quarta-feira, 22 de julho de 2020

Avenida Paulista antes e hoje

Casarões da Av Paulista 1902 - reconstituição colonizada da clássica foto de Guilherme Gaensly, tomada da torre da casa n.91 de Adam Von Büllow com o Pico do Jaraguá ao fundo
A Avenida Paulista, principal arena cultural e econômica da cidade de São Paulo dos dias de hoje, teve importância relativamente igual para os povos brasileiros ancestrais. A chamada floresta do Ka’á Guatá, nome em lingua Tupi-Antiga para se referir a “A Grande Mata” que recobria todo o cume do espigão montanhoso de 800 milhões de anos, é a estrutura de granito que forma o sitio de São Paulo de Piratininga. Hoje, com bem menos cobertura verde, deixa passar as avenidas Paulista, Doutor Arnaldo e Cerro Corá.

Se o menor Triângulo Histórico que se eleva dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, apontado para a antiga montanha sagrada do Inhapuambuçú (hoje aterrada) é tido como o centro arqueológico e geográfico da America do Sul (veja artigo https://ameobrasil.blogspot.com/2020/07/triangulo-historico-de-sao-paulo-o.html ) a mata do Ka’á Guatá formada no topo do grande triângulo dos rios Tietê e Pinheiros, tendo como montanha sagarada o Pico do Jaraguá (Tupi-Antigo - Yara Guá – O Senhor do Vale) era o principal repositório de vida e energia, seja por suas várias nascentes, ou por sua capacidade de fornecer caça e pesca abundante e variada. Lá nasciam os vários rios e córregos que alimentam o rio Tietê, conhecido pelos Tupiniquim como a Mãe Virtuosa, (do Tupi Antigo - Sy eté - lit “a mãe que tudo provê”).
Espigão da Paulista, a mata do Ka’á Guatá formada no cume do grande triângulo, formação geológica de 800 milhões de anos alimenta os rios Tietê e Pinheiros com os córregos que dela nascem nascem, tinha importância vital para a dinâmica dos Tupiniquim.
O livro de Marco Antonio Veras, ‘João Ramalho o pioneiro povoador’ nos dá um relato da vida cotidiana de João Ramalho e Tibiriçã “Depois da dança, a comilança, caças assadas, beijus, mingaus, frutas. Tudo acompanhado de goles de cauim, muita risada e alegria. Com todo esse cerimonial complicado, casaram João Ramalho e M’Byci (Flôr de Árvore - Bartira ou Potira), ou Potira, a flor do sertão. João Passou a vivier na oca principal, a do chefe da aldeia Tibiriçá, agora seu sogro. A vida voltou a rotina, o moço gostava de acompanhar os guerreiros em suas caçadas e pescarias. Frequentemente visitavam outras aldeias do mesmo povo Guaianá, eram muitas para chegar até elas, desciam o rio próximo à taba, que se chamava Tamanduateí, na desembocadura deste, em um rio bem maior, que chamavam de Tietê, subiam ou desciam conforme o local que queriam visitar. A quantidade de animais silvestres que viviam nos campos próximos a esses rios, os peixes que viviam nessas águas, impressionavam a João, acostumado aos poucos peixes de rios de clima temperado, de sua terra”.
Antigo trecho inicial da Avenida Paulista, da rua Minas Gerais, até a rua Augusta de hoje - com a troca de numeração, esse trecho passou a ser o fim da av. Paulista, que,  conforme conhecimento popular, diz se assemelhar ao casamento, que começa no Paraíso e termina na Consolação

Infelizmente, os únicos 'índios' que restam hoje na densa mata do Ka’á Guatá são os pintados na tela do artista italiano Agostino Brunias (c. 1780) em exposição no MASP. A obra que fora doada em 1951 por João Doria (pai) com algumas atribuições erróneas, foi reavaliada e desmentida no ano de 2015. Doria acreditava que o quadro fosse de Jean-Baptiste Debret e que os indígenas fossem do Brasil, no entanto  mediante reconsiderações de especialistas, a pintura foi devidamente atribuída a Brunias, pintor inglês de origem italiana que morou no Caribe, local onde pintou bem o que conhecia, cenas de uma população miscigenada, entretida em atividade cotidianas, aparentemente um picnic (veja ilustração em imagem bem abaixo).

