sábado, 11 de julho de 2020

Triângulo Histórico de São Paulo, o coração da América Latina


O Triângulo Histórico de São Paulo, área que compreende a Praça da Sé, o Largo São Francisco e o Largo São Bento

Segundo o historiador Jaime Cortesão, São Paulo é considerada a capital geográfica do Brasil, sua localização foi imensamente importante na diâmica de nosso povo ancestral de 10.000 atrás, que se locomovia a pé e até os dias de hoje também, por meio de navegação pluvial, interligando-se as 6 principiais bacias hídricas do continente, a do Paraná, Tieté, Patagônica, São Francisco, Amazónica e do Orinoco. Ainda hoje a localizaçao de São Paulo resguarda grande importancia estratégica, não é a toa que se transformou nessa grande e importante cidade.

Existia em São Paulo uma grande pedra sagrada camada de Itaecerá, marcada por um raio panorâmico, venerada pelas aldeias circundantes como um sinal milagroso de Tupã, o Deus dos Relâmpagos. Essa pedra atraiu peregrinos de outras etnias, que cruzavam os matos por uma extensa rede de peabirus em busca da presença divina.

A região do Inhapuambuçú, onde a pedra estava localizada, tornou-se um local de peregrinação e culto religioso para as aldeias circunvizinhas. A tradição oral sugere que a pedra foi retalhada e soterrada nos alicerces de um templo jesuíta posteriormente, como parte de práticas sincretistas. Essa possibilidade sugere uma interação cultural e religiosa entre os povos indígenas e os colonizadores jesuítas.

Os peabirus, ou "caminhos de mato pisado", eram rotas utilizadas pelos indígenas para se deslocarem pela região. Havia um peabiru mestre que atravessava todo o território da capitania em direção ao oeste, possivelmente até o Peru. Esses caminhos eram importantes para a comunicação e o comércio entre as diferentes aldeias culturas da época.

A o Triângulo Histórico da cidade de São Paulo mudou muito desde sua fundação em 1554. Em 1930 com a construção do Edifício Martinelli começou a era dos altos edifícios e hoje conhecido popularmente como 'Centro Velho' -  2020

Esse ‘centro geomântico’, parafraseando Carlos Castañeda, dá acesso a quatro trilhas pré-históricas. Lendas indígenas contam que essas trilhas foram abertas por gigantes deuses como o Mapiguarí, esse postriormente identificado como o megatério, também chamado de preguiça gigante, nos deu a pista de que tais deuses provavelmente foram na verdade animais extintos da megafauna americana, alguns deles conviveram com humanos antes de se extinguirem, tais como os xenorinotérios e gliptodontes.

O Inhapuambuçu

Em trecho do livro "Desvio de Finalidade: Crônicas do Descaso Paulistano", de Khel, le-se sobre a proposta de implantação de um núcleo jesuíta no morro de Inhapuambuçu, que significa "morro que você pode ver ao longe" em Tupi.

Segundo o trecho citado, a proposta teria surgido em 1558, quando a região que hoje é São Paulo ainda era um povoado vulnerável localizado na planície marginal do rio Tietê. O terceiro governador geral do Brasil, Mem de Sá, que mantinha uma relação favorável com os jesuítas, teria visitado a região em 1560 e ordenado que os moradores de Santo André se mudassem para o morro de Inhapuambuçu, levando consigo a Câmara e os pelourinhos (símbolos do poder municipal). Foi recomendado que eles construíssem uma paliçada ou parede de taipa para defesa.

Desenho de Debret de 1827 com vista para p Vale do Anhangabaú, aquarela sobre papel, 12,2 x 22,8cm, com a pedra do Inhapuambuçu, a Itaecerá, à proa da acrópoli do Triangulo Historico de Piratininga, entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí

Os vereadores de Santo André concordaram com a proposta, justificando a mudança com base na ideia de que o morro era um local mais forte, defensável e seguro tanto contra os europeus (invasores) quanto contra os indígenas locais.

