domingo, 1 de setembro de 2013

Receita em Tupi antigo para o preparo do cauim


Um passo bastante importante para resgatar a cultura 'Nova Tupi' foi a de recriar industrilamente a bebida de nosso povo de raiz indigena, o Cauim.

O cauim é feito a partir da mandioca fermentada e tem um importante papel ritualístico. Uma das primeiras dificuldades que tive em preparar o cauim de modo cientifico foi a de nomear as fases do processo de produção, cada processo deveria ser meticulosamente descrito em sua língua nativa – o Tupi Antigo.

No texto ‘Conversa do cacique Tatamirim com um Português’  (Eduardo de Almeida Navarro – Método moderno de Tupi Antigo) encontramos todos os nomes em detalhe. Conciliei o texto e diversas pesquisas em campo com a produção da própria bebida em escala reduzida.

Sugiro fortemente que não repitam esse procedimento em casa - é importante dizer que sou um profissional do mercado de bebidas, com domínio em processos  de produção de bebidas alcoólicas. Este processo apresenta diversos riscos, posto que a mandioca g.e. Manihot esculenta porta grande quantidade de acido cianídrico.

A esquerda o Tembi tarara, estandarte do cauim com 8 nichos, representando os oito passos para a produção do Cauim, e o Tykueryru - garrafa ritualística que as etnias indígenas penduram na frente das Kaûĩ apoha (fabricas de Cauim) para avisar que o cauim está pronto nesse ano.

Para consumo humano, a principal característica é que as cultivares apresentem teores de ácido cianídrico (HCN) nas raízes abaixo de 50 ppm ou 50mg de HCN/quilograma de raízes frescas. O teor de HCN varia de acordo com o cultivo, o ambiente e com a idade de colheita.

 Alem da possibilidade de envenenamento com o cianeto, existe o risco de contagio com patogênicos diversos tais como o konzo, salmonela, etc..

Para esta experiência utilizei a Manihot utilisima por ter uma quantidade quase 50 vezes menor de HCN e por ter maior concentração de açúcar.

Segue o texto e estudo de vocabulário:

- Abá-pe kûeî Kunha?
- Kaûĩapó-sara
- Mara-neme-pe kûeî kunhã Kaûï apó-û?
- Pitanga ‘ar-eme, marana r-enondé, maran-iré,
- oré amõ t-obaîara îuka-reme, kunumĩ r-embé mombuka îabi’õ.
- Marã-ngatu-pe kunhã kaûĩ apó-û
- Akaîu kytĩ-ana ungûá pupé o-îo-sok. O Pó pupé
- konipó tepiti pupé, a’e t-y amĩ-î.
- A’e riré, t-y-pûera ygasaba pupé moín-i.
- A’e-pe aîpí abé kaûĩ-namo o-î-monhang?
- Pá. Kunhã-maku aîpĩ abé Kaûĩ o-î-xu’u-su’u. Ygasaba o-îo-s-eî,
- t-y-pûera r-esé i mopó. I mopor-iré, i pupé i nomun-i.
- Abá-pe kûeí kunhã, t-y-pûera mopupu(ra)-sara?
- Morubixaba r-emirekó. Akaîu sak-ara Ka’ioby sy.
- Pysaré t-obaîara îkuá-sar-ama poraseî, o-nhe’engá.
- Abá-pe kûeí kunhã, t-y-pûera mopupu(ra)-sara?
- Abá ka’u pukuî i karu-e’ym-i.
- E’i-katu-pe kunhã kaûĩ gû-abo?
- A’an. Kaûĩ gû-ara abá nhõte. A’e asoîaba o-î-mondeb
- akangatara béno. I ka’u abé, opakatu i xabeypor-i.

            FASES DE PRODUÇÃO

Com este texto podemos descrever o processo em seis fases distintas:

1 - Aîpi Kytĩ-ana
Todo o processo de produção do cauim deve ser feito por mulheres. Aqui elas cortam e descascam a mandioca, a submetem a um primeiro cozimento até que esteja no ponto de maceração. No meu experimento use 3,9kg de mandioca;
1 - Aîpi Kytĩ-ana

2 - Ungûá pupé o-îo sok
Elas então colocam os talos de mandioca no Ungûá (pilão indigena) e socam por algumas horas. No meu experimento soquei por aproximadamente 4 horas;
2 - Ungûá pupé o-îo sok

3 - Tepiti pupé a’e t-y amĩ-î
A seguir pode-se separar o amido do Tucupi (soro que se desprende da massa) com o uso do Tepiti. Pulei este processo para produzir a mandioca nos moldes das tribos pesquisadas (Ye’kuana, Waurás e Mehinak);
3 - Tepiti pupé a’e t-y amĩ-î

4 - Aîpi o- su'u su’u I nomu
Trata-se do processo de mastigar e cuspir a mandioca na Ygassaba. Para este processo os índios usam a amilase da saliva para quebrar a molécula de amido em açucares. Jovens virgens de 12 a 16 anos chamadas de Kunhã-Muku se incumbim do su’u su’u (mastigação) por uns 4 minutos e o consequente nomu (cuspem a massa resultante de volta no Ygasaba). No meu experimento tive dificuldade em encontrar jovens virgens, portanto foi eu mesmo que mastiguei e cuspi;
4 - Aîpi o- su'u su’u I nomu

5 - T-y-pûera mopupu ra–sara
As fervedoras de caldo, chamadas de Mopupura-sara fervem a mistura até que o caldo atinja o estagio de quase ferver;
5 - T-y-pûera mopupu ra–sara

6 – O serviço do cauim é feito pelas ‘Kunhã-Maku’ – lindas moças da tribo.
‘Kunhã-Maku’


            TRADUÇÃO DO TEXTO

- Abá-pe kûeî Kunha?
- Quem são aquelas mulheres?

- Kaûĩapó-sara
- (São) as fazedoras de cauim.