Manancial

Mesmo tendo perdido muito de sua cobertura verde, o espigão central ainda é responsável pelo nascimento de de diversos corregos e rios. Na face norte nasce o córrego  Fortunato Ferraz cuja nascente se localiza perto do Poelezão, na Vila Leopoldina, o Córrego Tiburtino que nasce na Cerro Corá, o Corrego da Água Preta (Heitor Penteado), Sumaré e Saracura, que nascem em lugar proximo ao MASP e corre por toda extensão da 9 de Julho, desaguando no Córrego do Anhangabaú, o sagrado rio dos Tupiniquim, ambos poluídos e canalizados, e o rio Itororó, que tem sua nascente nas dependências do Hospital Beneficência Portuguesa - como ja foi dito, todos eles correm em direção ao Rio Tietê.
No antigo começo da Avenida Paulista existia uma obra que era dividida entre o amor e ódio pelos paulistanos, o Monumento a Olavo Bilac, construído pelo movimento 11 de Agosto da Escola de Direito do largo de S. Francisco, tinha obvias inclinações políticas. A figura de Olavo Bilac parecia estar coordenado o transito, as estatuas auxiliares que pecava pela arrogância do artista escultor William Zadig, que pobremente tentava se igualar a Rodin, tinha seu ponto mais polemico com a estatua do 'Beijo Eterno' - a partir daí vemos as casa de n. 01 do lado esquerdo e 2 do lado direito, que pertenciam respectivamente a Antonio e Thereza Rolim de Oliveira, (Antonio era membro do movimento que colocou a estatua no começo da Paulista). A casa de n. 7 pertenceu a Antonio Pereira Inácio, O Colégio Anglo-Brasileiro, ocupava o lote de n. 17, que hoje dá espaço ao colégio São Luiz, a igreja Jesuíta de São Luis Gonzaga só ficou pronta no ano de  1935. Do do lado par temos ainda as casa de n.6 de Antenor Camargo Penteado, n. 8 de Taufik Camasmie, que sobreviveu em mal estado de conservação, exibindo outdoors de frente a rua da Consolação, foi demolida na década de 1980 nas obras de construção do Metrô Consolação, e a casa de n. 46 que pertenceu a Horacio Belford Sabino, cuja o enorme terreno serviu para a construção do Conjunto Nacional.
Na face sul temos o Corrego Belini e o Corrego das Corujas que nascem proximo à Praça do Por do Sol, o corrego Verde, o Corrego iguatemi que Nasce na José Maria Lisboa, esquina com a Alameda Franca e desce pela 9 de julho e Artur Ramos em direção ao Pinheiros, o Corrego do Sapateiro que nasce no Paraíso, passa pelo parque do Ibirapuera e corre pela Juscelino Kubistscheck – da mesma forma, todos esses correm pela bacia hidrográfica do Rio Pinheiros e para ele correm.
O Monumento a Olavo Bilac foi retirado e espalhado pela cidade - o Beijo eterno esta na frente da Escola de Direito do Largo de São Francisco. ,a casa de n. 01 deu lugar a un estacionamento e a de n. 2 virou praça. 

Nos primeiros anos de colonização, encontramos varias menções a esses rios e corregos ao dar referência aos chafarizes públicos, as bicas e as fontes que abasteciam a cidade, destacam-se a Bica do Moringuinho, próxima à atual Rua Jaceguai, e a Bica do Acu, nascente que existiu no cruzamento da Rua Brigadeiro Tobias com a Rua Santa Efigênia.

