quarta-feira, 22 de julho de 2020

Avenida Paulista antes e hoje

Casarões da Av Paulista 1902 - reconstituição colonizada da clássica foto de Guilherme Gaensly, tomada da torre da casa n.91 de Adam Von Büllow com o Pico do Jaraguá ao fundo
A Avenida Paulista, principal arena cultural e econômica da cidade de São Paulo dos dias de hoje, teve importância relativamente igual para os povos brasileiros ancestrais. A chamada floresta do Ka’á Guatá, nome em lingua Tupi-Antiga para se referir a “A Grande Mata” que recobria todo o cume do espigão montanhoso de 800 milhões de anos, é a estrutura de granito que forma o sitio de São Paulo de Piratininga. Hoje, com bem menos cobertura verde, deixa passar as avenidas Paulista, Doutor Arnaldo e Cerro Corá.

Se o menor Triângulo Histórico que se eleva dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, apontado para a antiga montanha sagrada do Inhapuambuçú (hoje aterrada) é tido como o centro arqueológico e geográfico da America do Sul (veja artigo https://ameobrasil.blogspot.com/2020/07/triangulo-historico-de-sao-paulo-o.html ) a mata do Ka’á Guatá formada no topo do grande triângulo dos rios Tietê e Pinheiros, tendo como montanha sagarada o Pico do Jaraguá (Tupi-Antigo - Yara Guá – O Senhor do Vale) era o principal repositório de vida e energia, seja por suas várias nascentes, ou por sua capacidade de fornecer caça e pesca abundante e variada. Lá nasciam os vários rios e córregos que alimentam o rio Tietê, conhecido pelos Tupiniquim como a Mãe Virtuosa, (do Tupi Antigo - Sy eté - lit “a mãe que tudo provê”).
Espigão da Paulista, a mata do Ka’á Guatá formada no cume do grande triângulo, formação geológica de 800 milhões de anos alimenta os rios Tietê e Pinheiros com os córregos que dela nascem nascem, tinha importância vital para a dinâmica dos Tupiniquim.
O livro de Marco Antonio Veras, ‘João Ramalho o pioneiro povoador’ nos dá um relato da vida cotidiana de João Ramalho e Tibiriçã “Depois da dança, a comilança, caças assadas, beijus, mingaus, frutas. Tudo acompanhado de goles de cauim, muita risada e alegria. Com todo esse cerimonial complicado, casaram João Ramalho e M’Byci (Flôr de Árvore - Bartira ou Potira), ou Potira, a flor do sertão. João Passou a vivier na oca principal, a do chefe da aldeia Tibiriçá, agora seu sogro. A vida voltou a rotina, o moço gostava de acompanhar os guerreiros em suas caçadas e pescarias. Frequentemente visitavam outras aldeias do mesmo povo Guaianá, eram muitas para chegar até elas, desciam o rio próximo à taba, que se chamava Tamanduateí, na desembocadura deste, em um rio bem maior, que chamavam de Tietê, subiam ou desciam conforme o local que queriam visitar. A quantidade de animais silvestres que viviam nos campos próximos a esses rios, os peixes que viviam nessas águas, impressionavam a João, acostumado aos poucos peixes de rios de clima temperado, de sua terra”.
Antigo trecho inicial da Avenida Paulista, da rua Minas Gerais, até a rua Augusta de hoje - com a troca de numeração, esse trecho passou a ser o fim da av. Paulista, que,  conforme conhecimento popular, diz se assemelhar ao casamento, que começa no Paraíso e termina na Consolação

Infelizmente, os únicos 'índios' que restam hoje na densa mata do Ka’á Guatá são os pintados na tela do artista italiano Agostino Brunias (c. 1780) em exposição no MASP. A obra que fora doada em 1951 por João Doria (pai) com algumas atribuições erróneas, foi reavaliada e desmentida no ano de 2015. Doria acreditava que o quadro fosse de Jean-Baptiste Debret e que os indígenas fossem do Brasil, no entanto  mediante reconsiderações de especialistas, a pintura foi devidamente atribuída a Brunias, pintor inglês de origem italiana que morou no Caribe, local onde pintou bem o que conhecia, cenas de uma população miscigenada, entretida em atividade cotidianas, aparentemente um picnic (veja ilustração em imagem bem abaixo).

Manancial

Mesmo tendo perdido muito de sua cobertura verde, o espigão central ainda é responsável pelo nascimento de de diversos corregos e rios. Na face norte nasce o córrego  Fortunato Ferraz cuja nascente se localiza perto do Poelezão, na Vila Leopoldina, o Córrego Tiburtino que nasce na Cerro Corá, o Corrego da Água Preta (Heitor Penteado), Sumaré e Saracura, que nascem em lugar proximo ao MASP e corre por toda extensão da 9 de Julho, desaguando no Córrego do Anhangabaú, o sagrado rio dos Tupiniquim, ambos poluídos e canalizados, e o rio Itororó, que tem sua nascente nas dependências do Hospital Beneficência Portuguesa - como ja foi dito, todos eles correm em direção ao Rio Tietê.
No antigo começo da Avenida Paulista existia uma obra que era dividida entre o amor e ódio pelos paulistanos, o Monumento a Olavo Bilac, construído pelo movimento 11 de Agosto da Escola de Direito do largo de S. Francisco, tinha obvias inclinações políticas. A figura de Olavo Bilac parecia estar coordenado o transito, as estatuas auxiliares que pecava pela arrogância do artista escultor William Zadig, que pobremente tentava se igualar a Rodin, tinha seu ponto mais polemico com a estatua do 'Beijo Eterno' - a partir daí vemos as casa de n. 01 do lado esquerdo e 2 do lado direito, que pertenciam respectivamente a Antonio e Thereza Rolim de Oliveira, (Antonio era membro do movimento que colocou a estatua no começo da Paulista). A casa de n. 7 pertenceu a Antonio Pereira Inácio, O Colégio Anglo-Brasileiro, ocupava o lote de n. 17, que hoje dá espaço ao colégio São Luiz, a igreja Jesuíta de São Luis Gonzaga só ficou pronta no ano de  1935. Do do lado par temos ainda as casa de n.6 de Antenor Camargo Penteado, n. 8 de Taufik Camasmie, que sobreviveu em mal estado de conservação, exibindo outdoors de frente a rua da Consolação, foi demolida na década de 1980 nas obras de construção do Metrô Consolação, e a casa de n. 46 que pertenceu a Horacio Belford Sabino, cuja o enorme terreno serviu para a construção do Conjunto Nacional.
Na face sul temos o Corrego Belini e o Corrego das Corujas que nascem proximo à Praça do Por do Sol, o corrego Verde, o Corrego iguatemi que Nasce na José Maria Lisboa, esquina com a Alameda Franca e desce pela 9 de julho e Artur Ramos em direção ao Pinheiros, o Corrego do Sapateiro que nasce no Paraíso, passa pelo parque do Ibirapuera e corre pela Juscelino Kubistscheck – da mesma forma, todos esses correm pela bacia hidrográfica do Rio Pinheiros e para ele correm.
O Monumento a Olavo Bilac foi retirado e espalhado pela cidade - o Beijo eterno esta na frente da Escola de Direito do Largo de São Francisco. ,a casa de n. 01 deu lugar a un estacionamento e a de n. 2 virou praça. 

Nos primeiros anos de colonização, encontramos varias menções a esses rios e corregos ao dar referência aos chafarizes públicos, as bicas e as fontes que abasteciam a cidade, destacam-se a Bica do Moringuinho, próxima à atual Rua Jaceguai, e a Bica do Acu, nascente que existiu no cruzamento da Rua Brigadeiro Tobias com a Rua Santa Efigênia.