Utilizei os utensílios das tribos pesquisadas - um Tipiti - Ye'Kuana de Roraima, um Ygasaba Waurá (também chamado de Hejé em idoma Waurá) Xingú MT e um Kuté ( de Beijú) Mehinak - Xingú MT

- Mara-neme-pe kûeî kunhã Kaûï apó-û?
- por ocasião de que aquelas mulheres fazem cauim?

- Pitanga ‘ar-eme, marana r-enondé, maran-iré,
ar – nascer
enondé (r-, s-) – antes de
   Ex. Mba’e r-esé-pe ere-sem xe karu îanondé?
   Porque saíste antes que eu comesse?
- Por ocasião do nascer de uma criança, antes das guerras, apos as guerras,
Macerei a mandioca por quatro horas

- oré amõ t-obaîara îuka-reme, kunumĩ r-embé mombuka îabi’õ.
Mombuk – (trans) furar
Îabi’o – a cada, a cada vez que
    Ex Nde só îabi’o, xe só-û-ne.
    A cada vez que fores, eu irei
- por ocasião de nosso matar de algum inimigo, a cada furar de lábios dos meninos.
Embé (te) – lábio inferior, beiço, borda
- Marã-ngatu-pe kunhã kaûĩ apo-û
- De que maneira as mulheres fazem o cauim.
com o kuté, coloquei o beiju no Ygasaba, deixei que descansasse para que as enzimas da minha saliva convertessem o amido em açucares

- Akaîu kytĩ-ana ungûá pupé o-îo-sok. O Pó pupé
ungûá – socador, batedor, pilão
sok (îo) – (trans.) socar, pilar, bater
- A cortadora de caju no pilão, soca-os com sua mão

- konipó tepiti pupé, a’e t-y amĩ-î.
- com o tepiti (prensa de palha), ela espreme o caldo.
Usei a levedura que apareceu naturalmente na mandioca para para a fermentação 
- A’e riré, t-y-pûera ygasaba pupé moín-i.
Moín – (trans) por, colocar
Y (t-, t-) – sumo, caldo, liquido, urina; rio
- Apos isso, o caldo (extraído) dentro de uma talha põe.

- A’e-pe aîpí abé kaûĩ-namo o-î-monhang?
Aipí – aipim
- Elas com a mandicoa, o cauim também é feito? (lit. – Elas também usam a mandioca para fazer o cauim?)
A fermentação aconteceu por três dias, mas reparei que ate o sétimo dia as bolhas não paravam de subir.
a medição com o densimetro foi prejudicada pela grande densidade da 'goma de tacacá'

- Pá. Kunhã-maku aîpĩ abé Kaûĩ o-î-xu’u-su’u. Ygasaba o-îo-s-eî,
su’u-su’u – (trans.) mastigar
Ygasaba – Talha de fazer cauim
- Sim, as moças produtoras mastigam o aipim, lavam a talha,

- t-y-pûera r-esé i mopó. I mopor-iré, i pupé i nomun-i.
Nomun – (intr.) cuspir
Mopor – (trans.) encher, cuspir
- A enchem com o caldo (extraído). Após enchê-la, cospem dentro dela.

- Abá-pe kûeí kunhã, t-y-pûera mopupu(ra)-sara?
Mopupur – (trans.) ferver
- Quem (são) aquelas mulheres - as fervedoras de caldo (extraído)?

- Morubixaba r-emirekó. Akaîu sak-ara Ka’ioby sy.
- As esposas do cacique. A socadora de caju (é) mãe de Caiobi.

- Pysaré t-obaîara îkuá-sar-ama poraseî, o-nhe’engá.
Poraseî – (intr. ) dançar
- A noite toda, os futuros matadores do inimigo dançam, cantando.

- Abá ko’yr o-ka’u o-ína. Kaûĩ me’eng-ara kunhã-muku-porang-a.
Ka’u – beber cauim
- Os homens estão bebendo agora. As moças que dão o cauim (são) bonitas.

- Abá ka’u pukuî i karu-e’ym-i.
- Durante o beber de cauim dos homens, eles não comem.

- E’i-katu-pe kunhã kaûĩ gû-abo?
- Podem as mulheres beber o cauim?

- A’an. Kaûĩ gû-ara abá nhõte. A’e asoîaba o-î-mondeb
mondeb – (trans.) por, enfiar, vestir.
        Ex. A-î-mondeb xe aoba.
               Visto minha roupa.
asoîaba – manto de penas
- Não. Os bebedores de cauim (são) os homens, somente. Eles vestem mantos de penas.

- akangatara béno. I ka’u abé, opakatu i xabeypor-i.
Sabeypor (intr.) embebedar-se
Akangatara – cocar
Abé ( ou BÉ) – logo após, logo depois de, assim que; abé e be também significa desde
- E cocares também. Logo após o beber de cauim deles, todos eles embebedam-se.

Contribuição indígena ao Brasil: lendas e tradições, usos e costumes, fauna e flora, língua, raízes, toponímia, vocabulário, Volume 1 - Irmão José Gregório, editora Ubee.
As lindas 'Kunhã-Maku'  (servidoras de Kauim) fazem o papel de garçonete no lindo restaurante da cultura Nova Tupi

Assim, proponho que, da mesma forma que é feito em regiões renomadas, como Champagne e outras AOCs ao redor do mundo, onde se promove a harmonização de pratos com a bebida e se aprendem termos como “remuage” e “degorgement”, seja igualmente importante que o "cauim" preserve os seus processos no Tupi Antigo.

Podemos dividir os processo de produção de cauim em Tupi Antigo em 6 grupos básicos abertos e um ainda a ser definido, denominado POKÕI (Os 7) em Guarani:

POKÕI - Os 7 Processos Básicos de Produção de Cauim


1/7 MANDIOMITYMAS-Na primeira fase da produção do Cauim devem ser plantadas ‘Manivas’, pedaços do caule cortados com aproximadamente 10 cm em ‘Mandiomitymas’, trechos intercalados na mata pelo sistema agroflorestal. Quanto à matéria-prima, no caso do método japonês utilizamos pérolas de mandioca, ‘Itatinga Beiju’ e no processo enzimático, fécula de mandioca ‘Manikuera’;

2/7 MBEÎU APÓ- se resume a todas as formas de se obter fonte solida de mandioca para podução do Cauim, preparo de farinhas, separação de goma e tucupi, etc. 