O Hospital Santa Catarina e o quarteirão Final da Paulista, (hoje o início dela) 
A Rua Jaceguai teve origem num caminho que conduzia a essa bica cruzando ao vale. Outra nascente bem conhecida ficava no local onde hoje está a Praça Carlos Gomes. Era a Bica de Baixo.

Da Mata ao Loteamento

Nos anos de 1700~1800 o espigão central era ocupado pela chamada Chácara do Capão, (do Tupi-Antigo - Ka’á Y’pa’un, ilha de matas, lugar com grande concentração vegetal) composta por diversas propriedades de terra ligadas por outras trilhas e caminhos abertos para conduzir boiadas, dentre eles a rua principal, chamada de Rua Real Grandeza, nome dado ao percurso que hoje corresponde à av Paulista.
Um dos passeio mais legais das classes ascendentes nos anos 50 era ir até a avenida Paulista de carro, chegar até o fim da avenida, no bairro do Paraíso e abastecer no Posto de Gasolina Atlantic. Antes do posto ficar nesse local era a casa do Comendador João Fraccaroli empresário do ramo de hotelaria em Santos. Nos anos 20 a Standard Oil ganhou uma concessão para colocação de uma bomba de combustível na região da praça, o Hospital Santa Catarina, de 1904 foi ampliando cada vez mais até sua ultima reforma no ano de 1993, quando também inaugurou um pequeno museu com peças de sua história,

A partir do desejo dos abastados paulistas em expandir na cidade em novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios, o engenheiro uruguaio Joaquim Eugênio de Lima e o Dr. Clementino de Souza e Castro, que na época era presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo (atual cargo de prefeito), tiveram a visão de fazer nessa região o maior e mais importante empreendimento imobíliário de São Paulo.
A casa de n. 117 de Elias Calfat é hoje o Centro Empresarial G. V. no numero 542. a casa de numero 142 pertenceu a Arthur Guimarães, onde hoje fica o Cond Edifício Barão do Rio Branco, n. 575, o  Instituto Pasteur foi fundado por iniciativa privada em 5 de agosto de 1903 como uma instituição particular e altruística e por fim, a casa das Rosas, uma das 4 casas que restam até os dias de hoje.

Eles mesmos já possuiam muita terra na região, no entanto, algumas aquisições ainda precisaram ser feitas, começaram por adquirir dois lotes de terra na rua Real Grandeza, prorpiedade de José Coelho Pamplona e Maria José Paim Pamplona, registrada no dia 15 de fevereiro de 1890 por rs 10:000$000 (super unidade monetária adotada na época da grand inflação de 1860 a 1940, pronuncia-se dez contos de réis) no bairro da Bela Sintra, na freguesia da Consolação, trecho que vinha da Consolação e descia pela rua Itapeva, até a rua Paim dos dias de hoje, depois disso, nos dias 10 e 22 de março de 1890 adiquiriam mais alguns lotes de João Pinto Gonçalves e Randolfo Margarido da Silva ao redor da mesma rua, a importante rua Real Grandeza.
Esse mapa resume a evolução imobiliária da av. Paulista dos anos 30 até hoje, repare que ocupação quase que 100% habitacional deu lugar a diversas atividades econômicas e sociais.

Assim seguiram comprando, adiquriram algumas dezenas de lotes até que em menos de dois anos, já tinham toda área necessária para o dar início ao empreendimento, que ia da atual Rua Minas Gerais, em Higienópolis até o bairro do Paraíso, com lotes numerdados que iam de 1 a 200 (mais tarde veremos que o sentido numérico da avenida mudou, passou a iniciar-se no Paraíso com fim na rua da Consolação).

No dia 8 de dezembro de 1891 a Avenida Paulista foi inaugurada.

