões atacam os banhistas?


No mesmo documentário Wabba repara que as praias de Cuba, com águas claras tem grande abundância de peixes pequenos, carcaças e outros alimentos passivos para os tubarões. Já no Recife, a poluição despejada nas praias através dos poluídos rios, tornou as águas turvas, e dizimou muito a presença de peixes e outros alimentos passivos para os Carcharhinus leucas. A escassez desse alimento fez com que o animal saísse de sua zona de conforto para atacar os banhistas. Essa passou a ser a única opção.


Leucas Swimming "Tubarão Cabeça Chata" em águas poluídas de Recife - Brasil
Poluir os rios das grandes cidades é sem duvida a pratica menos inteligente que a administração publica e a iniciativa privada podem fazer. Pode-se dizer que quem o faz, não difere de alguém que defeca na porta de sua própria casa.

Pior ainda, ao comprometer a já escassa reserva de água doce no planeta, o homem cria a ele mesmo o problema adicional da falta de água e compromete a geração de energia hidroelétrica (vide o problema dos paulistanos com crise no sistema Cantareira).

Porque então continuamos a cometer esse erro tão crasso?

Simplesmente porque investir dinheiro publico em saneamento básico não da voto. Some-se a isso a corrupção em todos os níveis de administração que compromete essas obras que custam muito caro e demoram demais para serem concluídas. A quantidade de doenças causadas devido a esta falta de saneamento básico é enorme e acaba afetando a educação, pois crianças mais doentes faltam às aulas.

A criança com déficit de educação se transforma no adulto com deficiência de percepção ambiental, e esse o ciclo tende a continuar até que algo mais dramático ocorra.

É uma pena que grande parte dos políticos não peguem onda em Recife, pois o ataque de tubarão a um deles seria a melhor forma de fechar esse ciclo, e quem sabe a comoção levaria a uma revisão em seus conceitos, e ao fim do péssimo habito brasileiro de poluir os rios de quase todos os nossos centros urbanos.


Os Heróis Bruzundanga , n. 2 - o herói brasileiro 'Assum Preto', um sensível e violento 'cangaceiro', cansado de ser enganado, pega um político corrupto pelo colarinho e decide fazer justiça com as próprias mãos.
Enquanto uma besta brasileira não nos vinga dessa classe tão desgastada (políticos corruptos), o personagem Assum Preto, o cangaceiro sensível e violento da saga Heróis da Bruzundanga parece ser nossa única opção -Rsrs.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Revista de Antropofagia - Edição Atual

As vésperas da copa, quando o sentimento de orgulho pelo nosso país conflita com a dor de ver nossas instituições mal administradas, o povo faz das manifestações suas melhores ferramentas.

Nesse intuito AME O BRASIL decide fazer a manifestação reescrevendo o...

MANIFESTO ANTROPOFAGICO

Perguntei a um político o que fazer com o dinheiro publico. Ele me respondeu que esse dinheiro deveria ser usado para pagar seus altos salários e suas mordomias. Comi-o.

E quanto aos Exmos. senhores Políticos ‘Mamungára’*

 ‘Xe moaîu-marangatu, Xe moyrô-etê-katû-abo, aipo t-ekó-pysasu’**

Você se acha ‘ikirimáua’***, mas é um idiota,

Quando os comemos, percebemos que é contrário à nossa dignidade de homem obedecer a leis injustas. Quando os comemos, percebemos que nenhuma tirania pode escravizar-nos.

Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império.

A favor do Cacique Juruna, que vestido com a roupa do homem, fez valer sua palavra sobre a dos Exmos. senhores Políticos ‘Mamungára’

Alem de ser escravo de sua própria corrupção, o dinheiro desviado que enche sua cueca é a mesma verba que falta na conservação de seu tumulo, deixa pobre seu filho e seu neto e por fim, amaldiçoa sua imagem no futuro que virá.

Mas nunca admitimos o nascimento da lógica entre nós, a sabedoria é fenômeno recente entre os homes – anos levarão para que dominemos a inteligência como uma onça domina seu instinto.

Se Deus é a consciência do Universo Incriado, Guaraci é a mãe dos viventes. Jaci é a mãe dos vegetais.

Não tivemos especulação. Mas tínhamos adivinhação. Tínhamos Política que é a ciência da distribuição. Haveremos de ter um sistema social-planetário de pós-escassez.

Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.

Tupi, or not tupi that is the question.

Revolução Caraíba. Maior que a Revolução Francesa.