A goma 'Minga'u-Pomonga' e o caldo ácido, 'Tucupi', são separados usando um Tipiti, e é produzida a farinha, 'Mbeîu apó'. Como vimos anteriormente, a fécula de mandioca doce passa apenas pelos processos de secagem e moagem, enquanto a fécula de mandioca azeda ‘Karimã Ku’i’ passa por um processo de fermentação antes de ser moída. Em geral, a farinha de mandioca utilizada para fazer o beiju ‘Mbeîu’ é a ‘Tipirati’;

A farinha obtia pode ser socada 'Apasok', e assim como se faz a tapioca, faz-se o beiju "Mbeîu apó. Ao espalhar a farinha 'U'i' na frigideira, o U'i é colocado em uma A 'Ygassaba', aquecida num forno chamado 'Tapyaba', e as 'Kunhã-Muku', mulheres que produzem e servem Cauim (Kaûĩapó-sara) espalham-na e viram-na com uma 'Pia'sawa';

3/7 - SABẼ MBEÎ MOE'Ẽ (ou simplesemnte MOE'Ẽ) - Literalmente, ' o esporo torna o beiju sápido', 'e nessa fase que é realizada a quebra do amido em açúcares, num processo enzimático, no método ancestral, as Kaûĩ apó-sara utilizavam para esse fim a amilase salivar, mastigando e cuspindo a mandioca 'Aîpi o- su'u su'u I nomu'
No método japonês, os esporos de koji são espalhados pelo Itaitinga Beiju e, no caso do método enzimático, o amido é completamente dissolvido na água quente 'T-y-pûera mopupu ra–sara';

4/7 - HAGUINO- Fermentação Alcoólica, (a plavra haguino - vêm de ygynõ – bafio, cheiro de mofo, cheiro desagradável - "Mbeîu, tygynõ ndibé Kaûi-namo s-ekóû", lit. o beiju com o mofo, como cauim fica 'se transforma em cauim').

Nessa quarta fase da produção do Cauim, quando os amidos que já foram quebrados em açúcares (Sabẽ mbeîu moe'ẽ, literalmente 'os esporos tornam o beiju sápido - doce'), dá-se início à fermentação alcoólica ‘Haguino*’, num processo denominado fermentação paralela múltipla – ao mesmo tempo que as enzimas continuam decompondo o amido em açúcares, esses açúcares são transformados em álcool, num processo que dura em média 16 dias;

5/7 - MBOARURU & KÛARA - Literalmente filtração e clarificação. Quanto à filtração, no método japonês é feita por prensagem em sacos de algodão, tal qual o saquê, enquanto no método enzimático, onde a hidratação foi muito bem feita, há apenas uma simples passagem pela malha. Em ambos os processos é recomendado passar pelo processo de clarificação, que no nosso caso é feito com argila de betonita sódica e leva em média 40 dias;

6/7 – MONDYKABA - A conclusão, o destino final dos processos, é aqui que entra a pasteurização, engarrafamento, etc. Nesta sexta e última fase de produção do Cauim, a bebida está pronta, pois já passou pela fermentação alcoólica nas dornas (KAUBA), por filtração (Mbeîu mogûaba)

Basicamente é feito o engarrafamento (Ybyraygá pupé) e a pasteurização, Pasteur rupi kaûĩ rerekó, literalmente, "tratar o cauim segundo Pasteur". 

Como no método japonês existe um mingau, pode-se fazer dois tipos difrentes de bebida, o Katu (Cauim bruto) e o Poquya (Cauim filtrado).

No método enzimático a hidratação foi tão bem feita que o mingau quase desapareceu, mas ainda é importante fazer a filtração e a clarificação, que no caso do Cauim Tiakau é decantado com argila de betonita sódica, num processo que pode passar dos 40 dias.

7/7 -T'ÎAKA'UNE - o serviço do cauim (lit. Vamos beber) 

A sétima etapa (pokõí em Guarani) não foi incluída no texto por todavia não existir, sua forma de consumo ainda não foi descoberta e divulgada pelo público consumidor.

Por ser uma bebida ainda em seus primórdios, ainda temos muito que aprender sobre sua melhor forma de consumo, ou seja, o público consumidor que descobrirá as melhores formas de consumo da bebida, qual a melhor combinação de Cauim para drinks, harmonizações com pratos, copos, etc.  Esta é talvez a melhor experiência que você pode ter com Cauim nos momentos que estão por vir.

.-.-.-.

Espero sinceramente que, através deste empreendimento, possamos resgatar e valorizar as tradições do Brasil como um todo, ao mesmo tempo que construímos um futuro de prosperidade e unidade. Que brindemos não só ao Cauim, mas também à compreensão e ao respeito pelas diferentes culturas que enriquecem o nosso país. 

T’ereîkokatu – que todos fiquemos bem (em Tupi Antigo)!

domingo, 25 de agosto de 2013

Como a Escrita Pode Aumentar a Auto-estima da Cultura Nova Tupi


Etnias Indígenas Brasileiras com um alfabeto próprio 

“Num livro antigo, que pertenceu a mu avô,  Jose Francisco Pagano Brundo, tropeiro de Leopoldina MG, encontrei um documento muito interessante, que pode ser chave para a cultura ‘Nova Tupi’ ou 'Tupi Pop'. Eram estudos de caligrafia colocados no meio de um livro russo de 1807, junto a uma antiga edição ‘Terra de Santa Cruz’  de Viriato Correa (entre outras preciosidades). 
 
