sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Orixás em Toy Art

Oxalá, Oxum, Iansã, Exu Ogum, Xangô e Oxossi em Toy Art
ASSIM NASCEU O CANDOMBLÉ


Candomblé é uma religião derivada do animismo africano onde se cultuam os orixás (a saber), Voduns ( dos Bantus é o mesmo Vudu cultuado no Haiti), Nkisis (originário do povo Kimbundu no norte de Angola) dependendo da nação.


Culto de origem totêmica e familiar, é uma das religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, pelo chamado povo do santo, mas também em outros países como Uruguai, Argentina, Venezuela, Colômbia, Panamá, México, Alemanha, Itália, Portugal e Espanha. Diferente de como acontecia na África onde estes orixás eram cultuados independentemente em cada nação, aqui no Brasil o culto sofreu uma junção em decorrência da importação de escravos onde, agrupados nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido como babalorixá.

Toy Art do orixá Exú original - saiba como ter a sua contato@blemya.com

Assim como nos horóscopos, todas as pessoas tem orixás que regem a sua vida; os orixás de cabeça ou orixás de frente, a energia básica, fundamental de um individuo e o orixá ‘Ajuntó’ de características mais sutis, que ameniza o caráter do orixá de cabeça.

Para entender mais como o candomblé é tido no Brasil conheça a lenda yorubá (povo Nigério-Congolês) que explica o nascimento dos orixás e do próprio candomblé:

No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos.

Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras.

Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.

O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.

O branco imaculado de Obatalá se perdera.

Oxalá foi reclamar a Olorum.




Toy Art - Olorum Orixá - Deus Supremo


Olorum, também conhecido como Olodumaré, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra.

Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos. Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram.

Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados.

Foram queixar-se com Olorum, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra.

Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.

Foi a condição imposta por Olorum.

Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo:

preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.

Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão.

De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás.

Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos.

Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas.

O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés.

O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais.

Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás.

Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.

Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara.

As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses.

Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas.

Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs.

Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos.

E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.

Os orixás podiam de novo conviver com os mortais.

Os orixás estavam felizes.

Na roda das feitas, no corpo das iaôs,

eles dançavam e dançavam e dançavam.

Estava inventado o candomblé.

Pai de Santo ao centro em frente ao altar, músicos da esquerda para a direita Agogo, Xequerê, Rum, Rumpi e Lé. Freqüentadores a esquerda e orixás na roda de Candomblé: -Exú, Ogum, Oxossi, Xangô, Oxum e Iansã e Oxalá.

Na mitologia Yorubá, há menção de mais de 600 orixás primários, divididos em duas classes, aproximadamente 400 dos Irun do Orun ("céu") Imole e 200 Igbá Imole da Aiye ("Terra").

Estes grupos ainda se dividem em os orixás Funfun (brancos, que vestem branco, como Oxalá e Orunmilá), e os orixás Dudu (pretos, que vestem outras cores, como Obaluayê e Xangô).

Saiba um pouco mais dos orixás mais conhecidos:



Toy Art - Exú Orixá


Exu
É o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé. A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento (associado a figura de Mercúrio ou Hermes)
É ele quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun e o Aiye, seja plenamente realizada.
As saudações de Exu são - Laroyê exú! (yorubá)   ou ainda, Exú é mojubá!
“Saudação amiga à Exú” ; móju (viver à noite) bá (armar emboscada) -  “Exú gosta de viver a noite, sempre capaz de armar emboscadas”.;


Toy Art - Ogum Orixá

Ogum
O senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra.
Era o filho mais velho de Oduduwa e de Obatalá, o casal primordial e propulsor da criação, os fundadores de Ifé, a antiga cidade Yoruba no sudoeste da Nigéria onde atribui-se o nascimento da lenda dos candomblé.
Toy Art do orixá Ogum original - saiba como ter a sua contato@blemya.com

Associado a São Jorge e a Marte ou Ares
Saudação de Ogum é - Patakori Ogun! (yorubá)  ou ainda, Ogunhê! (brado que representa o força de Ogun) pàtàki (principal); ori (cabeça) – Muita honra em ter o mais importante dignitário do Ser Supremo em minha cabeça!;
Toy Art - Oxalá Orixá