O Hospital Santa Catarina e o quarteirão Final da Paulista, (hoje o início dela) 
A Rua Jaceguai teve origem num caminho que conduzia a essa bica cruzando ao vale. Outra nascente bem conhecida ficava no local onde hoje está a Praça Carlos Gomes. Era a Bica de Baixo.

Da Mata ao Loteamento

Nos anos de 1700~1800 o espigão central era ocupado pela chamada Chácara do Capão, (do Tupi-Antigo - Ka’á Y’pa’un, ilha de matas, lugar com grande concentração vegetal) composta por diversas propriedades de terra ligadas por outras trilhas e caminhos abertos para conduzir boiadas, dentre eles a rua principal, chamada de Rua Real Grandeza, nome dado ao percurso que hoje corresponde à av Paulista.
Um dos passeio mais legais das classes ascendentes nos anos 50 era ir até a avenida Paulista de carro, chegar até o fim da avenida, no bairro do Paraíso e abastecer no Posto de Gasolina Atlantic. Antes do posto ficar nesse local era a casa do Comendador João Fraccaroli empresário do ramo de hotelaria em Santos. Nos anos 20 a Standard Oil ganhou uma concessão para colocação de uma bomba de combustível na região da praça, o Hospital Santa Catarina, de 1904 foi ampliando cada vez mais até sua ultima reforma no ano de 1993, quando também inaugurou um pequeno museu com peças de sua história,

A partir do desejo dos abastados paulistas em expandir na cidade em novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios, o engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima e o Dr. Clementino de Souza e Castro, que na época era presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo (atual cargo de prefeito), tiveram a visão de fazer nessa região o maior e mais importante empreendimento imobíliário de São Paulo.
A casa de n. 117 de Elias Calfat é hoje o Centro Empresarial G. V. no numero 542. a casa de numero 142 pertenceu a Arthur Guimarães, onde hoje fica o Cond Edifício Barão do Rio Branco, n. 575, o  Instituto Pasteur foi fundado por iniciativa privada em 5 de agosto de 1903 como uma instituição particular e altruística e por fim, a casa das Rosas, uma das 4 casas que restam até os dias de hoje.

Eles mesmos já possuiam muita terra na região, no entanto, algumas aquisições ainda precisaram ser feitas, começaram por adquirir dois lotes de terra na rua Real Grandeza, prorpiedade de José Coelho Pamplona e Maria José Paim Pamplona, registrada no dia 15 de fevereiro de 1890 por rs 10:000$000 (super unidade monetária adotada na época da grand inflação de 1860 a 1940, pronuncia-se dez contos de réis) no bairro da Bela Sintra, na freguesia da Consolação, trecho que vinha da Consolação e descia pela rua Itapeva, até a rua Paim dos dias de hoje, depois disso, nos dias 10 e 22 de março de 1890 adiquiriam mais alguns lotes de João Pinto Gonçalves e Randolfo Margarido da Silva ao redor da mesma rua, a importante rua Real Grandeza.
Esse mapa resume a evolução imobiliária da av. Paulista dos anos 30 até hoje, repare que ocupação quase que 100% habitacional deu lugar a diversas atividades econômicas e sociais.

Assim seguiram comprando, adiquriram algumas dezenas de lotes até que em menos de dois anos, já tinham toda área necessária para o dar início ao empreendimento, que ia da atual Rua Minas Gerais, em Higienópolis até o bairro do Paraíso, com lotes numerdados que iam de 1 a 200 (mais tarde veremos que o sentido numérico da avenida mudou, passou a iniciar-se no Paraíso com fim na rua da Consolação).

No dia 8 de dezembro de 1891 a Avenida Paulista foi inaugurada.

Casarões 
Trecho entre a Alameda Casa Branca e Al Campinas, na foto de baixo a esquerda, vemos uma reconstituição do que seria uma clareira na mata do Ka'á Guatá em meio a bicada principal, com um acampamento de nativos - essa trilha mais tarde viria a se chamar Rua Real Grandeza, que por sua vez se transformaria na atua Avenida Paulista.
Um dos passeio mais legais das classes ascendentes nos anos 20~50 era ir até a avenida Pluista de carro, iniciar na estatua de Olavo Bilac, seguir até o fim da avenida, no bairro do Paraíso, abastecer no Posto de Gasolina Atlantic que ficava na Praça Oswaldo Cruz e regressar vendo, com a família, casa por casa.
Casarões do trecho que corresponde a Alameda Campinas à Pamplona, casas de número 112 de Otto Weisflog, hoje agência do Banco Safra n. 1063 - , número 110 casa de Thomas Muir serviu como residência oficial do consul da Alemanha, hoje dá lugar ao Edificio João Salem 1079; Casa de n. 108 de Francisco Alberto Pereira, hoje deu lugar ao prédio do Citibank.

A avenida seguia padrões urbanísticos relativamente novos para a época, seus palacetes possuíam regras de implantação, como conjunto, nos memsmos moldes dos Alphavilles que viriam depois nos anos de 1970~80.
A casa número 98, do Sr, Nagib Salem, que tinha comércio de tecidos e armarinho na rua 25 de março, deu lugar hoje ao número 1313, o famoso e importante prédio da FIESP, onde empresários manifestam seus interesses; A casa de n 89 do Sr. José Borges de Figueiredo, um dos sócios do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima que o ajudou na aquisição de chácaras da região. Em um desses terrenos, mandou erguer, em 1897, sua residência, hoje dá lugar ao Edifício Paulista no número 1100
Os novos palacetes incorporavam os elementos da arquitetura eclética, fazendo da avenida uma espécie de museu de estilos arquitetônicos de períodos e lugares diversos, foi a primeira via pública a ser asfaltada em São Paulo no ano de 1909, com material importado da Alemanha, uma novidade até na Europa e nos Estados Unidos.

Antes dos automóveis e bondes elétricos, a avenida teve problemas com poluição. Logo depois da inauguração vieram à tona leis que desviavam o tráfego de muares e animais de carga devido ao grande volume de esterco depositado na via carroçável, cena completamente incompatível com a elite  que pagou alto para ter padrão de vida luxuoso - o poder público não dava conta de limpar todo aquele esterco, foi então que tiveram a idéia de desviar o transito pela ladeira da alameda Santos e o excremento rolava ladeira abaixo.

Esse perfil estritamente residencial da avenida permaneceu até meados da década de 1950, quando o desenvolvimento econômico da cidade levou os novos empreendimentos comerciais e de serviços para regiões afastadas do seu centro histórico.

Casarões que ainda sobrevivem
Ainda restam 4 casarões

Em julho de 2013 com a demolição do Casarão da década de 1960 que ficava no numero 1373 entre a Pamplona e a Casa Branca, restaram apenas 4 das casas residenciais da antiga Paulista:

-A casa numero 1919 de Joaquim Franco de Melo, construída em 1905 já foi alugada para vários fins, o mais legal deles foi o Espaço Odeon do empresário Arnaldo Waligora em meados dos anos 1990. Em 2019, mais um passo rumo ao fim do litígio que já dura mais de 20 anos entre a família e o CONDEPHAT foi dado a favor da família. Em péssimo estado de conservação, periga ir para as mãos da secretaria da cultura;

-Conhecido pela decoração natalina, o casarão em estilo neoclássico de número número 1811, que já foi uma agencia do Bank Boston e Banco Itaú, tem encantado agências de publicidade, seus clientes e, principalmente, os visitantes, que finalmente tem a oportunidade de conhecer esta maravilhosa casa por dentro;

-A casa de n. 709 da família Sadocco, foi a primeira a alugar para fins de entretenimento, o McDonald's dos anos 1990. Depois disso passou a ser a Agencia 1784-Bela Paulista do Banco Santander;

-A casa das Rosas, n. 37, tombada em 1985 pelo CONDEPHAT, é hoje o Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Casa de estilo francês quw pertenceu a filha de Francisco de Paula Ramos de Azevedo e o casarão mais famoso e visitado da Paulista.