Casarões 
Trecho entre a Alameda Casa Branca e Al Campinas, na foto de baixo a esquerda, vemos uma reconstituição do que seria uma clareira na mata do Ka'á Guatá em meio a bicada principal, com um acampamento de nativos - essa trilha mais tarde viria a se chamar Rua Real Grandeza, que por sua vez se transformaria na atua Avenida Paulista.
Um dos passeio mais legais das classes ascendentes nos anos 20~50 era ir até a avenida Pluista de carro, iniciar na estatua de Olavo Bilac, seguir até o fim da avenida, no bairro do Paraíso, abastecer no Posto de Gasolina Atlantic que ficava na Praça Oswaldo Cruz e regressar vendo, com a família, casa por casa.
Casarões do trecho que corresponde a Alameda Campinas à Pamplona, casas de número 112 de Otto Weisflog, hoje agência do Banco Safra n. 1063 - , número 110 casa de Thomas Muir serviu como residência oficial do consul da Alemanha, hoje dá lugar ao Edificio João Salem 1079; Casa de n. 108 de Francisco Alberto Pereira, hoje deu lugar ao prédio do Citibank.

A avenida seguia padrões urbanísticos relativamente novos para a época, seus palacetes possuíam regras de implantação, como conjunto, nos memsmos moldes dos Alphavilles que viriam depois nos anos de 1970~80.
A casa número 98, do Sr, Nagib Salem, que tinha comércio de tecidos e armarinho na rua 25 de março, deu lugar hoje ao número 1313, o famoso e importante prédio da FIESP, onde empresários manifestam seus interesses; A casa de n 89 do Sr. José Borges de Figueiredo, um dos sócios do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima que o ajudou na aquisição de chácaras da região. Em um desses terrenos, mandou erguer, em 1897, sua residência, hoje dá lugar ao Edifício Paulista no número 1100
Os novos palacetes incorporavam os elementos da arquitetura eclética, fazendo da avenida uma espécie de museu de estilos arquitetônicos de períodos e lugares diversos, foi a primeira via pública a ser asfaltada em São Paulo no ano de 1909, com material importado da Alemanha, uma novidade até na Europa e nos Estados Unidos.

Antes dos automóveis e bondes elétricos, a avenida teve problemas com poluição. Logo depois da inauguração vieram à tona leis que desviavam o tráfego de muares e animais de carga devido ao grande volume de esterco depositado na via carroçável, cena completamente incompatível com a elite  que pagou alto para ter padrão de vida luxuoso - o poder público não dava conta de limpar todo aquele esterco, foi então que tiveram a idéia de desviar o transito pela ladeira da alameda Santos e o excremento rolava ladeira abaixo.

Esse perfil estritamente residencial da avenida permaneceu até meados da década de 1950, quando o desenvolvimento econômico da cidade levou os novos empreendimentos comerciais e de serviços para regiões afastadas do seu centro histórico.

Casarões que ainda sobrevivem
Ainda restam 4 casarões

Em julho de 2013 com a demolição do Casarão da década de 1960 que ficava no numero 1373 entre a Pamplona e a Casa Branca, restaram apenas 4 das casas residenciais da antiga Paulista:

-A casa numero 1919 de Joaquim Franco de Melo, construída em 1905 já foi alugada para vários fins, o mais legal deles foi o Espaço Odeon do empresário Arnaldo Waligora em meados dos anos 1990. Em 2019, mais um passo rumo ao fim do litígio que já dura mais de 20 anos entre a família e o CONDEPHAT foi dado a favor da família. Em péssimo estado de conservação, periga ir para as mãos da secretaria da cultura;

-Conhecido pela decoração natalina, o casarão em estilo neoclássico de número número 1811, que já foi uma agencia do Bank Boston e Banco Itaú, tem encantado agências de publicidade, seus clientes e, principalmente, os visitantes, que finalmente tem a oportunidade de conhecer esta maravilhosa casa por dentro;

-A casa de n. 709 da família Sadocco, foi a primeira a alugar para fins de entretenimento, o McDonald's dos anos 1990. Depois disso passou a ser a Agencia 1784-Bela Paulista do Banco Santander;

-A casa das Rosas, n. 37, tombada em 1985 pelo CONDEPHAT, é hoje o Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. Casa de estilo francês quw pertenceu a filha de Francisco de Paula Ramos de Azevedo e o casarão mais famoso e visitado da Paulista.