Oxalá
É o Orixá associado à criação do mundo e da espécie humana. Apresenta-se de duas maneiras: moço (chamado Oxaguian, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ejionile) e velho (chamado Oxalufan e identificado pelo odu ofun e ejiokô).
A cor de Oxaguiam é o branco levemente mesclado com azul; a de Oxalufam é somente branco. O dia consagrado para ambos é a sexta-feira.
Sua saudação é ÈPA BÀBÁ! Oxalá é considerado e cultuado como o maior e mais respeitado de todos os Orixás do panteão africano. Simboliza a paz, é o pai maior nas nações das religiões de tradição africana. É calmo, sereno, pacificador; é o criador e, portanto, é respeitado por todos os Orixás e todas as nações. A Oxalá pertencem os olhos que vêem tudo;
Toy Art - Oxum Orixá
Oxum
Na religião yoruba, é uma orixá que reina sobre a água doce dos rios, o amor, a intimidade, a beleza, a riqueza e a diplomacia. No candomblé. Oxum é dona do ouro e da nação ijexá.
O seu nome deriva do Rio Osun, que corre na Iorubalândia, região nigeriana de ijexá e Ijebu.
Nas religiões afro-brasileiras é sincretizada com diversas Nossas Senhoras. Na Bahia, ela é tida como Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora dos Prazeres. No Sul do Brasil, é muitas vezes sincretizada com Nossa Senhora da Conceição, enquanto no Centro-Oeste e Sudeste é associada ora à denominação de Nossa Senhora, ora com Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

Toy Art - Oxossi Orixá



Oxossi
É o orixá da caça e da fartura. Pierre Verger, em seu livro Orixás, diz que o culto de Oxóssi foi praticamente extinto na região de Ketu, na Iorubalândia, uma vez que a maioria de seus sacerdotes foram escravizados, tendo sido enviados à força para o Novo Mundo ou mortos.
Aqueles que permaneceram em Ketu deixaram de cultuá-lo por não se lembrarem mais como realizar os ritos apropriados ou por passarem a cultuar outras divindades.
Saudações de Oxossi são - Okê arô! (yorubá)
Okê (monte); arô (título honroso dado aos caçadores) – Salve o grande Caçador!.
Toy Art - Xangô Orixá

Xangô
No seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tendo Yemanjá como mãe e três divindades como esposas: Oyá, Oxum e Obá.
Foi ele quem criou o culto de Egungun, sendo ele o único Orixá que exerce poder sobre os mortos.
Xangô é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes. Xangô é o Orixá do Poder, ele é a representação máxima do poder de Olorun
Para saudar Xangô diz-se - Kawô Kabiecile! (yorubá)
Ká (permita-nos); wô (olhar para); Ka biyê si (Sua Alteza Real); le (complemento de cumprimento a um chefe) – Permita-nos olhar para Vossa Alteza Real!.
Toy Art - Iansã Orixá

Iansã
Os devotos costumam lhe oferecer sua comida favorita, o àkàrà (acarajé), ekuru e abará.
No candomblé a cor utilizada para representá-la é o marrom, ainda que seja mais identificada com a cor Rosa ou o dourado. No Brasil houve uma grande distorção com relação as suas regências e origens.
Inhansã ou Oiá, como é também chamada no Brasil, é uma divindade da Mitologia Yoruba associada aos vento e as águas, sendo mulher de Xangô, o senhor dos raios e tempestades.
É saudada como "Iya mesan lorun", título referente a incumbência recebida como guia dos mortos.
Em Salvador, Oyá ou Iansã é sincretizada com Santa Bárbara;
Toy Art - Obaluayê Orixá


Obaluaye
Obaluaye em iorubá Obaluàyé é traduzido por (rei e senhor da terra), Oba (rei) aiyê (terra), Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, também é conhecido como (Babá Igbona = pai da quentura) deus da varíola e das doenças contagiosas, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos.
Tem como emblema o Xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como "varre" as doenças, impurezas e males sobrenaturais.
Para saudar Obaluaye - Atoto! (yorubá)
Atoto (Silêncio) – Silêncio! Ele está entre nós!
Toy Art - Iemanjá Orixá

Yemanjá
Iyemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja, Iemanjá ou Yemoja é uma orixá africana, cujo nome deriva da expressão Iorubá Yèyé omo ejá ("Mãe cujos filhos são peixes"), no Brasil, a orixá goza de grande popularidade entre os seguidores de religiões afro-brasileiras e até por membros de religiões distintas.
Em Salvador, ocorre anualmente, no dia 2 de fevereiro, a maior festa do país em homenagem à "Rainha do Mar".
Yemanjá é saudada como - Odô-fe-iaba! (yorubá)   ou ainda, Odô iá!
Odô (rio); fe (amada); iyàagba (senhora) – Amada Senhora do Rio (das águas) !