Contra Anchieta cantando as onze mil virgens do céu, na terra de Iracema, – o patriarca João Ramalho fundador de São Paulo.

A nossa independência ainda não foi proclamada. Frape típica de João Alves questionado numa CPI, em 1993, sobre o seu incrível enriquecimento: - “Fácil. Ganhei tudo na loteria. Ganhei 123 vezes nos últimos dois anos”. Devoremos essa dinastia. É preciso fazer a digestão de tais exemplos para cagar o homem de bem e a politica dos justos

Digestão que cria a ordem dos Abarebêbê**** — Santos=Dumont, digno homem que nos deu as asas e por elas nada pediu em troca.

Que perdeu a razão por grande amor que teve por Pindorama, pelo mau uso dos pássaros em guerra e pela valorização da dignidade do ser.

Contra a realidade social, vestida e opressora – a realidade sem complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.

#AMEOBRASIL a serviço de OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 460 da Deglutição do Bispo Sardinha." (a essa data Oswald de Andrade alude ironicamente a um episódio da história do Brasil, no qual o naufrágio do navio em que viajava um bispo português, o levasse a ser devorado por índios antropófagos.

* - ‘corrupto’ em Tupi antigo
** - ‘Importuna bem, me deixa muito irado, essa nova lei’ em Tupi antigo
*** - ‘esperto’ em Tupi antigo
**** - Em tupi antigo o homem distinto que voa - o padre voador


Sem a menor intenção de igualar Oswald de Andrade em sua Revista de Antropofagia, Ano 1, No. 1, maio de 1928.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Botoques e Piercings

Revista mensal de moda TUPI POP traz materia especial sobre as ultimas tendências em botoques coloridos, feitos de plexiglass.
Assim que os Portugueses chegaram no Brasil encontraram alguns grupos indígenas que se destacavam pelo uso de grandes discos de madeira nos lábios e nas orelhas, e passaram a ser chamados de Aymorés ou Botocudos (índios que usam o Botoque).

Botoques ou discos labiais, são ornamentos feitos da madeira extraída da árvore "Barriguda" (Bombax ventriculosa). Esses discos são perfeitamente lixados, a madeira é desidratada no fogo ficando leve e esbranquiçada. É comum que o botoque seja pintado com riscos geométricos. Somente os homens esculpiam os botoques, mesmo aqueles usados pelas mulheres. As orelhas das crianças eram furadas aos sete anos de idade, mais ou menos e os lábios um pouco mais tarde. Os botoques implantados inicialmente eram pequenos e aumentavam de tamanho gradativamente.

Os Botocudos não constituíam um grupo indígena único, eram índios de diferentes etnias com algumas características em comum: como o uso dos botoques e o semi-nomadismo. Sobre o genérico nome "botocudo" eram conhecidos os índios das etnias Pojixá, Jiporok, Naknenuk, Nakrehé, Etwet, Krenak, entre outras.
 
Índios Botocudos por Johann Moritz Rugendas, 1822 a 1825
Em 13 de maio de 1808, o príncipe regente dom João assinou uma carta régia mandando “fazer guerra aos índios botocudos”. Os portugueses venceram a guerra, usando pólvora e aço e armas biológicas - roupas e cobertores impregnados de vírus de varíola eram deixados na floresta para uso e contaminação dos índios.Os índios que sobreviviam foram escravizados.

Atualmente todas as populações Aymoré ou dos Botocudos foram dizimadas, exceto seus descendentes Krenak. Os Krenak vivem atualmente no Estado de Minas Gerais e contam 99 indivíduos.
 
os homens mais velhos usam os tradicionais botoques de ‘Árvore Barriguda’ envernizada.
Imaginem agora que a tal carta regia nunca tivesse existido, e os índios Botocudos tivessem feito sobreviver sua cultura, com o uso de seus botoques e piercings até os dias de hoje.

A cultura ‘Tupi Pop’, também chamada de ‘Nova Tupi’, criada neste blog em 2012 http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html celebra o uso de Botoques e Piercings. Jovens desfilam nas ruas com seus lindos botoques coloridos, enquanto que, os homens mais velhos usam os tradicionais botoques de ‘Árvore Barriguda’ envernizada.
 

O "piercing janela" é um disco de plexiglas embutido no lábio inferior e na bochecha para que se possa ver o interior da boca e a linha da gengiva - http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html
Revistas de moda, como a TUPI POP, lançam as ultimas novidades em botoques feitos de plexiglass transparente, ou com estampas criativas.