O Primeiro Prédio
Casarões entre a Augusta e a Frei Caneca dão lugar ao primeiro prédio da Paulista
Acreditava-se que o primeiro prédio da Av paulista fosse o Edifício Anchieta, no atual número 2584 de 1941 mas conforme pesquisa de José Vignoli, descobriu-se que o Prédio Avenida, chegou antes.

Construido antes de serem permitidos prédios na avenida pela Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937, o Prédio Avenida surgiu no espaço das casas de número 37, 39 de Nahar Soubhia e do número 41 de Gabriela Dumont Villares. Infelismente o predio foi demolido no início da decada de 1970 para a onstrução do Edificio Avenida, que posteriormente, recebeu o número 2000 da Avenida Paulista, com projeto de Mauricio Kogan de 1975 foi inagurado em julho de 1979.
Construido antes de serem permitidos prédios na avenida, que só ocorreu depois da Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937, o Prédio Avenida surgiu no espaço das casas de número 37, 39 de Nahar Soubhia e do número 41 de Gabriela Dumont Villares. a casa de n. 45 de Rodolfo Crespi dá lugar ao so prédios da Caixa Economica Federal, Cetenco Plaza (em mediações) no numero 1842, seu vizinho, Herculano de Almeida Prado, n. 51 é hoje o Banco Central do Brasil, no n. 1804, a frente a casa de numero 52 de Joaquim Franco de Melo, uma das 4 casas que ainda restam na avenida.

O Último Bonde

Para falar do ultimo, temos que mencionar o primeiro, no caso o bonde elétrico da “Light” – São Paulo Tramway, Light & Power Company colocado em operação no ano de3 1900 para substituir  os anteriores, movidos a 'tração animal de burro'. Sua vida foi relativamente curta, no dia 27 de março de 1968 quando uma movimentação pouco usual agitava a capital paulista, o então prefeito municipal dirigia-se junto a uma grande comitiva de políticos, assessores e convidados para um evento de despedida: Aconteceria a última viagem de bondes da Cidade de São Paulo.
Construido antes de serem permitidos prédios na avenida, que só ocorreu depois da Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937, o Prédio Avenida surgiu no espaço das casas de número 37, 39 de Nahar Soubhia e do número 41 de Gabriela Dumont Villares. a casa de n. 45 de Rodolfo Crespi dá lugar ao so prédios da Caixa Economica Federal, Cetenco Plaza no numero 1842, seu vizinho, Herculano de Almeida Prado, n. 51 é hoje o Banco Central do Brasil, no n. 1804, a frente a casa de numero 52 de Joaquim Franco de Melo, uma das 4 casas que ainda restam na avenida.

Tão populista como qualquer outro político, Faria Lima faria da derradeira viagem de bonde, um evento festivo que seria comentado e lembrado por muito tempo. Afinal, lentos, problemáticos e deficitários os bondes não deixariam – naquele momento – saudades na grande maioria da população.

Os bondes foram planejados para serem extintos na gestão do prefeito anterior, Prestes Maia, entretanto dificuldades para a plena substituição do serviço de maneira eficaz atrasaram o projeto para o próximo mandatário.

O último Bonde da Avenida Paulista
Chegada a hora, a festividade agitou a Vila Mariana bem diante do prédio do Instituto Biológico, ponto inicial da então última linha sobrevivente de bondes da cidade, a ˝Instituto Biológico – Santo Amaro˝. Ao todo um cortejo composto de 12 bondes partiria dali até seu ponto final, com eventos previstos nas paradas do Brooklin e Piraquara, com chegada ao fim do trajeto prevista para às 20:00hs.