Toy Art - Oxumaré Orixá


Oxumaré

Seu nome significa a cobra-arco-íris em nagô, este orixá representa a mobilidade e a atividade, uma de suas funções é a de dirigir as forças do movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado, o cordão umbilical, a serpente, etc., representa também a riqueza e a fortuna.

No Brasil seus iniciados usam Brajá - longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecer escamas de serpente.

Saudação: Arroboboi Oxumarê!;

Toy Art - Omulu Orixá

Omulu
Na África, é considerado junto à sua mãe Nanã, o Orixá da morte.
Pipocas são estouradas em panelas com areia da praia aquecida, para celebrar sua relação com Iemanjá. A lenda diz que Omolu, muito doente, foi abandonado num rio perto da praia por sua mãe Nanã, por ele ter nascido com grandes deformidades na pele. Iemanjá tinha um enorme amor por ele, adotou-o como filho e o curou de suas doenças. Por isso, são realizadas oferendas a Omolu nas areias das praias do litoral brasileiro.
Saudação: Atoto ajuberú, omolú ke;


Toy Art - Ibejis  Orixás Crianças

Ibejis

Ìbejì ou Ìgbejì - São as divindades infantis gêmeas da vida, protetores dos gêmeos na Mitologia Yoruba, identificados no jogo do merindilogun pelos odu ejioko e iká.
No Brasil existe uma confusão recorrente entre os Ibejis e os Erês, a palavra Eré (não confundir com criança que em yorubá é omodé) vem do yorubá, iré, que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa “fazer brincadeiras”. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade. São sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião.
Ibeji na nação Keto, ou Nvunji em Angola e Congo. São as divindades da brincadeira, da alegria; sua regência está ligada à infância.
Saudação é 'Omi Beijada!';









terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Bando de Lampião - versão Toy Art



Virgulino Ferreira da Silva, (Serra Talhada, 4 de Junho de 1898 — Poço Redondo, 28 de julho de 1938) - o Rei do cangaço, mais conhecido como Lampião, e sua companheira Maria Bonita (Paulo Afonso, 8 de março de 1911 —  28 de julho de 1938) formaram o casal mais unido e temido do sertão.


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Lampião mistura todas as qualidades e defeitos do bandido heróico e chegou a ser considerado o Robin Hood brasileiro pela revista americana Time de 1931, imbuída de lenda. Até os 21 anos de idade ele trabalhava como artesão, era alfabetizado e usava óculos para leitura, características bastante incomuns para a região sertaneja e pobre onde ele morava. Uma das versões a respeito de seu apelido é que ele modificou um fuzil, possibilitando-o a atirar mais rápido, sendo que o cano aquecia tanto que brilhava dando a aparência de um lampião. Destacamos a bravura e heroísmo de Lampião e a coragem e firmeza de Maria Bonita, que mesmo passando por todo tipo de dificuldade, continuaram unidos e com a esperança de uma vida mais tranqüila, longe do crime e longe das armas. apesar de perverso, queria ser visto como um homem bom. Lampião é conhecido como o Robin Hood do sertão brasileiro, que roubava de fazendeiros, políticos e coronéis da época do coronelismo para dar aos pobres miseráveis, que passavam fome e lutavam para sustentar famílias com inúmeros filhos.
 Toy Art de Lampião


Era devoto de Padre Cícero e trazia sempre consigo um rosário e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. e respeitava as suas crenças e conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, no ano de 1926, em Juazeiro do Norte.

Em várias das cidades que invadiu chegou a ir à igreja, onde deixava donativos fartos, exceto para São Benedito. "Onde já se viu negro ser santo?", dizia, demonstrando seu racismo. Supersticioso, andava com amuletos espalhados pela roupa. Levou sete tiros e perdeu o olho direito, mas acreditava-se que tinha o corpo fechado.
Toy Art de Maria Bonita


Sua namorada, Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Bonita, juntou-se ao bando em 1930 e, assim como as demais mulheres do grupo, vestia-se como um cangaceiro e participou de muitas das ações do bando. Virgulino e Maria Bonita tiveram uma filha, Expedita Ferreira, nascida em 13 de setembro de 1932. Porém, ao mesmo tempo em que metia medo nas pessoas, era respeitado; ao mesmo tempo em que era bandido, era autoridade. E é justamente desse modo que ele ficou na memória das pessoas: a figura do guerreiro, estrategista, inteligente, leal e honesto. O bando de Lampião foi cercado e morto em Angicos, Sergipe, os integrantes do bando foram degolados e as cabeças expostas como troféus na escadaria onde hoje funciona a Prefeitura de Piranhas (AL).

domingo, 21 de outubro de 2012

Porque o PÃO DE ACUCAR se chama PÃO DE ACUCAR



Os cristais formados nos tachos em fôrmas de metal que tinham o formato de um cone invertido pareciam com a montanha do Rio de Janeiro

Os Portugueses que chegaram ao Brasil no século XVI, acreditavam que o morro do Pão de Açúcar no Rio de Janeiro fosse uma obra feita pelo homem
Diz a lenda que foi o próprio Padre Anchieta que colocou o nome no morro de "pão de açúcar" pois parecia com cones obtidos no refino do açúcar.