Os indígenas de Tibiriçá já haviam se mudado para ponto próximo desse recinto, transferindo-se de sua aldeia original, situada no Guaré (atual Luz) para o local onde hoje se encontra o mosteiro de São Bento. A aldeia de Caiuby, antes no Geribatiba (atual Santo Amaro) foi transferida para a área entre o Carmo e a Tabatinguera (PORTO, 1992). Em 1562, Tibiriçá e seu irmão Caiuby ajudaram os colonos a repelir o ataque da "Confederação dos Tamoios", aliança de tupiniquins com os canibais tamoios do litoral, idem carijós, guarulhos e guaianás locais rebelados de Jagoanharo ("cão bravo", filho do então já falecido Piqueroby, e sobrinho de Tibiriçá), após o quê, a vila se consolidou e se estabeleceu como ponto de partida avançado para o grande sertão.

Essas informações destacam um momento histórico específico da fundação e desenvolvimento da cidade de São Paulo, com a transferência do povoado para o morro de Inhapuambuçu e a construção de uma estrutura defensiva. É importante ressaltar que os detalhes específicos e a interpretação desse evento histórico podem variar de acordo com as fontes e análises realizadas pelos historiadores.

Trecho da capitania de São Vicente. Ao fundo, à direita, a Vila de São Paulo, com todas as elevações que a cercavam e que contribuíam para o seu isolamento em relação ao resto da capitania e da colônia. Mapa de João Teixeira Albernaz, 1631. Domínio público, Mapoteca do Ministério das Relações Exteriores 

Tibiriçá foi o ultimo grande líder espiritual indigena do Triângulo Sagrado de Piratininga, que os Tupiniquím defenderam bravamente contra constantes ataques de Tupinabá e outras aldeias inimigas, uma colina que se elevava entre os rios Anhangabaú e Tamanduateí, e tinha como centro a pedra careca, o Inhapuambuçú (do Tupi-Antigo i(nh)apu'ãm-busú o grande cume ou y(nh)apu'ãm-busú o grande ponto do rio), que se vê de longe como "a proa dessa nau triangular",  pedra que existiu ao lado do atual Mosteiro de São Bento más que infelizmente foi aterrada em algum momento (infelizmente não se sabe ao certo quando).

O ultimo registro visual da pedra do Inhapuambuçu é da aquarela de Jean-Baptiste Debret de 1827, desenhos de Massaï e do Atlas de João Teixeira Albernaz tambem mostram a pedra, essas imagens são valiosas para documentar a presença e o aspecto dessa formação geográfica na vila de São Paulo em períodos antigos.

Existem diversos registros de obras no local e em local proximo, bem como parece haver uma discussão sobre a regularidade das larguras e alinhamentos na Planta da Restauração em relação ao local em questão. Registros topográficos posteriores podem ter mostrado que a planta original não correspondeu completamente à realidade.

Nesta imagem vemos vários morros que existiam no entorno da Acrópole de São Paulo em Piratininga, como o Morro do Piolho no bairro da Aclimação, que exite até hoje na Rua dos Tapes, o Morro do Pari no bairro de mesmo nome, e também o Morro do Inhapuabuçu e seu morro irmão, Morro do Carmo na região central. Desenho de autor desconhecido, c. 1765-1775. Domínio público, Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

No entanto, é mencionado que trechos das ruas São Bento, José Bonifácio e Onze de Agosto ainda mantêm a dimensão de 40 palmos, que é menor do que as vias mais importantes da área central da cidade. Essas vias mais importantes, como as ruas Augusta, do Ouro e da Prata, tinham 60 palmos, ou seja, cerca de 13,2 metros de largura. É interessante notar que essa largura de 60 palmos também foi adotada em Salvador por volta de 1700, por exigência da Câmara Municipal.

A largura de 40 palmos é mencionada como uma referência para travessas e becos em São Paulo, como o Beco do Colégio e a Rua do Comércio (antigo Beco do Inferno), que mantiveram uma largura similar ao longo do tempo. No entanto, muitos desses becos foram posteriormente alargados ou desapareceram.

Quanto à largura dos lotes, era comum seguir o padrão português de dividir as áreas em lotes de 25 ou 30 palmos de largura, correspondendo a cerca de 5,5 ou 6,6 metros. Também existiam lotes maiores, de 50 ou 60 palmos (11 ou 13,2 metros), para as casas mais ricas. É mencionado um exemplo de um terreno de seis braças (60 palmos) na Rua Direita em 1656, conforme mencionado por Taunay.

Essas informações destacam os padrões de largura e parcelamento de terrenos na cidade de São Paulo em diferentes períodos históricos, mostrando variações nas medidas e adaptações ao longo do tempo.