O Metrô Chega a Paulista

A Linha 2–Verde do Metrô de São Paulo foi a terceira linha construída ( a segunda foi a atual Linha 3–Vermelha) que inicia nas estações Vila Madalena e segue até a Vila Prudente. A linha é também chamada de Linha da Paulista, por percorrer toda a extensão da Avenida Paulista.

As obras da Linha 2 foram iniciadas em 30 de novembro de 1987, sendo o primeiro trecho, localizado sob a Avenida Paulista, construído por meio do método NATM  ( sigla para New Austrian Tunnelling Method - novo método de Tunelamento Austríaco ), o que exigiu sofisticadas adaptações de engenharia por causa da complexidade de diversos trechos que corta. Uma delas foi em dois prédios na esquina das ruas do Paraíso e Maestro Cardim, que tiveram seus pontos de apoio alterados, com partes dos prédios ficando suspensas por placas de concreto e aço, sem que seus moradores percebessem.

A linha foi inaugurada em 25 de janeiro de 1991 contando naquele momento com 2,9 quilômetros de extensão e quatro estações.

Parque do Trianon, último remanescente do que foi o grande Ka’á Guatá

O Parque do Trianon, uma área de 4,86 hectares (48.600 m2) coberta com árvores da mata atlântica, sempre foi um dos pontos mais elegantes da cidade, é o único trecho de mata nativa da antiga floresta do Ka’á Guatá que nos resta, porem, quase que o parque não chegou até os dias de hoje.

O seu pior momento foi em 1914, quando quase foi tranformado em reservatório de água, más os vereadores Ernesto Goulart Penteado, Raphael Archanjo Gurgel e Andnesto Baptista da Costa, membros da Comissão de Obras da Câmara, emitiram parecer contrário à transformação, alegando de forma quase premonitória ao aquecimento global que “o clima de hoje não é mais o de outrora” e “não há quem ignore os males ocasionados pela devastação das matas nos arredores da capital”. Constatavam, ainda, que “as águas têm diminuído a olhos vistos, a salubridade pública tem sofrido com esse mau hábito da destruição das matas”.”.
A Mansão Matarazzo foi construída em 1896, pelo conde Francesco Matarazzo,o patriarca da família.no atual número 1230 da Avenida Paulista, na esquina com a Rua Pamplona. O palacete de estilo neoclássico, com área de 4.400 metros quadrados num terreno de doze mil metros quadrados de jardins. Contava com dezenove quartos, dezessete salas, três adegas. A Mansão Matarazzo foi tombada em 1989, a contragosto da família, numa polêmica disputa judicial entre os Matarazzo e a Prefeitura de São Paulo, de Luiza Erundina, que pretendia instalar no imóvel o Museu do Nordestino. Dividida, parte da família se recusou, dizendo que se tivessem que homenagear alguma instituição que fosse o empreendedorismo próprio, e passou a exigir uma indenização milionária, diante do impasse, num triste ímpeto, um membro membro da família tentou implodir o imóvel durante uma madrugada, por meio de uma bomba colocada no porão do edifício, destruindo parte deste importante pináculo. Embora  não tenha derrubado a casa inteira, comprometeu seriamente sua estrutura, o projeto do museu não foi adiante e, em 1994, a família conseguiu reverter o tombamento, reavendo a mansão. O terreno foi vendido à Cyrela Commercial Properties e a uma empresa do grupo Camargo Corrêa, por 125 milhões de reais, que no local construiu o Shopping Cidade São Paulo.

O empresário uruguaio Joaquim Eugênio de Lima, responsável pela abertura da Avenida Paulista, ficou impressionado com a beleza da vegetação, no meio da nova via, e decidiu conaservar o trecho de mata nativa para fazer um parque. O nome do local escolhido indicava sua principal característica: Alto do Caaguaçu.

