O autor de “Triste Fim de Policarpo
Quaresma”, Lima Barreto morou na Ilha do Governador dos nove aos 21 anos.
Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no dia13 de Maio de 1881, no bairro das
Laranjeiras no Rio de Janeiro, à Rua Ipiranga, N.º 18, segundo filho da
professora pública Amália Augusta Barreto e do tipógrafo João Henriques de Lima
Barreto. Em 13 de Outubro é batizado na igreja matriz de Nossa Senhora da
Glória, no Rio de Janeiro.
No dia 13 de maio de 1888, Lima Barreto
ganhou um duplo presente de aniversario, teve sua matricula feita na Escola
Pública do Rio de Janeiro, regida por D. Tereza Pimentel do Amaral, à Rua do
Rezende n.º 143-A, e também na data de seu aniversario de sete anos, foi
assinada a Lei Áurea, abolindo a escravatura. O filho de escravos libertos foi
levado pelo pai para participar dos festejos que tomaram o Rio de Janeiro.
Em 11 de Fevereiro de 1890, o pai do
escritor é demitido da Imprensa Nacional. Em 5 de Março seu pai, João Henriques
é nomeado escriturário das Colônias de Alienados da Ilha do Governador. Em
Novembro, Lima Barreto recebe, como prêmio escolar, um exemplar da obra de Luís
Figuier: “As Grandes Invenções”.
Em Março de 1891, matricula-se como aluno
interno, no Liceu Popular Niteroiense, dirigido por William Cunditt, custeado
pelo padrinho, Visconde de Ouro Preto, em 20 de Março do mesmo ano, o seu pai é
promovido a almoxarife das Colônias de Alienados da Ilha do Governador.
Em 12 de Janeiro de 1895, faz exame de
Português, no Ginásio Nacional, Rio de Janeiro e é aprovado. Em 17 de Agosto,
faz exame de Francês e também é aprovado. Em 10 de Janeiro de 1896, faz exames
de História Geral e do Brasil – novamente foi aprovado. Dia 29 de Janeiro é
aprovado no exame de Aritmética. Em Março, matricula-se, como aluno interno, no
Colégio Paula Freitas, no Rio de Janeiro, à Rua Haddock Lobo – curso anexo de
preparatórios à Escola Politécnica.
Até mudar-se para o Sítio do Carico, na
Ilha do Governador, o menino Lima Barreto já tinha passado por outras sete
casas, morou, no Flamengo, Centro, Boca do Mato, Catumbi, Santa Teresa e,
novamente, no Centro, antes de chegar à ilha.
A figura da casa sempre teve uma presença
marcante na obra de Lima Barreto que, em romances, contos, artigos e crônicas,
publicados em livros e periódicos, retratou os costumes e o Rio de Janeiro do
fim do século XIX.
O ambiente tranqüilo da Ilha do Governador,
que na passagem para o século XX ainda era uma área rural, produtora de lenha,
cal, frutas e vegetais, ficou registrado em alguns dos 17 livros de Lima
Barreto. O escritor citava o bairro em crônicas e utilizava as peculiaridades
locais em sua obra ficcional. “Ele emprestou as características das casas para
romances como ‘Recordações do escrivão Isaías Caminha’ e ‘Triste fim de
Policarpo Quaresma’”, explica André Luiz, que também mora na Ilha.
O Sítio do Carico, como era chamada a
propriedade, foi identificado recentemente pelo professor da UERJ, Sr. André
Luiz dos Santos, citado em crônicas como “Homem ou boi de canga”, publicada no
periódico ABC, em 29 de maio de 1920 e em “O Estrêla”, publicada quatro anos
antes, no Almanaque D’A Noite. Até então, não havia nenhum registro do imóvel,
que passou por reformas e fica dentro do Parque de Material Bélico da Aeronáutica
(PAMB). Em “Triste fim de Policarpo Quaresma”, o Carico era chamado de Sítio do
Sossego. Impressionada com o achado, a atual diretoria do PAMB resolveu
inaugurar no local uma placa alusiva.
Lima Barreto bacharelou-se em Ciências e
Letras, cujo curso foi custeado pelo Visconde de Ouro Preto, seu padrinho. O
escritor chegou a iniciar o curso de Engenharia na Escola Politécnica do Rio de
Janeiro, mas em 1902, a doença do pai, que enlouqueceu, impediu que ele
continuasse os estudos, pois tinha que ajudar a sustentar os três irmãos mais
novos.
Antiga casa de onde morou Lima Barreto, Sitio do Carico - hoje dentro do Parque de Material Bélico da Aeronáutica (PAMB) - Ilha do Governador |
No ano seguinte, Lima Barreto começou a
trabalhar na Diretoria de Expediente da Secretaria da Guerra. Paralelamente,
passou a colaborar em diversos jornais e periódicos cariocas. Em 1905, atuou
como jornalista profissional no Correio da Manhã. Quatro anos mais tarde, seu
primeiro romance, “Recordações do escrivão Isaías Caminha”, foi lançado em
Lisboa. Apesar da atuação na imprensa, o escritor nunca conseguiu independência
finan- ceira. Acumulou dívidas para editar sua obra e sempre teve dificuldades
para sustentar a família. Mulato, teve de enfrentar, ainda, a discriminação
racial.
Lima Barreto foi derrotado duas vezes nas
eleições para a Academia Brasileira de Letras. Inscrito pela terceira vez,
acabou desistindo. Nos últimos anos de vida levava uma vida boêmia e lutava
contra problemas de saúde. Em 1914, for internado em um hospício. Dois anos
depois, doente, foi obrigado a interromper, por alguns meses, suas atividades
profissionais e literárias. Em 1918 aposentou-se por invalidez e, em 1º de
novembro de 1922, morreu de colapso cardíaco.
Já li que Lima Barreto passou uma grande parte de sua vida no Meyer, lugar que não é citado no post. Poderia me explicar?
ResponderExcluirJá li que Lima Barreto passou uma grande parte de sua vida no Meyer, lugar que não é citado no post. Poderia me explicar?
ResponderExcluirOi Ricardo, desconheço essa parte da historia. Por favor, compartilhe conosco essa informação e a fonte.
ResponderExcluirMuito obrigado por sua participação
Lima Barreto morou no Grande MEYER, no bairro Todos os Santos
ResponderExcluirmorou sim.fui procurar e achei o terreno com uma casa em ruinas,nao sei se ainda existe.tem uns tres anos.
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