Durante os anos de 1800 a 1822, a ocupação da Cidade Nova começou na colina localizada na margem oposta do rio Anhangabaú, em São Paulo. Nessa região, foi adotado um padrão de arruamento com largura de 60 palmos, equivalente às ruas principais da Baixa Pombalina em Lisboa. Esse padrão de largura das ruas foi mantido ao longo do século XIX e foi oficializado pela Câmara Municipal no Código de Posturas de 1875.

Em 1886, o padrão de largura das ruas foi substituído por 16 metros, já sob o sistema métrico de medidas, que havia sido implantado em 1874. Essa mudança refletiu uma adaptação às novas medidas adotadas na época.

Para conectar a cidade existente à Cidade Nova, foi construída a Ponte do Acú, que contava com duas êxedras semicirculares. Esses recantos ofereciam espaços para encontros e conversas, equipados com bancos e parapeitos de pedra. Essa intervenção urbana foi uma das primeiras a explorar o potencial paisagístico do sítio paulistano, destacando a importância de criar espaços públicos agradáveis e funcionais na cidade em desenvolvimento.

O aterramento do Inhapuambuçu provavelmente ocorreu entre os anos de 1840 e 1890. Com base nas plantas cadastrais do engenheiro Bresser, datadas de 1841 e 1842, na iconografia disponível e nas reconstituições em três dimensões de Taunay e Bakkenist, podemos inferir algumas características morfológicas da ocupação original da colina que teve um impacto significativo na cidade de São Paulo até meados do século XIX.

Inicialmente, observamos que o arruamento estava concentrado no topo da colina, com ruas de pouca inclinação, quase planas. Essa ocupação limitava-se principalmente ao planalto e interrompia-se na borda da encosta. Apenas em locais onde a encosta era menos íngreme, na descida em direção ao rio Anhangabaú, encontramos uma exceção: a Rua Nova de São José, atualmente conhecida como Líbero Badaró, que foi aberta posteriormente, mas era menos valorizada e servia como fundo para a Rua de São Bento. 
Topograma da Área central da Cidade de São Paulo‖ com base no mapa SARA Brasil 1930


A transposição de níveis era feita por um número limitado de ladeiras, associadas às pontes que permitiam atravessar os cursos d'água, como as pontes Tabatinguera, Carmo, Constituição, Rua de São João/Ponte do Acu e o conjunto de ladeiras de Santo Antonio, Ouvidor e São Francisco, que convergiam na ponte do Lorena. Havia também becos menos importantes que levavam à margem do rio Tamanduateí, como o Porto Geral, Colégio e duas passagens atrás do Carmo. Essa configuração resultava em uma cidade isolada no topo, protegida pelo rio e pelo ribeirão, claramente delimitada e com poucos acessos, facilmente controláveis.

As ladeiras apresentavam declividades consideráveis, mas a maioria delas pode ser classificada em dois tipos: diagonais em relação às curvas de nível, com uma inclinação média entre 10% e 12%, tornando-as transitáveis para a maioria das carroças e carros de boi; e perpendiculares às curvas de nível, com uma inclinação superior a 15%, acessíveis apenas a pedestres, cavaleiros ou tropas de mulas. As primeiras incluíam as ladeiras Tabatinguera, Porto Geral, Santo Antonio e Rua da Constituição; entre as segundas, estavam as ladeiras do Carmo, Ouvidor e São Francisco, além do trecho inicial da Rua de São João, que era um pouco menos íngreme. O Beco do Colégio apresentava uma inclinação mais acentuada, chegando a quase 25%, o que exigia a presença de degraus combinados com uma rampa.


Não havia uma distinção clara entre as ruas que acompanhavam as cumeeiras e as demais. No entanto, podemos observar que a linha divisória das águas no topo da colina era acompanhada, de forma geral, pelas ruas do Comércio (atual Álvares Penteado) e da Cruz Preta (atual Quintino Bocaiúva), encontrando-se no Largo da Misericórdia.


Planta da Cidade feita em 1807 pelo engenheiro militar Rufino Felizardo e Costa, por ordem do sargento-mor engenheiro João da Costa Ferreira destacando o alto relevo na antiga região do Morro da Forca, possivelmente o Morro do Inhapumabuçu, hoje, bairro da Liberdade. O morro foi nivelado no século XIX e o material removido foi utilizado para aterrar a Várzea do Carmo.