O Primeiro Prédio
Casarões entre a Augusta e a Frei Caneca dão lugar ao primeiro prédio da Paulista
Acreditava-se que o primeiro prédio da Av paulista fosse o Edifício Anchieta, no atual número 2584 de 1941 mas conforme pesquisa de José Vignoli, descobriu-se que o Prédio Avenida, chegou antes.

Construido antes de serem permitidos prédios na avenida pela Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937, o Prédio Avenida surgiu no espaço das casas de número 37, 39 de Nahar Soubhia e do número 41 de Gabriela Dumont Villares. Infelismente o predio foi demolido no início da decada de 1970 para a onstrução do Edificio Avenida, que posteriormente, recebeu o número 2000 da Avenida Paulista, com projeto de Mauricio Kogan de 1975 foi inagurado em julho de 1979.
Construido antes de serem permitidos prédios na avenida, que só ocorreu depois da Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937, o Prédio Avenida surgiu no espaço das casas de número 37, 39 de Nahar Soubhia e do número 41 de Gabriela Dumont Villares. a casa de n. 45 de Rodolfo Crespi dá lugar ao so prédios da Caixa Economica Federal, Cetenco Plaza (em mediações) no numero 1842, seu vizinho, Herculano de Almeida Prado, n. 51 é hoje o Banco Central do Brasil, no n. 1804, a frente a casa de numero 52 de Joaquim Franco de Melo, uma das 4 casas que ainda restam na avenida.

O Último Bonde

Para falar do ultimo, temos que mencionar o primeiro, no caso o bonde elétrico da “Light” – São Paulo Tramway, Light & Power Company colocado em operação no ano de3 1900 para substituir  os anteriores, movidos a 'tração animal de burro'. Sua vida foi relativamente curta, no dia 27 de março de 1968 quando uma movimentação pouco usual agitava a capital paulista, o então prefeito municipal dirigia-se junto a uma grande comitiva de políticos, assessores e convidados para um evento de despedida: Aconteceria a última viagem de bondes da Cidade de São Paulo.
Construido antes de serem permitidos prédios na avenida, que só ocorreu depois da Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937, o Prédio Avenida surgiu no espaço das casas de número 37, 39 de Nahar Soubhia e do número 41 de Gabriela Dumont Villares. a casa de n. 45 de Rodolfo Crespi dá lugar ao so prédios da Caixa Economica Federal, Cetenco Plaza no numero 1842, seu vizinho, Herculano de Almeida Prado, n. 51 é hoje o Banco Central do Brasil, no n. 1804, a frente a casa de numero 52 de Joaquim Franco de Melo, uma das 4 casas que ainda restam na avenida.

Tão populista como qualquer outro político, Faria Lima faria da derradeira viagem de bonde, um evento festivo que seria comentado e lembrado por muito tempo. Afinal, lentos, problemáticos e deficitários os bondes não deixariam – naquele momento – saudades na grande maioria da população.

Os bondes foram planejados para serem extintos na gestão do prefeito anterior, Prestes Maia, entretanto dificuldades para a plena substituição do serviço de maneira eficaz atrasaram o projeto para o próximo mandatário.

O último Bonde da Avenida Paulista
Chegada a hora, a festividade agitou a Vila Mariana bem diante do prédio do Instituto Biológico, ponto inicial da então última linha sobrevivente de bondes da cidade, a ˝Instituto Biológico – Santo Amaro˝. Ao todo um cortejo composto de 12 bondes partiria dali até seu ponto final, com eventos previstos nas paradas do Brooklin e Piraquara, com chegada ao fim do trajeto prevista para às 20:00hs.

O Metrô Chega a Paulista

A Linha 2–Verde do Metrô de São Paulo foi a terceira linha construída ( a segunda foi a atual Linha 3–Vermelha) que inicia nas estações Vila Madalena e segue até a Vila Prudente. A linha é também chamada de Linha da Paulista, por percorrer toda a extensão da Avenida Paulista.

As obras da Linha 2 foram iniciadas em 30 de novembro de 1987, sendo o primeiro trecho, localizado sob a Avenida Paulista, construído por meio do método NATM  ( sigla para New Austrian Tunnelling Method - novo método de Tunelamento Austríaco ), o que exigiu sofisticadas adaptações de engenharia por causa da complexidade de diversos trechos que corta. Uma delas foi em dois prédios na esquina das ruas do Paraíso e Maestro Cardim, que tiveram seus pontos de apoio alterados, com partes dos prédios ficando suspensas por placas de concreto e aço, sem que seus moradores percebessem.

A linha foi inaugurada em 25 de janeiro de 1991 contando naquele momento com 2,9 quilômetros de extensão e quatro estações.

Parque do Trianon, último remanescente do que foi o grande Ka’á Guatá

O Parque do Trianon, uma área de 4,86 hectares (48.600 m2) coberta com árvores da mata atlântica, sempre foi um dos pontos mais elegantes da cidade, é o único trecho de mata nativa da antiga floresta do Ka’á Guatá que nos resta, porem, quase que o parque não chegou até os dias de hoje.

O seu pior momento foi em 1914, quando quase foi tranformado em reservatório de água, más os vereadores Ernesto Goulart Penteado, Raphael Archanjo Gurgel e Andnesto Baptista da Costa, membros da Comissão de Obras da Câmara, emitiram parecer contrário à transformação, alegando de forma quase premonitória ao aquecimento global que “o clima de hoje não é mais o de outrora” e “não há quem ignore os males ocasionados pela devastação das matas nos arredores da capital”. Constatavam, ainda, que “as águas têm diminuído a olhos vistos, a salubridade pública tem sofrido com esse mau hábito da destruição das matas”.”.
A Mansão Matarazzo foi construída em 1896, pelo conde Francesco Matarazzo,o patriarca da família.no atual número 1230 da Avenida Paulista, na esquina com a Rua Pamplona. O palacete de estilo neoclássico, com área de 4.400 metros quadrados num terreno de doze mil metros quadrados de jardins. Contava com dezenove quartos, dezessete salas, três adegas. A Mansão Matarazzo foi tombada em 1989, a contragosto da família, numa polêmica disputa judicial entre os Matarazzo e a Prefeitura de São Paulo, de Luiza Erundina, que pretendia instalar no imóvel o Museu do Nordestino. Dividida, parte da família se recusou, dizendo que se tivessem que homenagear alguma instituição que fosse o empreendedorismo próprio, e passou a exigir uma indenização milionária, diante do impasse, num triste ímpeto, um membro membro da família tentou implodir o imóvel durante uma madrugada, por meio de uma bomba colocada no porão do edifício, destruindo parte deste importante pináculo. Embora  não tenha derrubado a casa inteira, comprometeu seriamente sua estrutura, o projeto do museu não foi adiante e, em 1994, a família conseguiu reverter o tombamento, reavendo a mansão. O terreno foi vendido à Cyrela Commercial Properties e a uma empresa do grupo Camargo Corrêa, por 125 milhões de reais, que no local construiu o Shopping Cidade São Paulo.

O empresário uruguaio Joaquim Eugênio de Lima, responsável pela abertura da Avenida Paulista, ficou impressionado com a beleza da vegetação, no meio da nova via, e decidiu conaservar o trecho de mata nativa para fazer um parque. O nome do local escolhido indicava sua principal característica: Alto do Caaguaçu.

O empreendedor contratou o paisagista francês Paul Villon, responsável por jardins do Palácio do Catete, então sede da Presidência da República, no Rio de Janeiro, e por praças em Belo Horizonte.
A floresta do Ka’á Guatá, que já foi o principal ponto de caça de nossos ancestrais nativos mudou muito nos últimos 500 anos,  Infelizmente, os únicos Indios que restam hoje na densa mata do Ka’á Guatá são os pintados na tela do artista italiano Agostino Brunias (c. 1780) em exposição no MASP.