A forma de se produzir açúcar durante a renascença era através da purgação de açúcar ou a antiga maneira de se purgar o açúcar, isto é, separar os cristais formados do melaço, operação característica dos antigos engenhos de açúcar. Nos engenhos, essa separação consistia na colocação da massa cozida obtida nos tachos em fôrmas de metal que tinham o formato de um cone invertido, com um orifício inferior por onde o mel escoava por gravidade.
Charles Landseer circa 1827 Pão de Açucar visto da Estrada Silvester 

Para auxiliar a purga era necessário se manter o açúcar com um grau adequado de umidade, o que se conseguia através da colocação de uma ou mais camadas de barro, ou mesmo de estrume, na parte superior da fôrma, que eram cuidadosamente umedecidas a cada cinco ou seis dias. Essas operações tinham de ser feitas cuidadosamente, pois delas dependia a qualidade final do açúcar. Uma vez escoado o melaço, após um período que podia chegar a um mês, dependendo do clima, os cristais de açúcar estavam aglutinados e eram retirados das fôrmas em blocos que tinham tomado a geometria destas. Ora, isso guardava semelhança com a produção do pão, que também era assado em fôrmas, e assim por analogia, passou-se a denominar de "pão de açúcar" o cone de cristais obtido após a purga.

Philip-Galle-1537


Mas os cones não eram homogêneos quanto à qualidade do açúcar, nem tampouco eram práticos para se embalar e transportar. Assim, uma vez produzidos, eram quebrados, levando-se em conta as camadas mais claras e escuras, que correspondiam a um açúcar mais branco na base do cone e mais escuro em seu ápice. Essa é outra razão para as fôrmas serem cônicas, pois a região da base do cone, de açúcar mais branco, era bem mais volumosa do que a do ápice, onde o açúcar era mais escuro. As regiões do cone que tinham o açúcar mais escuro eram retiradas por intermédio de um facão, em uma operação denominada de "mascavar" e o açúcar escuro era chamado de "mascavado", que também significa "quebrado". O bloco restante de açúcar branco era desfeito com o auxílio de toletes de madeira e era posteriormente colocado em caixas para seu transporte. 


Havia também os açucares especiais, como a base do cone, que cuidadosamente cortada com a espessura de alguns centímetros, era embalada em palha ou couro, ou ainda aparada em formato de cubos, com a finalidade de se presentear. O melaço resultante da purga era enviado novamente aos tachos, onde durante sua concentração era batido com o auxílio de uma escumadeira e originava o açúcar "batido", tanto branco como mascavado. Esse processo é semelhante ao das "batedeiras" das atuais refinarias de açúcar amorfo. Os métodos descritos foram utilizados por centenas de anos, desde o advento da produção de açúcar. Com a invenção da centrifugação, como método de separação dos cristais de açúcar na primeira metade do século XIX, o sistema de se purgar o açúcar por gravidade empregando-se fôrmas foi rapidamente abandonado, tornando-se curiosidades do passado, assim como os vocábulos que se originaram dessas práticas.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

História de Itã - o Homem dos Sambaquis


Mal chegam ao Sambaqui Itã e sua comitiva se alimentam dos mariscos do prospero local
Ano 6700 aC - Um pequeno hominídeo de aproximadamente 1,50m de altura lidera um grupo de caçadores/coletores numa região interior próxima à praia das Cabeçudas, em Santa Catarina (naquela época o nível do mar estava mais alto do que nos dias atuais).

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Itã - O homem do Sambaqui
Podemos chamar este pequeno hominídeo de Itã (concha / pedra polida em Tupi antigo).

Itã avança com um pequeno grupo e encontra um diminuto Sambaqui abandonado em meio a uma rica reserva de moluscos, em uma linda praia. Essa pequena formação de 6 homens liderada por Itã é um grupo avançado que tem o objetivo de explorar os arredores, logo após de terem sido expulsos de um rico sitio a alguns quilômetros dali.