Estudo de caligrafia provavelmente feiro por José Francisco Pagano Brundo

Estima-se que tenha sido escrito em 1911 por um estudioso que falava tupi antigo fluentemente. Então, decidi continuar o trabalho do meu avô, reescrevendo minhas lições de tupi antigo usando suas sifras.

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O que aconteceu com os grupos indígenas aqui no Brasil não foi diferente do ocorrido com os japoneses, que aprenderam caracteres chineses a fim de ler e escrever a língua chinesa e por volta do século 6 dC começaram a utilizar o sistema de escrita chinês para representar sua própria língua.  Foi um enorme desafio, porque chineses e japoneses pertencem a famílias de línguas não relacionadas, com sons completamente distintos, gramática e vocabulário muito diferentes.
 
Textos em Tupi Antigo escritos em alfabeto Novo Tupi o Abá-Poru e Ancheta Tupã Mongeta-û

Tal como os japoneses, os Novos Tupis, poderiam adaptar o alfabeto latino usado pelos colonizadores portugueses para criar os 47 Signos Tupis. No exercício encontrado no livro de Jose Francisco, percebe-se que a caligrafia teve muito pouca modificação nas últimas décadas”.

Não fosse pela proibição do Idioma Tupi pelo Marquês de Pombal em 1758, talvez as etnias indígenas tivessem uma grafia como esta. Criada para ilustrar os benefícios de um alfabeto próprio esta grafia tem como base a gramática Tupi escrita pelo Padre Anchieta em 1595 e a Arte da Língua Brasílica de Luiz Figueira, 1621, entre outros textos.

Alfred Burns trata das maravilhas da escrita para nossa civilização no livro ‘The Power of the Written Word: The Role of Literacy in the History of Western Civilization’. Burns conta como que através da escrita fomos capazes de ler textos do período clássico - romanos e gregos, textos de Darwin - que nos fizeram questionar a bíblia, o nascimento da medicina moderna, como Newton fez nascer a ciência a partir da filosofia.

O alfabeto também tem importância fundamental para a auto estima de um povo, como foi constatado pelo rei coreano Sejong.

O Rei Sejong, mudou profundamente a história coreana com a introdução do alfabeto Hangul. Antes da criação do alfabeto Hangul, apenas os membros da mais alta classe eram alfabetizados. Hanja era tipicamente usado para escrever coreano usando caracteres chineses adaptados, enquanto Hanmun, usado para escrever documentos judiciais em chinês clássico.
 
Alfabeto 'Novo Tupi' -
A melhor forma de institucionalizar o Tupi Antigo para as próximas gerações 
Preocupado com a falta de motivação da nação coreana em defender a pátria contra os constantes ataques inimigos, bem como o alto nível de analfabetismo, o rei Sejong decidiu modificar o alfabeto para um mais simples.

Sabendo que os sacerdotes não iriam permitir a mudança do sagrado alfabeto, resolveu usar um artifício para enganá-los. Escreveu com uma substancia doce em folhas de pandamus, para que as formigas comessem em padrões predeterminados.

Mostrou as marcas aos sacerdotes e disse a eles que os deuses haviam enviado um novo sistema de escrita.
 
Rei Sejong e a importancia da escrita para a nação Coreana
- escrita simples que representa o espirito de um povo
A nova escrita foi adotada em 1446. Com apenas algumas horas de estudos uma pessoa pode ler e escrever em Hangul, alfabeto que tornou-se a base cultural da nação coreana.


Durante os anos 40 ao anos 50, William Cameron Townsend (9 de julho de 1896 – 23 de abril de 1982) um importante missionário cristão cujo ministério começou no início do século XX, visitou diversas tribos de povos indígenas no Brasil, Suriname, Bolívia, etc., e fundou o ILV (instituto lingüístico de Verano) o mais famoso e ativo instituto de evangelização pelo idioma e de lingüística aplicada.  


Quando o jovem William Cameron Townsend tentava vender bíblias em espanhol na Guatemala em 1917-1918, ele descobriu que a maior parte das pessoas que ele conhecia não entendiam o espanhol. Eles também não possuíam uma forma escrita para a sua língua, o Cakchiquel. Townsend abandonou sua iniciativa de vender Bíblias e passou a viver com os Cakchiquéis. Ele aprendeu a língua deles, criou um alfabeto para a língua, analisou a gramática, e traduziu o Novo Testamento em apenas dez anos.

A maior parte das traduções ortográficas que existem hoje feitas entre os povos indígenas se derivam do desenho dos alfabetos e silabários criados pelos missionários da ILV. A importância que se outorga a produção de material escrito também parece ser uma herança da linha de trabalho desta organização missionária. No interesse de preservação dos idiomas e das culturas, se faz urgente manter as ricas tradições orais e fortalecer a transmissão generacional da língua através de sua escrita.
 
Silabário de Afaka - um Ndyuka do povoado de Benanu no baixo Tapanahony no Suriname criou em 1910 um alfabeto composto de 56 símbolos que transcrevem cada uma das silabas usadas no idioma.

Esteve no Brasil no ano de 1956, com a chegada da SIL (Sociedade Internacional de Lingüística) no Rio de Janeiro, a convite do antropólogo Darcy Ribeiro. Aqui a SIL chegou a trabalhar com 62 diferentes idiomas indígenas.Além dessa contribuição, a presença da SIL em terras brasílicas foi determinante para o desenvolvimento da própria disciplina lingüística nos centros acadêmicos brasileiros.

Tal como o alfabeto Hangul, o “alfabeto Novo Tupi” é baseado na arte indígena rupestre das cavernas da Pedra do Castelo, no estado do Piauí, tem elementos que facilitam a arte da caligrafia e sintetizam bem os morfemas das mais de 230 etnias indígenas brasileiras.

Silabário Tupi

Recentemente foi encontrado um original silabário Tupi na Universidade de Lyon, França. Embora não se saiba a procedencia nem a data, acredita-se que tenha sido escrito na mesma epoca do sulabario de Afaka. 