O parque foi aberto ao público em 3 de abril de 1892, um ano após a inauguração da Avenida Paulista. Três dias depois, o jornal O Estado de S. Paulo recomendava: “àqueles que ainda não visitaram o belo lugar, aconselhamos que o façam, certos de que empregarão seu tempo num passeio delicioso”.

Entretanto, em 1918 o arquiteto inglês Barry Parker, que estava na cidade a serviço da Companhia City para urbanizar um bairro em construção na zona oeste, o Jardim América, fazia críticas. “Esse parque não era mais do que um pedaço de floresta primitiva em sua glória natural, com exceção de algumas trilhas sinuosas que foram dispostas entre as árvores”, diz no livro Two Years in Brazil (Dois Anos no Brasil), em que conta suas experiências em São Paulo. Segundo Parker, o local praticamente não era utilizado pelo público, sendo possível “passar e repassar por ele na Avenida Paulista sem sequer se aperceber de sua existência”.

Com a sua chegada, o Belvedere Trianon, em frente ao parque, tornou-se um dos pontos de encontro da elite política, econômica e intelectual da cidade. O sucesso foi tanto que o parque passou a ser conhecido como Parque do Trianon e, depois, simplesmente Parque Trianon.

A Prefeitura de São Paulo, com apoio da CMSP, comprou em 1911 o parque e contratou Barry Parker para reformá-lo. Segundo o urbanista, era necessário um esquema que combinasse o local ao Belvedere Trianon, em uma composição arquitetônica que abrisse o parque e o tornasse “utilizável sem destruir nada de sua beleza natural” e ainda fizesse dele e do belvedere “a decoração para a Avenida Paulista”.
Com o propósito de eliminar os muitos elementos de conflito no visual da avenida, João Carlos Cauduro e Ludovico Martino padronizaram as placas de sinalização, além de medidas como enterramento da fiação elétrica e telefônica. Nos anos 60 ~ 70  o sistema de grandes prismas verticais negros (os totens de sinalização) era inovador, com a disposição da sinalização estudada para orientação de pedestres e de veículos; com os sinais para pedestres marcados até a altura de 2,50 metros de altura, informações de média distancia até 3,50 metros de altura e acima disto a sinalização de longa distancia para os veículos da via, os semáforos foram embutidos nos prismas e o totem propiciava a colocação de placas de transito.

Durante a reforma, Parker construiu uma pérgula na entrada para combinar com o belvedere do outro lado da Avenida Paulista e derrubou árvores. O corte foi necessário para que quem estivesse no parque pudesse ver melhor o bairro Jardim América, justificou o arquiteto.

A medida foi muito criticada pela imprensa. “Para que se cortam árvores e arbustos no lindíssimo bosque, único verdadeiramente rústico da cidade? Será para alindá-lo transformando-o num jardim inglês?”, questionou um cronista do jornal O Estado de S. Paulo, que assinava apenas a letra P. Ele acuse observar um panorama) batizado de Trianon. Com projeto do escritório do renomado arquiteto Ramos de Azevedo, no local funcionavam um restaurante de luxo, uma confeitaria, espaços para festas e uma escola de dança de salão para moças e rapazes.
Pergolas do Trianon c.1920, Ao lado do Belvedere no n. 69 existia o Observatório Astronômico de São Paulo, e mais adiante a casa de se administrador Sr. José Belford de Matos, no n. 71, 

A Prefeitura de São Paulo, com apoio da CMSP, comprou em 1911 o parque e contratou Barry Parker para reformá-lo. Segundo o urbanista, era necessário um esquema que combinasse o local ao Belvedere Trianon, em uma composição arquitetônica que abrisse o parque usou a Prefeitura de estar cometendo um “atentado de lesa-natureza”.
O Belvedere Trianon e o MASP de Lina Bo Bardi se tornaram ícones da cidade de São Paulo. O famoso vão livre, e as obras de arte fazem do museu o icone da Avenida Paulista
O Belvedere Trianon tornou-se um dos pontos de encontro da elite política, econômica e intelectual da cidade (Belvedere, significa "bela vista" em italiano,) dava ao visitante um vista privilegiada do Centro de São Paulo especialmente do Vale do Anhangabaú. Nele havia um restaurante, o Trianon, que possuía bar, salões de festa, vestiários e o já citado maravilhoso terraço que dava vista para o Vale.

Durante muitos anos foi o centro da vida social da cidade, todo o tipo de solenidades ocorriam nele, homenagens políticas, foi ponto de partida e chegada da primeira corrida de São Silvestre, la era celebrado o carnaval, más com o passar dos anos foi perdendo o glamour, passou a ter um bar mais popular e um salão de danças foi instalado no restaurante, já no início dos anos 30 o espaço começou a entrar em decadência e ficou em péssimo estado de conservação até que Joaquim Eugenio de Lima doasse a prefeitura, pedindo apenas que, o que quer que fosse construído lá, continuasse com a vista.

Em 1931, o local recebeu oficialmente seu nome atual: Parque Tenente Siqueira Campos, em homenagem a um dos líderes do movimento tenentista, tendo participado da Revolta do Forte de Copacabana, da Revolução de 1924 e da Coluna Prestes. O tenente Antônio de Si- queira Campos, paulista de Rio Claro, havia morrido em 10 de maio de 1930 em um acidente aéreo quando voava de Buenos Aires para São Pau- lo. O nome, contudo, nunca pegou. Tanto que a estação de metrô perto do parque se chama Trianon Masp.

O parque passou por mais uma reforma em 1968, quando o prefeito Faria Lima contratou o paisagista Roberto Burle Marx e o arquiteto Clóvis Olga para que fizessem melhorias no local. Eles substituíram a ponte de madeira que ligava as duas quadras do parque, separadas pela Alameda Santos, por outra de concreto, alargaram as alamedas internas e as pavimentaram com pedras portuguesas em forma de mosaico.

Referências

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A recosntituição da Av. Paulista dos anos 30 só foi possóvel por conta das animaçoes 3D de Macos Vinicius Uchoa, vale muito a pena ver seu canal no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=eQe_G1XQk8U )

https://www.facebook.com/…/a.10156723918…/1244065289011955/…
Fotos da Internet e IAG-USP.

https://apoia.se/oquevernoceu-astronomia
Isto irá ajudar a aumentar o conteúdo científico das páginas: O que ver no céu - astronomia, Estação Espacial Internacional - International Space Station, Galeria do Meteoro e Astronomia Agora

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sábado, 11 de julho de 2020

Triângulo Histórico de São Paulo, o coração da América Latina

O Triângulo Histórico de São Paulo, área que compreende a Praça da Sé, o Largo São Francisco e o Largo São Bento 

Segundo o historiador Jaime Cortesão, São Paulo é considerada a capital geográfica do Brasil, sua localização foi imensamente importante na diâmica de nosso povo ancestral de 10.000 atrás, que se locomovia a pé e até os dias de hoje também, por meio de navegação pluvial, interligando-se as 6 principiais bacias hídricas do continente, a do Paraná, Tieté, Patagônica, São Francisco, Amazónica e do Orinoco. Ainda hoje a localizaçao de São Paulo resguarda grande importancia estratégica, não é a toa que se transformou nessa grande e importante cidade.

história da cidade está enraizada na cultura e na espiritualidade dos povos indígenas que habitavam a região antes da colonização.

Existia em São Paulo uma grande pedra sagrada camada de Itaecerá, marcada por um raio panorâmico, venerada pelas aldeias circundantes como um sinal milagroso de Tupã, o Deus dos Relâmpagos. Essa pedra atraiu peregrinos de outras etnias, que cruzavam os matos por uma extensa rede de peabirus em busca da presença divina.