Rio Anhangabaú

O Rio Anahngabaú, ou rio do deus Anhangá que desenboca no Piratininga (continuação do Tamanduateí), era alimentado pelo córrego do Itororó, que desce da maravilhosa floresta do Ka'aguatá (Avenida Paulista), rio que nascia no bairro do Paraíso, próximo de onde é hoje o hospital Santa Catarina e descia pela Avenida 23 de Maio. A linda mata do Anhangabaú era sagrada, só podia ser visitada pelo xamã para fins ritualísticos, pois era o lar do Anhangá, o deus Tupi das Caças e da natureza, comumente retratado como um veado branco, de tamanho atroz, com olhos vermelhos da cor de fogo. Ele é o protetor da fauna e flora, persegue todos aqueles que caçam de forma indiscriminada, desrespeitam a natureza e pune quem caça filhotes ou matrizes que estão nutrindo suas crias, vbem como punem aqueles que poluem suas águas, saiba mais  canalizando o rio, como também nos esquecemos do espírito mor de nossa cidade. Desprezarmos nossas tradições tupiniquins dessa forma é imperdoável!
Mapa de 2017 das vias atuais da região do Triangulo Historico, Mapa de 1810 mostrando o A-Morro do Inhapuambuçu e do B-Morro do Tabatinguera (também chamado de Morro do Carmo) e mapa de Affonso A. de Freitas, destacando intervenções sobre o trecho do Rio Tamanduateí, o fluxo das Sete Voltas. Repare que o nome da aldeia na épcoa era Ynhapuambuçu


Já os rios Piratininga e Tamanduateí à continuação, eram assim chamados pelos habitantes pois Piratininga em Tupi-Antigo significa peixe seco e Tamanduá te y, é rio dos Tamanduás - esses nomes foram dados porque nesse ponto alagadiço cuja o rio dava as famosas "Sete Voltas", a antiga varzea do Carmo, costumava oscilar em nivel de água, com isso, muitas vezes os peixes morriam ao sol atraindo formigas, que por sua vez atraiam os tamanduás.

Quanto às trilhas, se dividiam em quatro grandes, que tinham como ponto de partida a aldeia de Tibiriçá, que partir de 1554, passou a sair da grande porta da fortificação inicial dos Jesuítas;

-A primeira dessas quatro trilhas, foi o chamado “Caminho da Fonte”, dava asscesso à Serra do Mar, um maciço que separa o planalto de Piratininga do litoral com elevação de 800m, da qual diversas trilhas desciam a serra, entre elas a trilha de Paranpiacaba, a estrada do Lorena e a via Anchieta; 

-A segunda é trilha do Piqueri, atual rua Quinze de Novembro, em direção ao Rio Tietê via Ponte do Piqueri, de lá podia-se partir em direção ao vale do rio Paraíba do Sul até chegar ao Rio de Janeiro, hoje é conhecida como via Dutra; 

-A terceira era o “Caminho do Ibirapuéra” que deu origem à atual rua Quintino Bocaiuva, saia em direção à Av Brigadeiro Luiz Antonio até chegar à grande mata de Ka’a Guaçú, o espigão montanhoso central de Piratininga (hoje espigão das avs. Paulista, Dr. Arnaldo e Cerro Corá) descendo pelo parque o Ibirapuera, e por fim, essa mesma trilha, tinha uma bifurcação no rio Pinheiros que levava à famosa trilha do Peabirú, que tinha como destino final a civilização mais elevada da época, o império Inca no Perú; 

-A quata trilha, o “Caminho de Pinheiros”, parte da atual rua José Bonifácio Consolaçao Doutor Arnaldo Euzebio Matoso, interligando-se também com o Peabiru.

A Trilha do Peabiru

As trilhas ancestrais foram fundamentais para a dispersão Tupi no Brasil

A Trilha do Peabiru e a lenda que a cerca contada pelos Carijós, os chamados 'O Melhor Gentio da Costa', inspirou os europeus em sua busca frenética por riquezas e ouro. 

Peabiru (na língua tupi, "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado) era o nome dado aos antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos, desde a pr-historia, em intricada rede de conexão de todo o conesul.

A trilha do Peabirú em sí tinha três origens, São Paulo, Santa Catarina e Cananéia, se uniam Vila Velha de Ponta Grossa, seguia ate os Campos Gerais até Assuncion, de lá Subia o rio Plicomayo, segunido por Colquechaca na Bolivia ate chegar no Perú.