     
Silábario Tupi encontrado na Universidade de Lyon FR
Silábario Tupi cursivo encontrado na Universidade de Lyon FR
Alexandre Raymond, responsável pelo achado descreve a seguir como este silabário deve ser usado:


A partir destes 42 sons de base, é possível fazer modificações.

Esta escrita reafirma a essencia do idioma Tupi e pode ser uma incrível ferramenta de valorização de auto estima para toda uma cultura.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Redescobrimos o poder o PROTESTO – precisamos redescobrir o poder do VOTO

Estátuas do Monumento as Bandeiras protestam na Av Paulista

Depois de um prolongado período de alienação política, saímos do torpor a para manifestar nosso inconformismo e redescobrimos o poder renovador do protesto. Mas existe um poder ainda maior que precisamos redescobrir – o poder do voto.

Voto é o combustível do político, sem voto o mau político não pode ocupar cargos públicos e consequentemente, é eliminado do poder.

domingo, 9 de junho de 2013

Como seria o Brasil com a cultura dos índios II – a ‘Cultura Nova Tupi’



Este artigo é a continuação de um post que escrevi em 2012 neste memso blog, no qual perguntei "como seria o Brasil se a cultura Tupi tivesse superado a cultura portuguesa?" (saiba mais).

Essa pergunta me ocorreu no início dos anos 2000, quando eu ilustrava para a revista Superinteressante, mais precisamente para a seção "Superfantástico", na qual perguntavam "e se..." (Ilustrei "e se pudéssemos nos teletransportar" - edição 175, maio de 2002 e "e se os gregos nunca tivessem existido" edição 175 do mesmo ano).

Essas perguntas me fizeram ciriar o movimento Nova Tupi e o estilo artistico Tupi Pop.

 -.-.-


Começo este artigo explorando o paradoxo do Ünkunahpó, que diz que enquanto parte da sociedade brasileira entra em decadência por ter descaso com a cultura indígena e afro brasileira e força as pessoas às valorizarem por meio de uma lei, outra parte entende e valoriza essa cultura e consequentemente prospera, sem a necessidade de ‘ter que respeitar uma lei’ para isso.

Ünkunahpó é o titulo de um documentário que discute aplicação da Lei 11.645/08 , que determina o ensino das Culturas dos povos Indígena nas salas de aula.  Significa "Desenforme" na língua do povo indígena Ye´pamahsã (Tukano). As pesquisas para o Ünkunahpó contam com a colaboração do indígena Bu’ú Ye’pamahsã( Tukano-São Gabriel da Cachoeira-AM) ,que também explica seu significado – “Ünkunahpó vem desenformar os alunos a educação do Brasil está na forma, no entanto informar a sociedade conscientizando para tirar da forma, as crianças precisam conhecer desde pequeno as informações da diversidade a cultura dos povos indígenas da forma como vivem, idiomas, cânticos, rituais, afinal cada povo tem sua idioma própria, crenças e entre outros, entretanto as crianças conhecendo a diversidade serão futuros defensores com respeito e bom cidadão”.
 
segundo Bu'ú Ye'pamahsã - ünkunahpo significa 'desenforme'

Neste paradoxo vemos que enquanto parte das pessoas querem reduzir a importância dos índios e os vêem como uma exclusão sem importância, e por conseqüência saem lesados com a perda de identidade cultural e desgastes desnecessários, tal como a equivocada iniciativa do poder publico em reduzir a importância da FUNAI, e conseqüentemente perdem dinheiro e popularidade; outra parte prospera porque entende e valoriza a cultura brasileira genuína, empreendedores inteligentes aprenderam a se beneficiar da cultura dos índios, afro brasileiros, ou seja valorizam o que é a essência do Brasil e com ela prosperam tal como as empresas Guaraná Antarctica, Havaianas e a Natura.

Alem do samba , futebol e carnaval, a imagem do País – “bonito por natureza”, como canta Jorge Ben Jor – diversos setores da indústria e de serviços levam ao mundo produtos com características verde-amarelas.

Desde commodities, histórica e economicamente fortes – como soja, café e laranja – a itens de moda, as mercadorias do Brasil, em geral, estão em alta no mercado externo. Materias-primas exclusivas e desenvolvimento sustentável de recursos naturais são fatores que incrementam o portfólio canarinho. Entre os casos de sucesso, os cosméticos daqui conquistam cada vez mais espaço e interesse do consumidor internacional.

Uma das primeiras portas que foram abertas para a maior divulgação da brasilidade no mercado mundial foi a comercialização no Duty Free de alguns itens genuinamente brasileiros, como a linha Natura Ekos, da Natura, a cachaça 51 e as famosas Havaianas. Há cerca de dois anos, o Boticário, por exemplo, incluiu seus produtos nos free shoppings dos principais aeroportos do País. Segundo executivos do setor, essa é uma das iniciativas pioneiras que contribuíram para enriquecer a vitrine brasileira e chamar atenção do público externo.


A Natura é um dos exemplos mais empolgantes de como a cultura ‘Nova Tupi’  é o melhor modelo para nos brasileiros seguirmos.

Fundada como uma pequena loja na Oscar Freire e um laboratório em 1969 por Jean-Pierre Berjeaut e pelo atual presidente, Antonio Luiz da Cunha Seabra, a Natura tinha o objetivo de vender produtos de cuidado pessoal que fossem produzidos com fórmulas naturais, de alta qualidade e a preços competitivos.

Hoje é um dos maiores e mais modernos complexos industriais do gênero na América Latina e uma grande força de vendas formada por 6.000 funcionários, que faturou em 2012 R$ 6,3 bilhões, resultado das operações do Brasil, Argentina, Chile, Peru, México e Colômbia. No terceiro trimestre de 2012, os cinco países estrangeiros da América Latina representavam 12,3% da receita consolidada.