A região do Inhapuambuçú, onde a pedra estava localizada, tornou-se um local de peregrinação e culto religioso para as aldeias circunvizinhas. A tradição oral sugere que a pedra foi retalhada e soterrada nos alicerces de um templo jesuíta posteriormente, como parte de práticas sincretistas. Essa possibilidade sugere uma interação cultural e religiosa entre os povos indígenas e os colonizadores jesuítas.

Os peabirus, ou "caminhos de mato pisado", eram rotas utilizadas pelos indígenas para se deslocarem pela região. Havia um peabiru mestre que atravessava todo o território da capitania em direção ao oeste, possivelmente até o Peru. Esses caminhos eram importantes para a comunicação e o comércio entre as diferentes aldeias culturas da época.

A o Triângulo Histórico da cidade de São Paulo mudou muito desde sua fundação em 1554. Em 1930 com a construção do Edifício Martinelli começou a era dos altos edifícios e hoje conhecido popularmente como 'Centro Velho' -  2020

Esse ‘centro geomântico’, parafraseando Carlos Castañeda, dá acesso a quatro trilhas pré-históricas. Lendas indígenas contam que essas trilhas foram abertas por gigantes deuses como o Mapiguarí, esse postriormente identificado como o megatério, também chamado de preguiça gigante, nos deu a pista de que tais deuses provavelmente foram na verdade animais extintos da megafauna americana, alguns deles conviveram com humanos antes de se extinguirem, tais como os xenorinotérios e gliptodontes.

O Inhapuambuçu

Em trecho do livro "Desvio de Finalidade: Crônicas do Descaso Paulistano", de Khel, le-se sobre a proposta de implantação de um núcleo jesuíta no morro de Inhapuambuçu, que significa "morro que você pode ver ao longe" em Tupi.

Segundo o trecho citado, a proposta teria surgido em 1558, quando a região que hoje é São Paulo ainda era um povoado vulnerável localizado na planície marginal do rio Tietê. O terceiro governador geral do Brasil, Mem de Sá, que mantinha uma relação favorável com os jesuítas, teria visitado a região em 1560 e ordenado que os moradores de Santo André se mudassem para o morro de Inhapuambuçu, levando consigo a Câmara e os pelourinhos (símbolos do poder municipal). Foi recomendado que eles construíssem uma paliçada ou parede de taipa para defesa.

Desenho de Debret de 1827 com vista para p Vale do Anhangabaú, aquarela sobre papel, 12,2 x 22,8cm, com a pedra do Inhapuambuçu, a Itaecerá, à proa da acrópoli do Triangulo Historico de Piratininga, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí

Os vereadores de Santo André concordaram com a proposta, justificando a mudança com base na ideia de que o morro era um local mais forte, defensável e seguro tanto contra os europeus (invasores) quanto contra os indígenas locais.

Os indígenas de Tibiriçá já haviam se mudado para ponto próximo desse recinto, transferindo-se de sua aldeia original, situada no Guaré (atual Luz) para o local onde hoje se encontra o mosteiro de São Bento. A aldeia de Caiuby, antes no Geribatiba (atual Santo Amaro) foi transferida para a área entre o Carmo e a Tabatinguera (PORTO, 1992). Em 1562, Tibiriçá e seu irmão Caiuby ajudaram os colonos a repelir o ataque da "Confederação dos Tamoios", aliança de tupiniquins com os canibais tamoios do litoral, idem carijós, guarulhos e guaianás locais rebelados de Jagoanharo ("cão bravo", filho do então já falecido Piqueroby, e sobrinho de Tibiriçá), após o quê, a vila se consolidou e se estabeleceu como ponto de partida avançado para o grande sertão.

Essas informações destacam um momento histórico específico da fundação e desenvolvimento da cidade de São Paulo, com a transferência do povoado para o morro de Inhapuambuçu e a construção de uma estrutura defensiva. É importante ressaltar que os detalhes específicos e a interpretação desse evento histórico podem variar de acordo com as fontes e análises realizadas pelos historiadores.

Trecho da capitania de São Vicente. Ao fundo, à direita, a Vila de São Paulo, com todas as elevações que a cercavam e que contribuíam para o seu isolamento em relação ao resto da capitania e da colônia. Mapa de João Teixeira Albernaz, 1631. Domínio público, Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores 

Tibiriçá foi o ultimo grande líder espiritual indigena do Triângulo Sagrado de Piratininga, que os Tupiniquím defenderam bravamente contra constantes ataques de Tupinabá e outras aldeias inimigas, uma colina que se elevava entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, e tinha como centro a pedra careca, o Inhapuambuçú (do Tupi-Antigo i(nh)apu'ãm-busú o grande cume ou y(nh)apu'ãm-busú o grande ponto do rio), que se vê de longe como "a proa dessa nau triangular",  pedra que existiu ao lado do atual Mosteiro de São Bento más que infelizmente foi aterrada em algum momento (infelizmente não se sabe ao certo quando).

O ultimo registro visual da pedra do Inhapuambuçu é da aquarela de Jean-Baptiste Debret de 1827, desenhos de Massaï e do Atlas de João Teixeira Albernaz tambem mostram a pedra, essas imagens são valiosas para documentar a presença e o aspecto dessa formação geográfica na vila de São Paulo em períodos antigos.

Existem diversos registros de obras no local e em local proximo, bem como parece haver uma discussão sobre a regularidade das larguras e alinhamentos na Planta da Restauração em relação ao local em questão. Registros topográficos posteriores podem ter mostrado que a planta original não correspondeu completamente à realidade.

Vista da Acrópoli de São Paulo, tomada a partir do Morro do Chá. Desenho de autor desconhecido, c. 1765-1775. Domínio público, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

No entanto, é mencionado que trechos das ruas São Bento, José Bonifácio e Onze de Agosto ainda mantêm a dimensão de 40 palmos, que é menor do que as vias mais importantes da área central da cidade. Essas vias mais importantes, como as ruas Augusta, do Ouro e da Prata, tinham 60 palmos, ou seja, cerca de 13,2 metros de largura. É interessante notar que essa largura de 60 palmos também foi adotada em Salvador por volta de 1700, por exigência da Câmara Municipal.

A largura de 40 palmos é mencionada como uma referência para travessas e becos em São Paulo, como o Beco do Colégio e a Rua do Comércio (antigo Beco do Inferno), que mantiveram uma largura similar ao longo do tempo. No entanto, muitos desses becos foram posteriormente alargados ou desapareceram.

Quanto à largura dos lotes, era comum seguir o padrão português de dividir as áreas em lotes de 25 ou 30 palmos de largura, correspondendo a cerca de 5,5 ou 6,6 metros. Também existiam lotes maiores, de 50 ou 60 palmos (11 ou 13,2 metros), para as casas mais ricas. É mencionado um exemplo de um terreno de seis braças (60 palmos) na Rua Direita em 1656, conforme mencionado por Taunay.

Essas informações destacam os padrões de largura e parcelamento de terrenos na cidade de São Paulo em diferentes períodos históricos, mostrando variações nas medidas e adaptações ao longo do tempo.

Durante os anos de 1800 a 1822, a ocupação da Cidade Nova começou na colina localizada na margem oposta do rio Anhangabaú, em São Paulo. Nessa região, foi adotado um padrão de arruamento com largura de 60 palmos, equivalente às ruas principais da Baixa Pombalina em Lisboa. Esse padrão de largura das ruas foi mantido ao longo do século XIX e foi oficializado pela Câmara Municipal no Código de Posturas de 1875.

Em 1886, o padrão de largura das ruas foi substituído por 16 metros, já sob o sistema métrico de medidas, que havia sido implantado em 1874. Essa mudança refletiu uma adaptação às novas medidas adotadas na época.