O empreendedor contratou o paisagista francês Paul Villon, responsável por jardins do Palácio do Catete, então sede da Presidência da República, no Rio de Janeiro, e por praças em Belo Horizonte.
A floresta do Ka’á Guatá, que já foi o principal ponto de caça de nossos ancestrais nativos mudou muito nos últimos 500 anos,  Infelizmente, os únicos Indios que restam hoje na densa mata do Ka’á Guatá são os pintados na tela do artista italiano Agostino Brunias (c. 1780) em exposição no MASP.

O parque foi aberto ao público em 3 de abril de 1892, um ano após a inauguração da Avenida Paulista. Três dias depois, o jornal O Estado de S. Paulo recomendava: “àqueles que ainda não visitaram o belo lugar, aconselhamos que o façam, certos de que empregarão seu tempo num passeio delicioso”.

Entretanto, em 1918 o arquiteto inglês Barry Parker, que estava na cidade a serviço da Companhia City para urbanizar um bairro em construção na zona oeste, o Jardim América, fazia críticas. “Esse parque não era mais do que um pedaço de floresta primitiva em sua glória natural, com exceção de algumas trilhas sinuosas que foram dispostas entre as árvores”, diz no livro Two Years in Brazil (Dois Anos no Brasil), em que conta suas experiências em São Paulo. Segundo Parker, o local praticamente não era utilizado pelo público, sendo possível “passar e repassar por ele na Avenida Paulista sem sequer se aperceber de sua existência”.

Com a sua chegada, o Belvedere Trianon, em frente ao parque, tornou-se um dos pontos de encontro da elite política, econômica e intelectual da cidade. O sucesso foi tanto que o parque passou a ser conhecido como Parque do Trianon e, depois, simplesmente Parque Trianon.

A Prefeitura de São Paulo, com apoio da CMSP, comprou em 1911 o parque e contratou Barry Parker para reformá-lo. Segundo o urbanista, era necessário um esquema que combinasse o local ao Belvedere Trianon, em uma composição arquitetônica que abrisse o parque e o tornasse “utilizável sem destruir nada de sua beleza natural” e ainda fizesse dele e do belvedere “a decoração para a Avenida Paulista”.
Com o propósito de eliminar os muitos elementos de conflito no visual da avenida, João Carlos Cauduro e Ludovico Martino padronizaram as placas de sinalização, além de medidas como enterramento da fiação elétrica e telefônica. Nos anos 60 ~ 70  o sistema de grandes prismas verticais negros (os totens de sinalização) era inovador, com a disposição da sinalização estudada para orientação de pedestres e de veículos; com os sinais para pedestres marcados até a altura de 2,50 metros de altura, informações de média distancia até 3,50 metros de altura e acima disto a sinalização de longa distancia para os veículos da via, os semáforos foram embutidos nos prismas e o totem propiciava a colocação de placas de transito.

Durante a reforma, Parker construiu uma pérgula na entrada para combinar com o belvedere do outro lado da Avenida Paulista e derrubou árvores. O corte foi necessário para que quem estivesse no parque pudesse ver melhor o bairro Jardim América, justificou o arquiteto.

A medida foi muito criticada pela imprensa. “Para que se cortam árvores e arbustos no lindíssimo bosque, único verdadeiramente rústico da cidade? Será para alindá-lo transformando-o num jardim inglês?”, questionou um cronista do jornal O Estado de S. Paulo, que assinava apenas a letra P. Ele acuse observar um panorama) batizado de Trianon. Com projeto do escritório do renomado arquiteto Ramos de Azevedo, no local funcionavam um restaurante de luxo, uma confeitaria, espaços para festas e uma escola de dança de salão para moças e rapazes.
Pergolas do Trianon c.1920, Ao lado do Belvedere no n. 69 existia o Observatório Astronômico de São Paulo, e mais adiante a casa de se administrador Sr. José Belford de Matos, no n. 71, 