A trilha do Peabiru, que saia de três origens, São Paulo, Santa Catarina e Cananéia, se uniam Vila Velha de Ponta Grossa, seguia ate os Campos Gerais até Assuncion, de lá Subia o rio Plicomayo, segunido por Colquechaca na Bolivia ate chegar no Perú.

Empolgado com essa história, e, 1526 Aleixo Garcia liderou um grupo com 2000 Carijós, levando farinha de pinhão e mariscos secos e mel em direção ao Peru, chegando a 150 km de Potosi, na Montanha de Prata, que deu origem à lenda da Montanha da Lua, lá eles entraram em guerra com o império Inca, saquearam e fugiram carregados de metais preciosos saiba mais 

Tibiriçá ficou famoso por acolher em sua aldeia o primiero paulista, João Ramalho, um possível naufrago português que se casou com Bartira, filha do morubixaba. João Ramalho aprendeu o Tupi e conquistou o respeito do povo ancestral, Tomé de Siouza, governador da capitania de São Paulo dizia que João Ramalho, caminhava 90 km em um só dia, tinha um exército de 5.000 homens, em sua grande maioria refens de tribos beligenrantes e era muito atarefado, subia e descia pelas diversas trilhas que partiam da aldeia, principalmente depois da chegada dos Jesuítas.
Fundação de São Paulo

A Villa de Piratininga, que ja tinha sido estabelecida em 1532 pelo Almirante Dom Martim Afonso de Souza, Vice Rei das Índias e Donatário da Capitania de São Vicente e São Paulo, aforada em 1534 por D. João III O Piedoso, e ratificada em 1553 por Tomé de Souza 1º Governador Geral do Brasil, foi posteriormente transferida, acolinada e Renomeada em 1554 pelo Vice-Provincial Jesuíta Manoel de Nóbrega como Villa de São Paulo de Piratininga. Como se ve em texto antigo, a fundaçao do colégio e postriormente vila de Piratininga era um projeto de parceira publico-privada de carater religioso, a fundação do colégio de Manoel da Nobrega e José de Ancheta era de importancia pivotal para a catequização, pois serviria junto com o émbaixador’João Ramalho, de ponte cultural com a aldeia de Tibiriçá e posteriormente outras aldeias. 

Em 1549, logo após a aprovação da Companhia de Jesus em Roma, o Padre Manuel da Nóbrega partiu de Lisboa na armada de Tomé de Souza juntamente de cinco companheiros para conduzir as Missões Portuguesas do Ocidente. Em 1553, após formar as primeiras missões brasileiras na Baía de Todos os Santos, onde primeiramente aportou, seguiu em direção à Capitania de São Vicente onde percorreu o litoral sul do Brasil colonial. Em seguida, subindo a Serra do Mar, Nóbrega liderou a fundação da Aldeia de Piratininga e nela implantou o Colégio de São Paulo possibilitando o início das entradas para o interior do continente.

A parte mística-religiosa desse projeto teve início no dia 29 de agosto de 1553, dia da degolação de São João Batista, por conta de cálculos precisos que os Jesuítas vinham fazendo para fundarem seu colégio no dia de São Paulo, 25 de janeiro. A localização também deveria ser pré-estabelecida de acordo com regras dogmáticas, que deveria ser edificada em acrópole, exatamente no interior do triangulo histórico, os jesuitas entenderam que esse local que já era considerado o mais sagradao pelos ‘indígenas’ deveria ser também o mais sagrado dos Cristãos. 

Conforme relata o historiador Alan de Camargo, lá representou e ainda representa a continuidade e renovação permanente da sagrada esperança do povo europeu cristão de várias nacionalidades e etnias, que buscou em terras distantes e selvagens satisfazer os seus profundos anseios de liberdade e prosperidade, arriscando sua própria vida no batismo do Maris Oceani Tenebrosum (o grande Atlântico!) e nos perigos das densas matas infestadas de feras, pestes, traficantes e... canibais! sob a égide da Cruz de Cristo, se uniram em fraternal comunhão, incluindo os nativos aliados Tupi-Guaianás, para plantar as preciosas sementes de Salvação e Civilização Ocidental Greco-Romana trazidas em suas pobres e sofridas bagagens, valores culturais que germinariam a singular e arquetípica Civilização Cristã Paulista.