Quem sabe podemos enaltecer o orgulho de sermos brasileiros, talvez nos próximos anos a moda urbana inclua as pinturas nos rostos de nossos jovens, ou mesmo pinturas corporais tal como as mostradas no Spa Pihin (Spa Pihin – foi uma outra idéia de valorização da cultura indígenaatravés da criação de um Spa que faz uso de técnicas de cuidado e carinho com ocorpo através da s pinturas com e ervas especiais – Pihin, palavra do Tupiantigo que significa ‘Pintura Corporal) tal como ainda se faz em reservas isoladas, ou tribos ainda existentes.

domingo, 13 de abril de 2014

Sateré Mawé – Inventores do Guaraná e do ritual das Tocandiras

India da etnia Sateré Mauwé fazendo o ritual da Tocandira, alegoria do guaraná 

Em novmeb4o de 2013, Atwãma, uma menina da etnia Sateré-Mawé de apenas de 15 anos de idade, participou do Ritual da Tocandira, a aceitação de mulheres no ritual tem sido comum nos últimos três anos na aldeia Sahu-Apé. É que o ritual, embora tradicionalmente masculino, se expandiu para outros gêneros e até pessoas que não é indígena pode participar.
Os rituais de passagem da puberdade são acontecimentos marcados com rituais de extremo valor na comunidade. Os homens são submetidos à prova das formigas tocandira ou tucandeira - são instigados a colocar a mão em uma luva de palha trançada infestada de formigas tucandeira, e aguentá-las durante pelo menos 15 minutos, enquanto todos os índios dançam ao redor em uma música em língua local.4 Em seguida, a luva é repassada ao índio do lado (que também deve aguentar os 15 minutos), e assim por diante, até passar por todos os adolescentes que estão a ingressar em vida adulta. Durante o ritual os adolecentes ficam com suas mãos inchadas seguidos de vários efeitos consecutivos, como febre, câimbra, vermelhidão nos olhos, etc.

Sateré - quer dizer "lagarta de fogo", referência ao clã mais importante dentre os que compõem esta sociedade, aquele que indica tradicionalmente a linha sucessória dos chefes políticos. O segundo nome - Mawé - quer dizer "papagaio inteligente e curioso".
 
Toy art de indigena com pintura dos Sateré Mawé - Ritual da Tocandira
A língua Sateré-Mawé integra o tronco lingüístico Tupi. Segundo o etnógrafo Curt Nimuendaju (1948), ela difere do Guarani-Tupinambá. Os pronomes concordam perfeitamente com a língua Curuaya-Munduruku, e a gramática, ao que tudo indica, é tupi. O vocabulário mawé contém elementos completamente estranhos ao Tupi, mas não pode ser relacionado a nenhuma outra família lingüística. Desde o século XVIII, seu repertório incorporou numerosas palavras da língua geral.

Os homens atualmente são bilíngües, falando o Sateré-Mawé e o português, mas a maioria das mulheres, apesar de três séculos de contato com os brancos, só fala a língua Sateré-Mawé.

Os Sateré-Mawé domesticaram guaraná,  criaram o processo de beneficiamento da planta. A primeira descrição do guaraná e do processo para exgrair seu sumo data de 1669, ano do primeiro contato o homem branco.

O padre João Felipe Betendorf descreve, em seu relato de 1669 - "tem os Andirazes em seus matos uma frutinha que chamam guaraná, a qual secam e depois pisam, fazendo dela umas bolas, que estimam como os brancos o seu ouro, e desfeitas com uma pedrinha, com que as vão roçando, e em uma cuia de água bebida, dá tão grandes forças, que indo os índios à caça, um dia até o outro não têm fome, além do que faz urinar, tira febres e dores de cabeça e cãibras".

O antropólogo Anthony Henman descreve o uso da bebida no ritual das Tocandiras: "Essas práticas são essencialmente as mesmas em todas as circunstâncias, tanto se o çapó for preparado para o círculo familiar mais íntimo, ou para um encontro de todos os homens adultos durante uma festa ou reunião política. Cabe à mulher do anfitrião ralar o guaraná, operação feita com uma língua de pirarucu ou uma pedra lisa e quadrada de basalto. Uma cuia aberta da espécie Crescentia cujete é colocada em cima de um suporte chamado patauí e enchida de água até um quarto do seu volume total. A ação de 'ralar' o guaraná molhado não busca a transformação do bastão em pó, como ocorre com o guaraná seco.