A Prefeitura de São Paulo, com apoio da CMSP, comprou em 1911 o parque e contratou Barry Parker para reformá-lo. Segundo o urbanista, era necessário um esquema que combinasse o local ao Belvedere Trianon, em uma composição arquitetônica que abrisse o parque usou a Prefeitura de estar cometendo um “atentado de lesa-natureza”.
O Belvedere Trianon e o MASP de Lina Bo Bardi se tornaram ícones da cidade de São Paulo. O famoso vão livre, e as obras de arte fazem do museu o icone da Avenida Paulista
O Belvedere Trianon tornou-se um dos pontos de encontro da elite política, econômica e intelectual da cidade (Belvedere, significa "bela vista" em italiano,) dava ao visitante um vista privilegiada do Centro de São Paulo especialmente do Vale do Anhangabaú. Nele havia um restaurante, o Trianon, que possuía bar, salões de festa, vestiários e o já citado maravilhoso terraço que dava vista para o Vale.

Durante muitos anos foi o centro da vida social da cidade, todo o tipo de solenidades ocorriam nele, homenagens políticas, foi ponto de partida e chegada da primeira corrida de São Silvestre, la era celebrado o carnaval, más com o passar dos anos foi perdendo o glamour, passou a ter um bar mais popular e um salão de danças foi instalado no restaurante, já no início dos anos 30 o espaço começou a entrar em decadência e ficou em péssimo estado de conservação até que Joaquim Eugenio de Lima doasse a prefeitura, pedindo apenas que, o que quer que fosse construído lá, continuasse com a vista.

Em 1931, o local recebeu oficialmente seu nome atual: Parque Tenente Siqueira Campos, em homenagem a um dos líderes do movimento tenentista, tendo participado da Revolta do Forte de Copacabana, da Revolução de 1924 e da Coluna Prestes. O tenente Antônio de Si- queira Campos, paulista de Rio Claro, havia morrido em 10 de maio de 1930 em um acidente aéreo quando voava de Buenos Aires para São Pau- lo. O nome, contudo, nunca pegou. Tanto que a estação de metrô perto do parque se chama Trianon Masp.

O parque passou por mais uma reforma em 1968, quando o prefeito Faria Lima contratou o paisagista Roberto Burle Marx e o arquiteto Clóvis Olga para que fizessem melhorias no local. Eles substituíram a ponte de madeira que ligava as duas quadras do parque, separadas pela Alameda Santos, por outra de concreto, alargaram as alamedas internas e as pavimentaram com pedras portuguesas em forma de mosaico.

Referências

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A recosntituição da Av. Paulista dos anos 30 só foi possóvel por conta das animaçoes 3D de Macos Vinicius Uchoa, vale muito a pena ver seu canal no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=eQe_G1XQk8U )

https://www.facebook.com/…/a.10156723918…/1244065289011955/…
Fotos da Internet e IAG-USP.

https://apoia.se/oquevernoceu-astronomia
Isto irá ajudar a aumentar o conteúdo científico das páginas: O que ver no céu - astronomia, Estação Espacial Internacional - International Space Station, Galeria do Meteoro e Astronomia Agora

Jardim América: o primeiro bairro-jardim de São Paulo e sua arquitetura. Silvia Ferreira Santos Wolff (Edusp, 2001).
Avenida Paulista: a síntese da metrópole. Vito D’Alessio (Dialeto, 2002). Avenida Paulista: imagens da metrópole. Maria Margarida Cavalcanti Limena (Educ, 1996).

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* Diário da Noite – Edição de 29/08/1949 pp 6
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* Diversas listas telefônicas antigas
* Rino Levi, Arquitetura e Cidade – Anelli, Renato e Guerra, Abílio – Ed. Romano Guerra 2001





Um comentário:

  1. Bom dia. Peço mais atenção à grafia do texto, que contém algumas falhas.

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