O Anhagá, grande deidade Tupiniquim de São Paulo foi apagada da historia 

A Expansão de São Paulo

No final dá década de 1590 foram descobertas as primeiras minas de ouro, prata e ferro nos arredores da vila, nas serras do Jaraguá, Guarulhos, Voturuna, Araçariguama e outros locais mantidos em segredo. Os fatos que ocorreram sem seguida foram de grande importância para o crescimento da vila de São Paulo. 

Ainda nessa década a vila já contava com 150 habitantes, a grande região do Páteo do Collegio foi fortificada em frente à abandonada vila de Tibiriçá, que ficava onde hoje está o fórum João Mendes, em frente ao Palácio da Justiça. Os fncionários da câmara e demais pessoas que chegavam para a empreitada de Portugual já não tinham mais onde morar dentro das muralhas dos Jesuitas, foi então que a expansão fez perder o medo de ataque e morar fora da área protegida. 

A primeira rua aberta fora dos muros da vila deve ter sido a rua de São Bento por apresentar as melhores condições de aproveitamento dos lotes. Estes foram demarcados com frentes de duas e três braças e profundidade de vinte e trinta braças. A rua seguiu por um terreno absolutamente plano, desde o caminho do Piqueri até o caminho de Pinheiros, deixando de um lado a aldeia abandonada de Tibiriçá e do outro a encosta do vale do Anhangabaú. A solução foi a mais favorável para os usos da época pois permitia que as casas fossem construídas no alinhamento da rua e os quintais tivessem o escoamento das águas para o fundo do lote.

Paralelamente foi inaugurada a atual Rua Direita, que tem esse nome desde a sua origem, pois percorria um antigo caminho que ia “direto” da ermida de Santo António até à vila. No cruzamento com a Rua de São Bento formava um ângulo reto, o que sugere que o profissional responsável, geralmente um carpinteiro, utilizou uma bússola na sua demarcação.

Outra questão importante que envolveria uma bússola e as latitudes da cidade para avaliarmos os rumos de crescimento da cidade é localizar as trilhas, os peabirus e as caracteristicas geográficas da época de Tibiriça e João Ramalho. Por exemplo – onde era localizada a pedra careca de Inhapuambuçu.

A Pedra Careca do Inhapuambuçu tinha grande importância espiritual para a Aldeia de Tibiriça, muitos se perguntam "onde estaria a tal pedra careca que aparece na aquarela de Debret?"

Se a cidade não tivesse mudado tanto sua paisagem, essa seria a vista que teríamos hoje da Pedra Careca do Inhapumabuçu.

Vista atua do Jardim Oriental da Liberdade, onde foi a Pedra Careca do Inhapuambuçu.

Muitos relatos colocam Debret olhando para a várzea do Carmo, vendo a pedra calva próxima ao mosteiro de São Bento, e também discernem que Debret cometeu erros quanto à localização das construções e às dimensões da pedra.

Eu mesmo cheguei a colocar em outras publicações de meus blogs e vídeos, a pedra calva do Inhapuambuçu junto ao convento de São Bento, mas as evidencias fizeram-me vera a realidade e mudar de ideia.

Como ilustrador que sou, a hipótese de colocar a pedra próxima ao Mosteiro de São Bento sempre me pareceu equivocada, pois Debret sempre foi muito preciso, seja nos desenhos de plantas, de animais, do cotidiano das famílias e principalmente, de paisagens.

Com tantas avenidas, fica difícil enxergar onde realmente era acrópole piratiningana, mas ao subir e descer ladeiras, tudo fica mais claro e quando colocamos o Debret onde é  hoje o Viaduto Condeça de São Joaquim, olhando para o vale do Anhangabaú, tudo se encaixa - o ângulo dos prédios e da igreja, o relevo, as montanhas ao fundo e tudo mais.

Uma vez identificado o ângulo onde estava Debret, a posição e o ângulo de observação dos edifícios e igrejas e a passagem do vale, com um trecho de planície alagada próximo à pedra, é fácil extrapolar uma vista aérea da Acrópole de Piratininga...

...e sobrepô-lo ao atual cenário caótico das construções urbanas atuais.

Vendo as fotos da época das obras da Avenida 23 de Maio, sobre o Vale do Itororó, fica claro que Debret estava em algum lugar da rua Conde de São Joaquim (hoje).