Antes, trabalha-se o guaraná para que se forme uma baba, uma viscosidade que adere ao ralo e ao pedaço do bastão em uso, sendo dissolvida n'água mediante a periódica submersão dos dedos da raladora.

Depois de preparado, o çapó é de novo diluído com água guardada ao lado da "dona" do guaraná em uma cabaça da espécie Lagenaria siceraria. A cuia, já a essas alturas cheia até um pouco mais da metade de çapó, e entregue pela mulher ao seu marido, que toma apenas um pequeno gole antes de passá-la aos outros presente, normalmente prestigiando os mais velhos ou alguns visitantes importantes, se os houver. Daí em diante, a cuia passa de mão em mão observando a proximidade física dos participantes, e não um rígido esquema de hierarquia, sendo acompanhado durante as sessões noturnas por um grande cigarro de tabaco enrolado numa casca de árvore. O nome tauarí indica tanto o cigarro feito, como a casca e a própria árvore (Couratari tauary).

Nem sempre a cuia e o tauarí fazem uma volta circular, sendo mais comum que passem em uma linha reta de um participante ao próximo, voltando pela mesma linha até chegar de novo nas mãos do dono. Quando são muitas as pessoas presentes, observa-se a formação de duas ou mais linhas deste tipo, já que uma só cuia raramente é tomada por mais de oito ou dez pessoas. O participante que não tiver muita vontade de tomar guaraná não irá rechaçar a oferta da cuia, mas manterá as formalidades, bebendo um golinho mínimo para não ofender o anfitrião. Outro detalhe importante é que ninguém acaba a bebida que tiver na cuia, e mesmo se receber uma quantidade mínima, cuidará de deixar sempre um resquício para devolver ao dono. Só este é que tem o direito de encerrar formalmente a sessão de çapó; o que ele pode fazer pessoalmente, ou passando o restinho para um membro de sua família, acompanhado pela frase wai'pó ("olha o rabo").

Durante o intervalo em que a cuia circula entre as pessoas presentes, a mulher do anfitrião continuará esfregando o pedaço de guaraná contra o ralo, juntando uma baba que será prontamente dissolvida na água assim que a cuia voltar às suas mãos. Cabe observar que cada sessão da çapó tem várias rodadas da bebida, ou seja, a mulher do dono da casa (ou sua filha, ou sua neta) irá preparar várias cuias de çapó conforme a disposição dos visitantes e familiares para tomar çapó e conversar.
O çapó é a bebida que os Sateré-Mawé utilizam durante seus resguardos. As mulheres durante a menstruação, gravidez, pós-parto e luto e os homens na Festa da Tocandeira, no luto e quando acompanham suas mulheres durante o resguardo do pós-parto.

Pode-se dizer que é durante o fábrico, termo regional também utilizado pelos Sateré-Mawé para indicar as várias etapas do beneficiamento do guaraná, que a vida social se intensifica. A partir do que observamos, o fábrico potencializa ao máximo a maneira de ser desta sociedade, trazendo para a vida social cotidiana toda uma gama de fenômenos que se encontram ocultos ou obscuros em outras épocas do ano. É um período que se renova a cada ano com a chegada da colheita do guaraná, permitindo aos Sateré-Mawé comungarem com sua gênese mítica, revigorando-se etnicamente.
Formiga Tocandira 


O ritual da Tocandira coincide com a época do fábrico e dura aproximadamente 20 dias. Os índios referem-se a este ritual como "meter a mão na luva", também conhecido pelos regionais como "Festa da Tocandira". Trata-se de um rito de passagem - onde os meninos tornam-se homens - de extraordinária importância para os Sateré-Mawé, com cantos de exaltação lírica para o trabalho e o amor, e cantos épicos ligados às guerras. As luvas utilizadas durante este ritual são tecidas em palha pintada com jenipapo, e adornadas com penas de arara e gavião; nelas, o iniciado enfia a mão para ser ferroado por dezenas de formigas Tocandiras (Paraponera clavata).

domingo, 12 de janeiro de 2014

Aulas de Tupi - 'Sonho de Policarpo Quaresma' em Estilo 'Nova Tupi'

Lição n. 1 - Peró o îepotar - Arte em estilo 'Nova Tupi' de Luiz Pagano - idealizador do estilo
Escrevi este artigo sobre nossa língua original apos ter recebido alguns e-mails pedindo aulas de Tupi Antigo.