Em 2002, a Natura lançava a linha Ekos, uma marca com um modelo pioneiro de fazer negócios de forma sustentável. A marca foi à natureza buscar ativos da biodiversidade brasileira e aprendeu como unir seu uso tradicional com o conhecimento científico para transformá-los em produtos inovadores, com sensoriais inéditos e que respeitam o meio ambiente.
 
Ao longo desses anos, somente com Natura Ekos, foram feitas parcerias com 19 comunidades, abrangendo 1.714 famílias. A linha utiliza 14 ativos da biodiversidade brasileira, cujo fornecimento e repartição de benefícios geraram, ao longo desses anos, mais de R$ 8,5 milhões em recursos. Dessa forma, Natura Ekos apóia o desenvolvimento social, o fortalecimento da economia e o cuidado com o meio-ambiente nas comunidades.

No ano de 2010 a marca inaugurou o seu maior projeto de sustentabilidade: os sabonetes de murumuru, cupuaçu, maracujá e cacau, com 20% a 50% de óleo da biodiversidade brasileira, extraídos de ativos comprados de oito novas comunidades. Com isso, a empresa passa a beneficiar mais 263 famílias e dobra os recursos financeiros revertidos por ano.
 
“Em 2009, revertemos R$ 1,3 milhão ao ano para todas as comunidades fornecedoras de Natura Ekos e, com os novos sabonetes, passamos a reverter R$ 2,6 milhões. Além de valorizar os ativos da biodiversidade, mantendo a floresta em pé, nós nos preocupamos também com as comunidades parceiras, em nos relacionar com elas de forma ética e justa”, explica Gilberto Xandó, diretor de Unidade de Negócio. “Aumentar a concentração de óleos, chegando a 20% a 50%, significa conseguir criar sabonetes únicos nos formatos e nas sensações que despertam na pele. São sabonetes que valorizam a nossa cultura e preservam espécies da nossa floresta”.
 
Para chegar nesse resultado, a Natura levou cerca de dois anos, entre mapeamento das comunidades, capacitação, articulação de parcerias e desenvolvimento dos produtos. São oito novas comunidades: Camta colhe cupuaçu e maracujá; Caepim, Jauari, Coomar, Cofruta, Cart e Santo Antônio do Tauá fornecem murumuru; e Copoam, cacau. Todas as comunidades fornecedoras de ativos para os novos sabonetes priorizam sistemas de manejo agroflorestal e de baixo impacto ambiental. O cacau utilizado nos sabonetes vem de plantação orgânica certificada, e o maracujá, do reaproveitamento do resíduo da fabricação de suco. Com a utilização do cupuaçu nos novos sabonetes, preservam-se 100 km² de Floresta Amazônica. Já o murumuru conserva 3 mil árvores em pé.


“É um processo complexo. Chegar às comunidades que fornecem matérias-primas e garantir que elas sejam extraídas ou cultivadas de forma sustentável, ao longo de toda a cadeia, exige conhecimentos específicos e articulação de parcerias com comunidades, cooperativas, ONGs, centros de pesquisa e órgãos do governo”, diz Xandó. “Mas, no final, todo mundo ganha: natureza, comunidades, consumidores e consultores Natura. Gerar riquezas para todas as pessoas, das cidades às florestas. Essa é a essência de Natura Ekos.”

Seguindo o modelo da sociedade nova Tupi a Nartura não para de prosperar, recentemente fez notícia ao comprar 65% da Emeis Holdins, fabricante australiana de cosméticos por 148,7 milhões de reais.

E o Kaûim?

A matéria que escrevi em 27 de dezembro de 2012 sobre a ‘cultura nova tupi’ fez um grande sucesso – (o conceito de nova tupi extrapola como seria o Brasil se os indígenas tivessem preponderância em nosso estilo de vida nos últimos 200 anos http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html ) - eu já esperava por isso, pois assim como eu, muitos brasileiros sentem a necessidade de valorizar sua própria essência, só não esperava receber diversos e-mails, ligações telefônicas e até uma carta perguntando onde poderia se comprar o Kaûim .
 
Kaûim Carauna - com infusão das folhas escuras de Muira puama
( Carauna significa folha negra em Tupi Antigo) 
Assim sendo, coloco aqui um pouco mais dessa bebida que pode vir a ser uma nova categoria de bebidas. Nesse novo capitulo mostro a ação trade marketing do Kaûim Caraúna, um dos mais vendidos no pais da ‘Cultura Nova Tupi’.
 
Equipe de trade marketing do Kaûim Carauna - o preferido da geração Tupi-Pop (T-Pop)
Caraúna significa ‘folha negra’ em Tupi Antigo, porque este Kaûim tem infusão de Muira Puama (Liriosma Ovata), planta com propriedades afrodisíacas. Na imagem aparece sua versão super premium.

Outros projetos coneituais Novo Tupi

1 - Cruzeiro de Luxo nos rios da Amazônia
 
Cruzeiro pelas aguas dos ríos amazónicos do arquiteto peruano Jordi Puig
O arquiteto peruano Jordi Puig criou este luxuoso barco de 147 pés que acomoda até 32 passageiros, mais a tripulação. É possível fazer viagens  no rio Amazonas com todos os elementos essenciais de qualquer outro navio de cruzeiro, só que em escala menor. Há lounges, um jacuzzi (ao ar livre), ginásio e salas de jantar, além dos lindos e luxuosos quartos com enormes janelas.

2 – Plataforma de pesquisa nas copas das arvores da Amazônia
 
Plataforma na copa das árvores em Xixuaú Xiparina - Roraima
Um ousado centro de ciência foi proposto para a Floresta Amazônica. O projeto, no valor de R $ 6,4 milhões, será localizado no Xixuaú Xiparina, uma região isolada das florestas virgens em Roraima, Brasil.

Um centro de ciência, onde pesquisa séria pode ser realizada, uma passarela com 9,5 km vai descansar nas copas da floresta tropical. Os cientistas do Royal Botanical Garden – Kew e de outras universidades poderão utilizar o centro e a passarela para estudar as copas.