Para conectar a cidade existente à Cidade Nova, foi construída a Ponte do Acú, que contava com duas êxedras semicirculares. Esses recantos ofereciam espaços para encontros e conversas, equipados com bancos e parapeitos de pedra. Essa intervenção urbana foi uma das primeiras a explorar o potencial paisagístico do sítio paulistano, destacando a importância de criar espaços públicos agradáveis e funcionais na cidade em desenvolvimento.
O aterramento do Inhapuambuçu provavelmente ocorreu entre os anos de 1840 e 1890. Com base nas plantas cadastrais do engenheiro Bresser, datadas de 1841 e 1842, na iconografia disponível e nas reconstituições em três dimensões de Taunay e Bakkenist, podemos inferir algumas características morfológicas da ocupação original da colina que teve um impacto significativo na cidade de São Paulo até meados do século XIX.

Inicialmente, observamos que o arruamento estava concentrado no topo da colina, com ruas de pouca inclinação, quase planas. Essa ocupação limitava-se principalmente ao planalto e interrompia-se na borda da encosta. Apenas em locais onde a encosta era menos íngreme, na descida em direção ao rio Anhangabaú, encontramos uma exceção: a Rua Nova de São José, atualmente conhecida como Líbero Badaró, que foi aberta posteriormente, mas era menos valorizada e servia como fundo para a Rua de São Bento. 
Topograma da Área central da Cidade de São Paulo‖ com base no mapa SARA Brasil 1930


A transposição de níveis era feita por um número limitado de ladeiras, associadas às pontes que permitiam atravessar os cursos d'água, como as pontes Tabatinguera, Carmo, Constituição, Rua de São João/Ponte do Acu e o conjunto de ladeiras de Santo Antonio, Ouvidor e São Francisco, que convergiam na ponte do Lorena. Havia também becos menos importantes que levavam à margem do rio Tamanduateí, como o Porto Geral, Colégio e duas passagens atrás do Carmo. Essa configuração resultava em uma cidade isolada no topo, protegida pelo rio e pelo ribeirão, claramente delimitada e com poucos acessos, facilmente controláveis.

As ladeiras apresentavam declividades consideráveis, mas a maioria delas pode ser classificada em dois tipos: diagonais em relação às curvas de nível, com uma inclinação média entre 10% e 12%, tornando-as transitáveis para a maioria das carroças e carros de boi; e perpendiculares às curvas de nível, com uma inclinação superior a 15%, acessíveis apenas a pedestres, cavaleiros ou tropas de mulas. As primeiras incluíam as ladeiras Tabatinguera, Porto Geral, Santo Antonio e Rua da Constituição; entre as segundas, estavam as ladeiras do Carmo, Ouvidor e São Francisco, além do trecho inicial da Rua de São João, que era um pouco menos íngreme. O Beco do Colégio apresentava uma inclinação mais acentuada, chegando a quase 25%, o que exigia a presença de degraus combinados com uma rampa.


Não havia uma distinção clara entre as ruas que acompanhavam as cumeeiras e as demais. No entanto, podemos observar que a linha divisória das águas no topo da colina era acompanhada, de forma geral, pelas ruas do Comércio (atual Álvares Penteado) e da Cruz Preta (atual Quintino Bocaiúva), encontrando-se no Largo da Misericórdia.

Rio Anhangabaú

O Rio Anahngabaú, ou rio do deus Anhangá que desenboca no Piratininga (continuação do Tamanduateí), era alimentado pelo córrego do Itororó, que desce da maravilhosa floresta do Ka'aguatá (Avenida Paulista), rio que nascia no bairro do Paraíso, próximo de onde é hoje o hospital Santa Catarina e descia pela Avenida 23 de Maio. A linda mata do Anhangabaú era sagrada, só podia ser visitada pelo xamã para fins ritualísticos, pois era o lar do Anhangá, o deus Tupi das Caças e da natureza, comumente retratado como um veado branco, de tamanho atroz, com olhos vermelhos da cor de fogo. Ele é o protetor da fauna e flora, persegue todos aqueles que caçam de forma indiscriminada, desrespeitam a natureza e pune quem caça filhotes ou matrizes que estão nutrindo suas crias, vbem como punem aqueles que poluem suas águas, saiba mais  canalizando o rio, como também nos esquecemos do espírito mor de nossa cidade. Desprezarmos nossas tradições tupiniquins dessa forma é imperdoável!

Já os rios Piratininga e Tamanduateí à continuação, eram assim chamados pelos habitantes pois Piratininga em Tupi-Antigo significa peixe seco e Tamanduá te y, é rio dos Tamanduás - esses nomes foram dados porque nesse ponto alagadiço, a antiga varzea do Carmo, costumava oscilar em nivel de água, com isso, muitas vezes os peixes morriam ao sol atraindo formigas, que por sua vez atraiam os tamanduás.

Quanto às trilhas, se dividiam em quatro grandes, que tinham como ponto de partida a aldeia de Tibiriçá, que partir de 1554, passou a sair da grande porta da fortificação inicial dos Jesuítas;

-A primeira dessas quatro trilhas, foi o chamado “Caminho da Fonte”, dava asscesso à Serra do Mar, um maciço que separa o planalto de Piratininga do litoral com elevação de 800m, da qual diversas trilhas desciam a serra, entre elas a trilha de Paranpiacaba, a estrada do Lorena e a via Anchieta; 

-A segunda é trilha do Piqueri, atual rua Quinze de Novembro, em direção ao Rio Tietê via Ponte do Piqueri, de lá podia-se partir em direção ao vale do rio Paraíba do Sul até chegar ao Rio de Janeiro, hoje é conhecida como via Dutra; 

-A terceira era o “Caminho do Ibirapuéra” que deu origem à atual rua Quintino Bocaiuva, saia em direção à Av Brigadeiro Luiz Antonio até chegar à grande mata de Ka’a Guaçú, o espigão montanhoso central de Piratininga (hoje espigão das avs. Paulista, Dr. Arnaldo e Cerro Corá) descendo pelo parque o Ibirapuera, e por fim, essa mesma trilha, tinha uma bifurcação no rio Pinheiros que levava à famosa trilha do Peabirú, que tinha como destino final a civilização mais elevada da época, o império Inca no Perú; 

-A quata trilha, o “Caminho de Pinheiros”, parte da atual rua José Bonifácio Consolaçao Doutor Arnaldo Euzebio Matoso, interligando-se também com o Peabiru.

A Trilha do Peabiru

As trilhas ancestrais foram fundamentais para a dispersão Tupi no Brasil

A Trilha do Peabiru e a lenda que a cerca contada pelos Carijós, os chamados 'O Melhor Gentio da Costa', inspirou os europeus em sua busca frenética por riquezas e ouro. 

Peabiru (na língua tupi, "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado) era o nome dado aos antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos, desde a pr-historia, em intricada rede de conexão de todo o conesul.

A trilha do Peabirú em sí tinha três origens, São Paulo, Santa Catarina e Cananéia, se uniam Vila Velha de Ponta Grossa, seguia ate os Campos Gerais até Assuncion, de lá Subia o rio Plicomayo, segunido por Colquechaca na Bolivia ate chegar no Perú.

A trilha do Peabiru, que saia de três origens, São Paulo, Santa Catarina e Cananéia, se uniam Vila Velha de Ponta Grossa, seguia ate os Campos Gerais até Assuncion, de lá Subia o rio Plicomayo, segunido por Colquechaca na Bolivia ate chegar no Perú.