Ilustrei com quadros em estilo ‘Nova Tupi’
http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html de Luiz Pagano, idealizador desse estilo artístico que se caracteriza por ter elementos brasileiros originais, como se a influência Tupi tivesse evoluído como cultura predominante brasileira, com muito pouca interferência da cultura portuguesa e de outros imigrantes em nossa terra.

A língua indígena clássica do Brasil que teve fundamental importância para a construção de nossa identidade. Foi aprendida pelos colonizadores portugueses que aí aportaram a partir desse século e, por intermédio deles e de seus descendentes mestiços e os bandeirantes.

O Tupi antigo chegou a ser o idioma oficial da elite colonial Brasileira, e foi proibida por decreto, expedido pelo Marques de Pombal no ano de 1758 http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html

Segundo o cronista Pero Magalhães de Gândavo (1540 a 1580) antes do tal decreto este idioma foi falado desde o Pará até o sul do país, com algumas variantes dialetais.

Grande parte do material para estudo que nos chega foi trazido pelo padre José de Anchieta (San Cristóbal de La Laguna, 19 de março de 1534 — Reritiba, 9 de junho de 1597) em seu livro intitulado A Gramática de Anchieta (1595)

Segundo ele, o Tupi (também chamado de Tupi Antigo) era falado na Capitania de São Vicente, no planalto de Piratininga e em trechos do atual estado de São Paulo. O Tupi era uma variante dialetal do Tupinambá, que era falado na porção maior da costa brasileira.

O Tupi Antigo

O aprendizado de Tupi Antigo é uma tarefa de grande dificuldade, pois os cursos e livros sobre o assunto muitas vezes é feito sem bases em estudos sérios. ensinam Nheengatu da Amazônia como se fosse Tupi Antigo, com elementos do Guarani Paraguaio. Tudo isso mais confunde os alunos que os ensina. Ora, estudar Tupi Antigo exige a mesma seriedade científica que exige o estudo de qualquer outro idioma. Assim, antes de tudo, é importante que certos conceitos fiquem bem claros para quem começa a estudar essa língua.

Adotei o livro Método Moderno de Tupi Antigo, de Eduardo de Almeida Navarro por ser o mais serio e científico estudo desse idioma

Vale observar as variantes dos grupos lingüísticos faldos no Brasil com referência ao Tupi Antigo:

LÍNGUA GERAL – Foi uma língua surgida da evolução do Tupi Antigo, a partir da segunda metade do século XVII, quando, então, era falada por todos os membros do sistema colonial brasileiro: negros, brancos, índios tupis e não tupis, mestiços.

TUPI-GUARANI – não é uma língua, mas uma família de mais de vinte línguas. Inclui o Tapirapé, o Wayampi, o Kamayurá, o Guarani (com seus dialetos), o Parintintin, o Xetá, o Tupi Antigo, etc. Existem línguas Tupi-Guarani, não o Tupi-Guarani. Dessas, o Tupi Antigo é a que foi estudada primeiro e a que mais influenciou a formação da cultura brasileira.

NHEENGATU – é uma língua da Amazônia, uma evolução da língua geral, falada por caboclos no vale do Rio Negro, na Amazônia. É uma fase atual do desenvolvimento histórico do Tupi Antigo, mas não é o Tupi Antigo.

TUPI MODERNO – é o nome que alguns dão ao Nheengatu da Amazônia ou, ainda, a certas línguas faladas da família Tupi-Guarani. Não é a língua que Anchieta estudou, mas uma evolução dela.
O Tupi Antigo continua presente no cotidiano dos brasileiros através de vários nomes de cidades, na geografia brasileira, nas denominações de animais e plantas nativas do Brasil.

As palavras em Tupi Antigo muitas vezes são descrições das coisas a que se referem, envolvendo uma explicação inteira. Cada palavra pode ser uma verdadeira frase.

Decifrar o significado das palavras requer, muitas vezes, uma visita ao local a que se refere o termo. Um exemplo disso é o topônimo Paranapiacaba = paraná + epiak + -(s)aba, "mar" + "ver" + "lugar" = "lugar de onde se vê o mar", que se refere a um ponto da Serra do Mar onde se pode avistar o mar.

A língua tupi é aglutinante, não possui artigos (assim como o latim) e não flexiona nem em gênero nem em número.

Chave da pronúncia do tupi antigo

A seguir veja os fonemas do Tupi Antigo assim como suas variantes alofones (variante fonética de um fonema – ex. O fonema ‘t’ [te] pode ter as seguintes variações  [tiu], [tch], etc.)