O projeto terá foco em valorizar as comunidades locais e seus interesses de preservação e desenvolvimento sustentável.

3 – Rede de pesquisa e monitoração da floresta amazônica
 
A futuristica RAP - parceria da Designboon com o estudio de design Paulistano Arkiz
A "Rede Amazônica de Pesquisa" RAP - é uma central de pesquisas flutuante servida por uma frota de catamarãs, que monitoram e estudam vários aspectos do complexo ambiente amazônico, mantendo presença constante de pessoal com o propósito de dissuadir a atividade criminosa no local tais como a queima, exploração madeireira ilegal e a biopirataria, atividades estas que cada vez mais ameaçam o delicado ecossistema.

Resultado de uma parceria da agencia de design Designboom e a equipe do estúdio Arkiz de São Paulo, a RAP tem a proposta de fornecer ocupação temporária, que aproveitaria da mobilidade oferecida pelos eficientes sistemas fluviais, de emissão de carbono de praticamente.

O sistema contaria com unidades de investigação móveis providas de estações de ancoragem, plataformas flutuantes de investigação com capacidade de abrigar uma equipe de até 12 pessoas, com os serviços competentes, alojamentos e seis laboratórios modulares, equipados para o trabalho de pesquisa de campo. Também poderiam ser convertidos em instalações médicas para tratar as populações ribeirinhas.

Construídas de alumínio leve e madeira com uma vela e painéis fotovoltaicos na cobertura, as unidades seriam capazes de navegar os rios por até uma semana, sem reabastecimento. O projeto prevê ainda que estas estações sejam separadas de forma eqüidistantes para ampliar a malha de monitoramento.

domingo, 26 de maio de 2013

Onde ver o Rio de Janeiro de Lima Barreto


O autor de “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, Lima Barreto morou na Ilha do Governador dos nove aos 21 anos. Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no dia13 de Maio de 1881, no bairro das Laranjeiras no Rio de Janeiro, à Rua Ipiranga, N.º 18, segundo filho da professora pública Amália Augusta Barreto e do tipógrafo João Henriques de Lima Barreto. Em 13 de Outubro é batizado na igreja matriz de Nossa Senhora da Glória, no Rio de Janeiro.
 
Policarpo Quaresma e Lima Barreto
No dia 13 de maio de 1888, Lima Barreto ganhou um duplo presente de aniversario, teve sua matricula feita na Escola Pública do Rio de Janeiro, regida por D. Tereza Pimentel do Amaral, à Rua do Rezende n.º 143-A, e também na data de seu aniversario de sete anos, foi assinada a Lei Áurea, abolindo a escravatura. O filho de escravos libertos foi levado pelo pai para participar dos festejos que tomaram o Rio de Janeiro.

Em 11 de Fevereiro de 1890, o pai do escritor é demitido da Imprensa Nacional. Em 5 de Março seu pai, João Henriques é nomeado escriturário das Colônias de Alienados da Ilha do Governador. Em Novembro, Lima Barreto recebe, como prêmio escolar, um exemplar da obra de Luís Figuier: “As Grandes Invenções”.

Em Março de 1891, matricula-se como aluno interno, no Liceu Popular Niteroiense, dirigido por William Cunditt, custeado pelo padrinho, Visconde de Ouro Preto, em 20 de Março do mesmo ano, o seu pai é promovido a almoxarife das Colônias de Alienados da Ilha do Governador.

Em 12 de Janeiro de 1895, faz exame de Português, no Ginásio Nacional, Rio de Janeiro e é aprovado. Em 17 de Agosto, faz exame de Francês e também é aprovado. Em 10 de Janeiro de 1896, faz exames de História Geral e do Brasil – novamente foi aprovado. Dia 29 de Janeiro é aprovado no exame de Aritmética. Em Março, matricula-se, como aluno interno, no Colégio Paula Freitas, no Rio de Janeiro, à Rua Haddock Lobo – curso anexo de preparatórios à Escola Politécnica.
 
Casas na Praia da Guanabara, busto de Lima Barreto na Praça Calcuta e Paroquia Nossa Senhora da Ajuda - Ilha do Governador. O bairro parou no tempo. É o melhor lugar para se ver a atmosfera boêmia do Rio de Janeiro de Lima Barreto
Até mudar-se para o Sítio do Carico, na Ilha do Governador, o menino Lima Barreto já tinha passado por outras sete casas, morou, no Flamengo, Centro, Boca do Mato, Catumbi, Santa Teresa e, novamente, no Centro, antes de chegar à ilha.

A figura da casa sempre teve uma presença marcante na obra de Lima Barreto que, em romances, contos, artigos e crônicas, publicados em livros e periódicos, retratou os costumes e o Rio de Janeiro do fim do século XIX.

O ambiente tranqüilo da Ilha do Governador, que na passagem para o século XX ainda era uma área rural, produtora de lenha, cal, frutas e vegetais, ficou registrado em alguns dos 17 livros de Lima Barreto. O escritor citava o bairro em crônicas e utilizava as peculiaridades locais em sua obra ficcional. “Ele emprestou as características das casas para romances como ‘Recordações do escrivão Isaías Caminha’ e ‘Triste fim de Policarpo Quaresma’”, explica André Luiz, que também mora na Ilha.
 
Acolhedora praia da Guanabara - Ilha do Governador
As antigas casas, a bela praia e o panorama do Rio de Janeiro visto ao fundo faz com que tenhamos a impressão que voltamos no tempo. A impressão que dá é que vamos encontrar Lima Barreto bebendo num dos boêmios bares da Rua Praia da Guanabara.
O Sítio do Carico, como era chamada a propriedade, foi identificado recentemente pelo professor da UERJ, Sr. André Luiz dos Santos, citado em crônicas como “Homem ou boi de canga”, publicada no periódico ABC, em 29 de maio de 1920 e em “O Estrêla”, publicada quatro anos antes, no Almanaque D’A Noite. Até então, não havia nenhum registro do imóvel, que passou por reformas e fica dentro do Parque de Material Bélico da Aeronáutica (PAMB). Em “Triste fim de Policarpo Quaresma”, o Carico era chamado de Sítio do Sossego. Impressionada com o achado, a atual diretoria do PAMB resolveu inaugurar no local uma placa alusiva.

