Etnias Indígenas Brasileiras com um alfabeto próprio |
“Em meio as anotações de Jose Francisco
Pagano Brundo, tropeiro de Leopoldina MG, encontramos o mais importante
documento da cultura ‘Nova Tupi’ em meio a livros de arte escrito em Russo de
1807, Uma antiga edição ‘Terra de Santa Cruz’ de Viriato Correa e algumas outras preciosidades. Trata-se
de um estudo de caligrafia do recém criado alfabeto Tupi Novo.
Estima-se que tenha sido escrito em 1811
pelo estudioso que falava Tupi Antigo fluentemente e é o mais antigo documento
dessa importante fase que nos conduziu a cultura Tupi atual.
O que aconteceu com os grupos indígenas
aqui no Brasil não foi diferente do ocorrido com os japoneses, que aprenderam
caracteres chineses a fim de ler e escrever a língua chinesa e por volta do
século 6 dC começaram a utilizar o sistema de escrita chinês para representar
sua própria língua. Foi um enorme desafio,
porque chineses e japoneses pertencem a famílias de línguas não relacionadas, com
sons completamente distintos, gramática e vocabulário muito diferentes.
Tal como os japoneses, os Novos Tupis,
adaptaram o alfabeto latino usado pelos colonizadores portugueses para criar os
47 Signos Tupis. No exercício de Jose Francisco Pagano Brundo, percebe-se que a
caligrafia teve muito pouca modificação nos últimos 200 anos”.
Não fosse pela proibição do Idioma Tupi
pelo Marquês de Pombal em 1758, talvez as tribos indígenas tivessem uma grafia
como esta. Criada para ilustrar os benefícios de um alfabeto próprio esta
grafia tem como base a gramática Tupi escrita pelo Padre Anchieta em 1595 e a Arte
da Língua Brasílica de Luiz Figueira, 1621, entre outros textos.
Alfred Burns trata das maravilhas da
escrita para nossa civilização no livro ‘The Power of the Written Word: The Role
of Literacy in the History of Western Civilization’. Burns conta como que
através da escrita fomos capazes de ler textos do período clássico - romanos e
gregos, textos de Darwin - que nos fizeram questionar a bíblia, o nascimento da
medicina moderna, como Newton fez nascer a ciência a partir da filosofia.
O alfabeto também tem importância
fundamental para a auto estima de um povo, como foi constatado pelo rei coreano
Sejong.
O Rei Sejong, mudou profundamente a
história coreana com a introdução do alfabeto Hangul. Antes da criação do alfabeto
Hangul, apenas os membros da mais alta classe eram alfabetizados. Hanja era
tipicamente usado para escrever coreano usando caracteres chineses adaptados,
enquanto Hanmun, usado para escrever documentos judiciais em chinês clássico.
Preocupado com a falta de motivação da
nação coreana em defender a pátria contra os constantes ataques inimigos, bem
como o alto nível de analfabetismo, o rei Sejong decidiu modificar o alfabeto
para um mais simples.
Sabendo que os sacerdotes não iriam
permitir a mudança do sagrado alfabeto, resolveu usar um artifício para
enganá-los. Escreveu com uma substancia doce em folhas de pandamus, para que as
formigas comessem em padrões predeterminados.
Mostrou as marcas aos sacerdotes e disse a
eles que os deuses haviam enviado um novo sistema de escrita.
Rei Sejong e a importancia da escrita para a nação Coreana - escrita simples que representa o espirito de um povo |
A nova escrita foi adotada em 1446. Com
apenas algumas horas de estudos uma pessoa pode ler e escrever em Hangul,
alfabeto que tornou-se a base cultural da nação coreana.
Durante os anos 40 ao anos 50, William
Cameron Townsend (9 de julho de 1896 – 23 de abril de 1982) um importante
missionário cristão cujo ministério começou no início do século XX, visitou
diversas tribos de povos indígenas no Brasil, Suriname, Bolívia, etc., e fundou
o ILV (instituto lingüístico de Verano) o mais famoso e ativo instituto de
evangelização pelo idioma e de lingüística aplicada.
Quando o jovem William Cameron Townsend
tentava vender bíblias em espanhol na Guatemala em 1917-1918, ele descobriu que
a maior parte das pessoas que ele conhecia não entendiam o espanhol. Eles
também não possuíam uma forma escrita para a sua língua, o Cakchiquel. Townsend
abandonou sua iniciativa de vender Bíblias e passou a viver com os Cakchiquéis.
Ele aprendeu a língua deles, criou um alfabeto para a língua, analisou a
gramática, e traduziu o Novo Testamento em apenas dez anos.
A maior parte das traduções ortográficas
que existem hoje feitas entre os povos indígenas se derivam do desenho dos
alfabetos e silabários criados pelos missionários da ILV. A importância que se
outorga a produção de material escrito também parece ser uma herança da linha
de trabalho desta organização missionária. No interesse de preservação dos
idiomas e das culturas, se faz urgente manter as ricas tradições orais e
fortalecer a transmissão generacional da língua através de sua escrita.
Silabário de Afaka - um Ndyuka do povoado de Benanu no baixo Tapanahony no Suriname criou em 1910 um alfabeto composto de 56 símbolos que transcrevem cada uma das silabas usadas no idioma. |
Esteve no Brasil no ano de 1956, com a
chegada da SIL (Sociedade Internacional de Lingüística) no Rio de Janeiro, a
convite do antropólogo Darcy Ribeiro. Aqui a SIL chegou a trabalhar com 62
diferentes idiomas indígenas.Além dessa contribuição, a presença da SIL em
terras brasílicas foi determinante para o desenvolvimento da própria
disciplina lingüística nos centros acadêmicos brasileiros.
Tal como o alfabeto Hangul, o “alfabeto
Novo Tupi” é baseado na arte indígena rupestre das cavernas da Pedra do Castelo,
no estado do Piauí, tem elementos que facilitam a arte da caligrafia e
sintetizam bem os morfemas das mais de 230 etnias indígenas brasileiras.
Silabário Tupi
Recentemente foi encontrado um original silabário Tupi na Universidade de Lyon, França. Embora não se saiba a procedencia nem a data, acredita-se que tenha sido escrito na mesma epoca do sulabario de Afaka.
Alexandre Raymond, responsável pelo achado descreve a seguir como este silabário deve ser usado:
Esta escrita reafirma a essencia do idioma Tupi e pode ser uma incrível ferramenta de valorização de auto estima para toda uma cultura.
Silabário Tupi
Recentemente foi encontrado um original silabário Tupi na Universidade de Lyon, França. Embora não se saiba a procedencia nem a data, acredita-se que tenha sido escrito na mesma epoca do sulabario de Afaka.
Silábario Tupi encontrado na Universidade de Lyon FR |
Silábario Tupi cursivo encontrado na Universidade de Lyon FR |
A
partir destes 42 sons de base, é possível fazer modificações.
Muita semelhança com as escritas orientais. Os traços, costumes, olhos puxados, tudo se interliga entre os índios e os asiáticos. São um povo de mesma origem. Parabéns pelo artigo maravilhoso.
ResponderExcluirEu penso que o alfabeto primário dos índios deve ser o alfabeto original deles mais próximo do Alberto oriental até mesmo como silabario. Alfabeto latino e seus silabarios são europeus e italicos e negam a cultura primária dos índios devem vir em segundo e terceiro lugar. Os índios já perderam muito sua cultura em contato com europeus precisam resgata-la. Muito da cultura deles está na Ásia e na Oceania.
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