VOGAIS:


A: Como no portugues mala, bala, - ka’a - mata;

E: Com timbre aberto pé, rapé - ere-ker - (tu) dormes;

I:  Como no português caqui, dia itá - pedra;

O: Com o timbre aberto avó, nódoa, farol - "a-só" (leia assó) - (eu) vou;
oka - (leia "óca") - casa

U: Como no Português upaba - lago;

Y: Um fonema que não existe na língua Portuguesa, mas tem o mesmo som do ‘Y’ em Russo. É uma vogal intermediária entre o ‘u’e ‘i’’, pzra falar este som deve-se colocar a língua na posição para pronunciar o ‘u’ e os lábio para pronunciar o ‘i’.

As vogais ditas tem as seguintes variações Alofones:

ã – Com som nasal - como no português maçã – marã – maldade;

ẽ - Com som nasal - moka’ẽ - moquear, assar o churrasco;

ĩ – Com som nasal - potĩ – Camarão;

õ – Com som nasal - potyrõ – Trabalhar em Grupo;

ũ – Com som nasal – irũ – companheiro;

ỹ - Com som nasal - ybỹîa – parte interior, oco, vão;

CONSOANTES:

‘/’ - O sinal (‘) ou (’) representa consoante oclusiva glotal, que não existem em português, do alfabeto fonético internacional é o (ʔ) – ka’a (ka’ʔa) – floresta;

b  - Pronuncia-se como o v castelhano – abá – (a’βa) homem;

î  - Como no português lei, dói – îuka – matar;

nh – É um alofone de î , como no protugues ganhar, banha, rainha – nhandu’i aranha;

k – Como o q em português antes do a, o ou u, casa, colo – îuka – matar;

m (ou mb) – Como em português mar, mel ambos, samba – momorang – embelezar. Em mb o b é oclusivo, devendo encostar os lábios ao pronunciar. Mba’e – coisa;

n (ou nd) – Como em português nada, andar – nupã – castigar. Em nd, que é seu alofone, também temos uma consoante nasal oralizada, (começa como nasal e termina como oral) nde – tu, amã’ndykyra – gotas de chuva;

ng - Como no inglês thing, nhe’eng – falar;

p – Como no português pé, porta – potar – querer;

r – É sempre brando, como no português, aranha - paranã – mar;

s – Como no português assunto, pedaço – sema – saída;

t – Como no português matar, tato – tukura – gafanhoto;

û – Como a semi-volgal u do português. No inicio da palavra pode ser pronunciado como gû: ûyra ou gûyra – pássaro;

x – Como o ch ou o x como chácara, chapeu – ixé – eu;
 
Lição n. 1 - Peró o îepotar - Arte em estilo 'Nova Tupi' de Luiz Pagano - idealizador do estilo
Lição 1 – Chegaram o portugueses

Peró o-îepotar. Peró-etá ‘y kûa-pe o-só.
Os portugueses chegaram. Muitos portugueses para a enseada do rio se foram.

Abá ‘y kûa-pé o-îkó.  Peró-etá ygar-usu pupé o-pytá.
Os índios na enseada do rio estão. Muitos portugueses dentro dos navios ficaram.

Peró Ygara suí o-sem. Abá o-syk.   Abá peró supé o-nhe’eng.
Os portugueses da canoa saem. Os índios achegam-se. Os índios aos portugueses falam.

Abá-etá o-sykyîé.
Muitos índios tem medo.

(perguntaram a um português:)
-Abá-pe endé? Mamõ-pe ere-îkobé?
- Quem (és) tu? Mamõ-pe ere-îkobé?

Vocabulário

Abá – índio (em oposição ao europeu)
          Homem (em oposição a mulher)
          Ser humano (em oposição a animal irracional)

Kûa – enseada, baía

‘y kûa – enseada do rio, onde deságua o rio

peró – português (era um nome próprio muito comum entre os portugueses do século XVI;

‘y – água, rio

ygara – canoa

ygar-usu – navio

îepotar – chegar por mar ou por rio

ikó – estar

ikobé – viver

nhe’eng – falar (rege a posposição supé para, a)

pytá – ficar

sem – sair

só – ir

syk – achegar-se, aproximar-se

sykyîe – ter medo, temer

outras categorias

abá-pe – (inter.) quem?

Endé – (pron.pes.) – tu

Etá – (indef.) muitos (as)


Mamõ-pe? (inter.) onde?

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