Lima Barreto bacharelou-se em Ciências e Letras, cujo curso foi custeado pelo Visconde de Ouro Preto, seu padrinho. O escritor chegou a iniciar o curso de Engenharia na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, mas em 1902, a doença do pai, que enlouqueceu, impediu que ele continuasse os estudos, pois tinha que ajudar a sustentar os três irmãos mais novos.
 
Antiga casa de onde morou Lima Barreto, Sitio do Carico - hoje dentro do Parque de Material Bélico da Aeronáutica (PAMB) - Ilha do Governador
No ano seguinte, Lima Barreto começou a trabalhar na Diretoria de Expediente da Secretaria da Guerra. Paralelamente, passou a colaborar em diversos jornais e periódicos cariocas. Em 1905, atuou como jornalista profissional no Correio da Manhã. Quatro anos mais tarde, seu primeiro romance, “Recordações do escrivão Isaías Caminha”, foi lançado em Lisboa. Apesar da atuação na imprensa, o escritor nunca conseguiu independência finan- ceira. Acumulou dívidas para editar sua obra e sempre teve dificuldades para sustentar a família. Mulato, teve de enfrentar, ainda, a discriminação racial.

Lima Barreto foi derrotado duas vezes nas eleições para a Academia Brasileira de Letras. Inscrito pela terceira vez, acabou desistindo. Nos últimos anos de vida levava uma vida boêmia e lutava contra problemas de saúde. Em 1914, for internado em um hospício. Dois anos depois, doente, foi obrigado a interromper, por alguns meses, suas atividades profissionais e literárias. Em 1918 aposentou-se por invalidez e, em 1º de novembro de 1922, morreu de colapso cardíaco.

domingo, 19 de maio de 2013

Bronca de Policarpo Quaresma no político corrupto



Saiba o que o deputado que você elegeu está fazendo - http://www2.camara.leg.br/transparencia/a-transparencia-na-camara

Exmo. senhor Político ‘Mamungára’*
‘Xe moaîu-marangatu, Xe moyrô-etê-katû-abo, aipo t-ekó-pysasu’**
Você se acha ‘ikirimáua’***, mas é um idiota, quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo.
Alem de ser escravo de sua própria corrupção, o dinheiro desviado que enche sua cueca é o mesmo dinheiro que falta na conservação de seu tumulo, deixa pobre seu filho e seu neto e por fim, amaldiçoa sua imagem no futuro que virá.
Mas não é tarde, pare de errar e faça valer seu mandato...
No dia seguinte a manchete do Jornal diz “Político se suicida e doa toda a sua fortuna para caridade”.
Não era isso que esperava quando votei nele.
Policarpo Quaresma conversa o Deputado que elegeu - todos nos deveríamos fazer isso

* - ‘corrupto’ em Tupi antigo
** - ‘Importuna bem, me deixa muito irado, essa nova lei’ em Tupi antigo
*** - ‘esperto’ em Tupi antigo

domingo, 27 de janeiro de 2013

Policarpo Quaresma E O Halloween 
(Uma Homenagem Ao Escritor Lima Barreto )


Policarpo Quaresma, Saci Pererê, Curupira, Cuca, O Boto... 'O Dia do Saci será dia 31 de outubro e ele substituirá o Halloween na nossa região'.


José era um prefeito de uma cidade do interior . Ele era um viúvo calmo , pacato e nacionalista, que sempre tentava disfarçar o seu nacionalismo , para não cair no exagero.
Ajude-nos a comemorar o dia do Saci (31 de outubro) - compre sua Toy art comemorativa -  contato@blemya.com

O mais interessante , de tudo isto , é que ele era fã do Policarpo Quaresma, personagem do escritor Lima Barreto.
Sempre quando se aproximava o dia do Halloween, dia 31 de outubro, este prefeito ficava triste. Pois, via uma tradição americana entrando em nosso país.
Certo dia, José resolveu ir a um centro espírita, para entrar em contato com a sua falecida esposa.
Chegando lá, ele se sentou na mesa e o pai–de–santo começou a pedir para o espírito da sua ex – esposa baixar.
De repente, José se retorceu. E o pai–de–santo perguntou:
- Que espírito tomou conta deste corpo?
Então, o espírito que estava em José, respondeu:
- Sou o espírito do Policarpo Quaresma. Estou muito triste com esta história de Halloween. Afinal, isto prova que os americanos não são apenas uns imperialistas econômicos. Pois, assim concluímos que eles também são uns imperialistas culturais.
Assim, o pai–de–santo, tremeu e comentou:
- Hi, acho que baixou o espírito errado...
Mas, o espírito do Policarpo Quaresma, disse isto:
- O meu espírito baixou no momento mais certo. Pois, irei sancionar a lei que cria o Dia Do Saci!!!
Então, o pai–de–santo comentou:
- Gostei da idéia, pois o dia do saci está relacionado com o cultura brasileira!
Assim, Policarpo Quaresma comentou:
- O Dia do Saci será dia 31 de outubro e ele substituirá o Halloween na nossa região. 
Então, desta maneira nasceu o Dia Do Saci, que é comemorado com uma festa repleta de personagens da cultura brasileira: mula–sem–cabeça; boitatá , loira–fantasma, chupa–cabra, pomba–gira, curupira e outros personagens da nossa cultura.
Texto de Luciana do Rocio Mallon.

Monumento Ás Banderias Quem é Quem - Por Luiz Pagano

  Monumento às Bandeiras com 32 figuras, e não 37 como relatado em muitos outras referencias (inclusive a Wikipedia e o Site da Prefeitura d...