Empolgado com essa história, e, 1526 Aleixo Garcia liderou um grupo com 2000 Carijós, levando farinha de pinhão e mariscos secos e mel em direção ao Peru, chegando a 150 km de Potosi, na Montanha de Prata, que deu origem à lenda da Montanha da Lua, lá eles entraram em guerra com o império Inca, saquearam e fugiram carregados de metais preciosos saiba mais 

Tibiriçá ficou famoso por acolher em sua aldeia o primiero paulista, João Ramalho, um possível naufrago português que se casou com Bartira, filha do morubixaba. João Ramalho aprendeu o Tupi e conquistou o respeito do povo ancestral, Tomé de Siouza, governador da capitania de São Paulo dizia que João Ramalho, caminhava 90 km em um só dia, tinha um exército de 5.000 homens, em sua grande maioria refens de tribos beligenrantes e era muito atarefado, subia e descia pelas diversas trilhas que partiam da aldeia, principalmente depois da chegada dos Jesuítas.
Fundação de São Paulo


A Villa de Piratininga, que ja tinha sido estabelecida em 1532 pelo Almirante Dom Martim Afonso de Souza, Vice Rei das Índias e Donatário da Capitania de São Vicente e São Paulo, aforada em 1534 por D. João III O Piedoso, e ratificada em 1553 por Tomé de Souza 1º Governador Geral do Brasil, foi posteriormente transferida, acolinada e Renomeada em 1554 pelo Vice-Provincial Jesuíta Manoel de Nóbrega como Villa de São Paulo de Piratininga. Como se ve em texto antigo, a fundaçao do colégio e postriormente vila de Piratininga era um projeto de parceira publico-privada de carater religioso, a fundação do colégio de Manoel da Nobrega e José de Ancheta era de importancia pivotal para a catequização, pois serviria junto com o émbaixador’João Ramalho, de ponte cultural com a aldeia de Tibiriçá e posteriormente outras aldeias. 

Em 1549, logo após a aprovação da Companhia de Jesus em Roma, o Padre Manuel da Nóbrega partiu de Lisboa na armada de Tomé de Souza juntamente de cinco companheiros para conduzir as Missões Portuguesas do Ocidente. Em 1553, após formar as primeiras missões brasileiras na Baía de Todos os Santos, onde primeiramente aportou, seguiu em direção à Capitania de São Vicente onde percorreu o litoral sul do Brasil colonial. Em seguida, subindo a Serra do Mar, Nóbrega liderou a fundação da Aldeia de Piratininga e nela implantou o Colégio de São Paulo possibilitando o início das entradas para o interior do continente.

A parte mística-religiosa desse projeto teve início no dia 29 de agosto de 1553, dia da degolação de São João Batista, por conta de cálculos precisos que os Jesuítas vinham fazendo para fundarem seu colégio no dia de São Paulo, 25 de janeiro. A localização também deveria ser pré-estabelecida de acordo com regras dogmáticas, que deveria ser edificada em acrópole, exatamente no interior do triangulo histórico, os jesuitas entenderam que esse local que já era considerado o mais sagradao pelos ‘indígenas’ deveria ser também o mais sagrado dos Cristãos. 

Conforme relata o historiador Alan de Camargo, lá representou e ainda representa a continuidade e renovação permanente da sagrada esperança do povo europeu cristão de várias nacionalidades e etnias, que buscou em terras distantes e selvagens satisfazer os seus profundos anseios de liberdade e prosperidade, arriscando sua própria vida no batismo do Maris Oceani Tenebrosum (o grande Atlântico!) e nos perigos das densas matas infestadas de feras, pestes, traficantes e... canibais! sob a égide da Cruz de Cristo, se uniram em fraternal comunhão, incluindo os nativos aliados Tupi-Guaianás, para plantar as preciosas sementes de Salvação e Civilização Ocidental Greco-Romana trazidas em suas pobres e sofridas bagagens, valores culturais que germinariam a singular e arquetípica Civilização Cristã Paulista.

O Anhagá, grande deidade Tupiniquim de São Paulo foi apagada da historia 

A Expansão de São Paulo

No final dá década de 1590 foram descobertas as primeiras minas de ouro, prata e ferro nos arredores da vila, nas serras do Jaraguá, Guarulhos, Voturuna, Araçariguama e outros locais mantidos em segredo. Os fatos que ocorreram sem seguida foram de grande importância para o crescimento da vila de São Paulo. 

Ainda nessa década a vila já contava com 150 habitantes, a grande região do Páteo do Collegio foi fortificada em frente à abandonada vila de Tibiriçá, que ficava onde hoje está o fórum João Mendes, em frente ao Palácio da Justiça. Os fncionários da câmara e demais pessoas que chegavam para a empreitada de Portugual já não tinham mais onde morar dentro das muralhas dos Jesuitas, foi então que a expansão fez perder o medo de ataque e morar fora da área protegida. 

A primeira rua aberta fora dos muros da vila deve ter sido a rua de São Bento por apresentar as melhores condições de aproveitamento dos lotes. Estes foram demarcados com frentes de duas e três braças e profundidade de vinte e trinta braças. A rua seguiu por um terreno absolutamente plano, desde o caminho do Piqueri até o caminho de Pinheiros, deixando de um lado a aldeia abandonada de Tibiriçá e do outro a encosta do vale do Anhangabaú. A solução foi a mais favorável para os usos da época pois permitia que as casas fossem construídas no alinhamento da rua e os quintais tivessem o escoamento das águas para o fundo do lote.

Paralelamente foi inaugurada a atual Rua Direita, que tem esse nome desde a sua origem, pois percorria um antigo caminho que ia “direto” da ermida de Santo António até à vila. No cruzamento com a Rua de São Bento formava um ângulo reto, o que sugere que o profissional responsável, geralmente um carpinteiro, utilizou uma bússola na sua demarcação.

Outra questão importante que envolveria uma bússola e as latitudes da cidade para avaliarmos os rumos de crescimento da cidade é localizar as trilhas, os peabirus e as caracteristicas geográficas da época de Tibiriça e João Ramalho. Por exemplo – onde era localizada a pedra careca de Inhapuambuçu.

A Pedra Careca do Inhapuambuçu tinha grande importância espiritual para a Aldeia de Tibiriça, muitos se perguntam "onde estaria a tal pedra careca que aparece na aquarela de Debret?"

Se a cidade não tivesse mudado tanto sua paisagem, essa seria a vista que teríamos hoje da Pedra Careca do Inhapumabuçu.

Vista atua do Jardim Oriental da Liberdade, onde foi a Pedra Careca do Inhapuambuçu.

Muitos relatos colocam Debret olhando para a várzea do Carmo, vendo a pedra calva próxima ao mosteiro de São Bento, e também discernem que Debret cometeu erros quanto à localização das construções e às dimensões da pedra.

Eu mesmo cheguei a colocar em outras publicações de meus blogs e vídeos, a pedra calva do Inhapuambuçu junto ao convento de São Bento, mas as evidencias fizeram-me vera a realidade e mudar de ideia.

Como ilustrador que sou, a hipótese de colocar a pedra próxima ao Mosteiro de São Bento sempre me pareceu equivocada, pois Debret sempre foi muito preciso, seja nos desenhos de plantas, de animais, do cotidiano das famílias e principalmente, de paisagens.

Com tantas avenidas, fica difícil enxergar onde realmente era acrópole piratiningana, mas ao subir e descer ladeiras, tudo fica mais claro e quando colocamos o Debret onde é  hoje o Viaduto Condeça de São Joaquim, olhando para o vale do Anhangabaú, tudo se encaixa - o ângulo dos prédios e da igreja, o relevo, as montanhas ao fundo e tudo mais.

Uma vez identificado o ângulo onde estava Debret, a posição e o ângulo de observação dos edifícios e igrejas e a passagem do vale, com um trecho de planície alagada próximo à pedra, é fácil extrapolar uma vista aérea da Acrópole de Piratininga...

...e sobrepô-lo ao atual cenário caótico das construções urbanas atuais.

Vendo as fotos da época das obras da Avenida 23 de Maio, sobre o Vale do Itororó, fica claro que Debret estava em algum lugar da rua Conde de São Joaquim (hoje).

Ordens e igrejas

A posição e orientaçai dis prédios e igrejas, bem como o número de campanários me ajudaram a descobrir com mais prrecisão quais eram as igrejas do aquarela de Debret (veja a ilustração da vista de cima da acrópole de Piratininga).