Este Sambaqui parece ter sido abandonado devido a escassez de moluscos, mas com o passar do tempo, deixou de ser um sambaqui exaurido e agora apresenta certa prosperidade.

Itã volta a seu grupo familiar acampado no interior e avisa os cerca de 200 integrantes de sua tribo familiar sobre a sua boa descoberta.

Esta é uma historia fictícia, com base nos últimos resultados de pesquisas arqueológicas que pode bem ter acontecido. Existe no litoral brasileiro e nas foz de grandes rios centenas de sítios arqueológicos de um povo seminômade, que viviam com uma certa organização social nos chamados Sambaquis.

Os Sambaquis (do tupi tamba'kï; literalmente "monte de conchas") encontram-se em toda costa brasileira, também são chamados de concheiros, casqueiros, berbigueiros, Sell Middens, etc. Estes depósitos de material histórico desde cedo chamaram a atenção dos colonizadores, foram visitados pelo Imperador D. Pedro II, exímio naturalista, que por eles se encantou, foram alvos de estudos por parte da Universidade de São Paulo e atraíram a atenção de Paul Rivet, o lendário Diretor do Museu do Homem, e "pai" da moderna Antropologia americana. No litoral sul do Brasil foram estudados pelo arqueólogo João Alfredo Rohr.

Aspecto de um sambaqui

Estes sítios arqueológicos de dimensões monumentais que chegavam a ter até 30 metros de altura serviam de habitação, refugio e até mesmo de cemitério. Durante muito tempo acreditou-se que tratava-se apenas de restos fossilizados de povos antigos, mas estudos recentes indicam que estes montes de concha foram construídos propositalmente.

O estudo destas construções fornece um intrincado material de pesquisa tal qual um quebra-cabeças que nos mostra como foi a vida cotidiana dos homens pré-históricos que habitavam o litoral brasileiro.
Objetos colocados junto aos corpos indicam o ritual funerário - Museu do Homem do Sambaqui - SC

Restos de peixes e moluscos indicam que eles eram pescadores e coletores. "Descobrimos que a maioria dos grupos era sedentária e não nômade, como se pensava antes", diz o arqueólogo Paulo DeBlasis, da Universidade de São Paulo (USP).
A seguir, passo a passo de como os Sambaquieiros faziam os anzóis a partir de um fragmento de osso 

Restos de fogueira e de alimentos indicam que a dieta dos sambaquieiros vinha principalmente do mar. Algumas comunidades já cultivavam vegetais, o que trazia um problema inesperado: em cadáveres de sambaquis do Rio de Janeiro, a alta incidência de cáries pode estar relacionada ao consumo excessivo de mandioca.
Esta estatua de um casal de aves - Zoólito -  indica que os homens do Sambaqui praticavam a arte
A destreza dos sambaquieiros ficou registrada nos zoólitos, esculturas de pedra que representam mais de duas centenas de animais e de figuras geométricas. Em alguns casos, os artesãos caprichavam tanto nas imagens de peixes que é possível até reconhecer a espécie representada

Desde a planície costeira centro-sul de Santa Catarina, entre Passagem da Barra (município de Laguna) e lago Figueirinha (município de Jaguaruna), foram mapeados 76 sambaquis, dos quais 48 já possuem datação.
Utensílios para trabalhos diversos
A diferença de hábitos culturais e alimentares, levou à conclusão de que o sambaqui era obra de uma sociedade distinta daquela dos Tupi-guaranis, que então povoavam toda a região costeira do país. Estudos recentes, sugerem que os sambaquis foram erguidos por povos que viveram na costa brasileira entre 10 mil e 2 mil anos antes do presente.

O levantamento sistemático de sítios de Santa Catarina e datações permitiu identificar padrões de distribuição espacial nos sambaquis da região, quanto ao contexto sedimentar da época de construção, estratigrafia e idade. Desse modo, reconheceram-se nos sítios da região: cinco contextos geológico-geomorfológicos de localização; três padrões estratigráficos; e quatro fases de ocupação sambaquieira baseadas na quantidade de sítios e no tipo de padrão construtivo dominante.

O maravilhoso trabalho realizado pelos pesquisadores do Museu do Homem do Sambaqui Padre João Alfredo Rhor em Florianópolis – SC promete revelar ainda mais segredos sobre a bela historia dos primeiros homens que habitavam nossas terras, muito antes da chegada dos colonizadores.

Monumento Ás Banderias Quem é Quem - Por Luiz Pagano

  Monumento às Bandeiras com 32 figuras, e não 37 como relatado em muitos outras referencias (inclusive a Wikipedia e o Site da Prefeitura d...