No final do século XVI, atraídos principalmente pela ação missionária, outras ordens religiosas se estabelecem em São Paulo. Dentre elas podemos destacar os:

Igreja Nossa Senhora do Carmo, Avenida Rangel Pestana , 230

-Os Carmelitas (1594) Os carmelitas foram a quarta ordem religiosa a chegar no Brasil, e, na região paulista, os primeiros frades desembarcaram nos idos de 1592, no porto de Santos. Nesse mesmo ano, surgiu neles o “pensamento de fundar um convento na povoação que começava em Cima da Serra“. O fundador de Santos, Braz Cubas, se tornou um grande amigo dos carmelitas, e doou a eles dois grandes terrenos – um no litoral, e outro nas terras de Piratininga (atual São Paulo); 

Mosteiro de São Bento, 1910

-Os Beneditinos (1598) A história dos beneditinos em São Paulo começa em 1598, ano em que chegaram na cidade, quando frei Mauro Teixeira, religioso paulista de São Vicente, levantou uma modesta igreja dedicada a São Bento, com fundos de uma doação realizada pelo capitão-mor Jorge Correia.

O imponente Convento São Francisco, inaugurado por Frei Dâmaso Venker em 1941

-Os Franciscanos (1640) Sete franciscanos chegaram a São Paulo em 1640 por meio de uma caravana. Eles se instalaram em uma casa onde atualmente está localizada a Praça do Patriarca, no Centro Histórico de São Paulo. O terreno que atualmente corresponde ao Largo de São Francisco foi doado pela Câmara Municipal de São Paulo, em 1642, aos frades franciscanos.

Porém estas ordens, apesar de terem também atuado para a conversão dos indígenas, não tinham este como seu principal objetivo, pois vinham ao Brasil para dar apoio aos interesses de colonização e exploração da coroa portuguesa.

O dia do Anhangá
Desfile de celebração do dia do Anhangá, 17 de Julho, dia do Protetor das Matas (Curupira, Pai do Mato, Caipora, Caiçara, entre outros - celebrando o deus da floresta que protege o meio-ambiente

A aldeia de Tibiriçá é tristemente reconhecida como a primeira abandonar antigos ritos culturais ancestrais para adotar a imposta cultura Portuguesa-Cristã - Como parte do esforço de Itagenemimética, tento resgatar a cultura ancestral indigena. 

Talvez um dia ainda culturemos o Deus Anhangá em homenágem à nossos antigos acestrais. Tenho uma proposta, ainda tímida de celebrar o dia do Anahgá 5 de junho, dia mundial do meio ambiente – por favor, deixe seus comentários.

Referências

"...Inhapuambuçú, havia uma grande pedra sagrada, a Itaecerá, fendida ou fortemente marcada por um formidável e panorâmico raio, de conhecimento geral e notório entre todas  as tribos (sic) circundantes, que a cultuavam como sinal milagroso de Tupã ("Deus dos Relâmpagos"). Ela teria sido posteriormente retalhada e soterrada nos alicerces do templo jesuíta como era do costume sincretista romano (?!). O local já havia se transformado em "campo santo", frequentado pelas demais tribos circunvizinhas impactadas pela extraordinária visão e estrondo da centelha divina! Vinham peregrinar através da extensa rede de peabirús(5) cruzando os matos, em busca da presença divina. Desse espetacular evento concluímos, portanto, que os Tupi-Guaianás já desfrutavam de uma Via Espiritual pela qual foram previamente iluminados e incumbidos de indicar aos jesuítas a exata localização divinamente inspirada daquela missão, prontamente acatada pelos missionários!"

*Piratininguara - Termo castiço e designativo afirmando a naturalidade e precedência dos nativos tupis sobre o Campo de Piratininga. Os portugueses brancos eram os paulistas ou paulistanos.

O Presumido Retalhamento e Soterramento da Pedra
Mas e a Itaecerá, teria sido mesmo retalhada e reutilizada sincreticamente na fundação do novo templo, como narra a tradição oral? Talvez sim, talvez não! Isto precisa ser investigado, pois tratar-se-ia de um ícone monolítico de inestimável valor arqueológico, sentimental e religioso, marco intercultural da pré-história piratiningana! É imperativo que se faça uma minuciosa prospecção nos sítios sagrados apontados, mesmo que se tenha de remover os degradantes muquifos do baixo comércio da Rua Florêncio de Abreu (e adjacentes), que liga o nada a lugar nenhum!

* Peabiru = "caminho de mato pisado". Havia um Peabiru mestre, que atravessava todo o território da capitania em direção ao Oeste, que se dizia chegar até o longínquo Peru, caminho presumidamente utilizado por Raposo Tavares para sua incursão contra aquele território então espanhol e inimigo, em busca da sua famosa prata de Potosi.

"...majestático raio prenunciava um socorro divino, com socorristas sulcando célere as tempestuosas águas do Atlântico, nas pessoas de Anchieta, Nóbrega e outros apóstolos portadores da abençoada Civilização Ocidental Cristã!

Cremos que o fabuloso raio fosse mesmo uma teofania  (manifestação divina)  em favor das almas aflitas do morubixaba e sua gente, oprimidos pela permanente perseguição canibal que literalmente os devorava! Anunciando a proximidade de um resgate transoceânico que de fato se materializaria na Civilização Ocidental Greco-Romana Cristã (7), difundida e edificada pelo seu principal apóstolo e educador Anchieta - continuador da obra do mais instruído ainda Vice-Provincial Jesuíta Manoel de Nóbrega* em quarenta e três anos de ministério escolástico e apostólico***, que forjaram o distintivo caráter cristão e a cabeça filosófica da Paulicéia colonial: "Um Saber de Salvação"!

"...Índio não é bobo (sic) e quer se civilizar, pois gosta mesmo é da comida regular da agricultura branca e do leite de vaca para seus curumins; roupas, tv, moto, relógio, luz, celular e outras comodidades da civilização; quem gosta de ficar pelado feito animal e comer carne contaminada de preá do mato, é militonto ideológico! 

*...Manoel da Nóbrega ingressou na Companhia em 1544, tendo nascido em 18/10/1517, e cursado as universidades de Salamanca e de Coimbra, onde completou o curso de direito canônico. Ordenado, foi preterido por motivos políticos ao ingresso no Mosteiro de Santa Cruz como professor, o que o levou a aproximar-se alternativamente aos jesuítas. Em 1548, vem para a América com Tomé de Sousa, chefiando outros sacerdotes (Antonio Pires, Leonardo Nunes, João Navarro, Vicente Rodrigues e Diogo Jácome, e demais irmãos não ordenados). 

*Anchieta frequentou o Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra, a mais perfeita da nossa língua, onde certamente conheceu a Escolástica de Santo Tomás de Aquino, baluarte da Cultura Aristotélica-Cristã. Criou a nossa primeira gramática da língua Tupi, utilizada para evangelização dos nativos, além de peças teatrais, musicais e livros de história, sempre didáticas e voltadas à catequese.

*São José de Anchieta foi canonizado em 2014 Apóstolo do Brasil. Padre José nasceu em Tenerife em 1534, Ilhas Canárias da Espanha, filho de pai fazendeiro "vasco" (provável cristão-novo) e mãe de família aristocrática local, filha de conhecido pai judeu. Estudou dos 17 aos 20 anos na Universidade de Coimbra (em Portugal, onde havia maior tolerância para com sua etnia perseguida na Espanha pela Inquisição) onde aprendeu a falar/escrever português e latim. Morreu na ínvia terra que tanto amou, em 1597.

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Lendária Ponta da Pirabura, Naufrágio do Príncipe de Astúrias e Outras Histórias

O Príncipe das Astúrias danifica fatalmente o casco do navio nas rochas da Ponta da Pirabura, o naufrágio aconteceu em menos de 5 minutos A ...