Ordens e igrejas

A posição e orientaçai dis prédios e igrejas, bem como o número de campanários me ajudaram a descobrir com mais prrecisão quais eram as igrejas do aquarela de Debret (veja a ilustração da vista de cima da acrópole de Piratininga).

No final do século XVI, atraídos principalmente pela ação missionária, outras ordens religiosas se estabelecem em São Paulo. Dentre elas podemos destacar os:

Igreja Nossa Senhora do Carmo, Avenida Rangel Pestana , 230

-Os Carmelitas (1594) Os carmelitas foram a quarta ordem religiosa a chegar no Brasil, e, na região paulista, os primeiros frades desembarcaram nos idos de 1592, no porto de Santos. Nesse mesmo ano, surgiu neles o “pensamento de fundar um convento na povoação que começava em Cima da Serra“. O fundador de Santos, Braz Cubas, se tornou um grande amigo dos carmelitas, e doou a eles dois grandes terrenos – um no litoral, e outro nas terras de Piratininga (atual São Paulo); 

Mosteiro de São Bento, 1910

-Os Beneditinos (1598) A história dos beneditinos em São Paulo começa em 1598, ano em que chegaram na cidade, quando frei Mauro Teixeira, religioso paulista de São Vicente, levantou uma modesta igreja dedicada a São Bento, com fundos de uma doação realizada pelo capitão-mor Jorge Correia.

O imponente Convento São Francisco, inaugurado por Frei Dâmaso Venker em 1941

-Os Franciscanos (1640) Sete franciscanos chegaram a São Paulo em 1640 por meio de uma caravana. Eles se instalaram em uma casa onde atualmente está localizada a Praça do Patriarca, no Centro Histórico de São Paulo. O terreno que atualmente corresponde ao Largo de São Francisco foi doado pela Câmara Municipal de São Paulo, em 1642, aos frades franciscanos.

Porém estas ordens, apesar de terem também atuado para a conversão dos indígenas, não tinham este como seu principal objetivo, pois vinham ao Brasil para dar apoio aos interesses de colonização e exploração da coroa portuguesa.

O Presumido Retalhamento e Soterramento da Pedra
Mas e a Itaecerá, teria sido mesmo retalhada e reutilizada sincreticamente na fundação do novo templo, como narra a tradição oral? Talvez sim, talvez não! Isto precisa ser investigado, pois tratar-se-ia de um ícone monolítico de inestimável valor arqueológico, sentimental e religioso, marco intercultural da pré-história piratiningana! É imperativo que se faça uma minuciosa prospecção nos sítios sagrados apontados, mesmo que se tenha de remover os degradantes muquifos do baixo comércio da Rua Florêncio de Abreu (e adjacentes), que liga o nada a lugar nenhum!

* Peabiru = "caminho de mato pisado". Havia um Peabiru mestre, que atravessava todo o território da capitania em direção ao Oeste, que se dizia chegar até o longínquo Peru, caminho presumidamente utilizado por Raposo Tavares para sua incursão contra aquele território então espanhol e inimigo, em busca da sua famosa prata de Potosi.

"...majestático raio prenunciava um socorro divino, com socorristas sulcando célere as tempestuosas águas do Atlântico, nas pessoas de Anchieta, Nóbrega e outros apóstolos portadores da abençoada Civilização Ocidental Cristã!

Cremos que o fabuloso raio fosse mesmo uma teofania  (manifestação divina)  em favor das almas aflitas do morubixaba e sua gente, oprimidos pela permanente perseguição canibal que literalmente os devorava! Anunciando a proximidade de um resgate transoceânico que de fato se materializaria na Civilização Ocidental Greco-Romana Cristã (7), difundida e edificada pelo seu principal apóstolo e educador Anchieta - continuador da obra do mais instruído ainda Vice-Provincial Jesuíta Manoel de Nóbrega* em quarenta e três anos de ministério escolástico e apostólico***, que forjaram o distintivo caráter cristão e a cabeça filosófica da Paulicéia colonial: "Um Saber de Salvação"!

Má Afinal, Como era a Vida de Anchieta, Ramalho e Tibiriçá


Aqui uma cena de antes da chegada dos portugueses, na qual o pajé celebra um ritual de guerra enquanto Tibirçá e Potira jantam e bebem Cauim, ao lado de moradores da aldeia do Inhapumabuçu - A vida na comunidade paulistana era tão Tupi quanto qualquer outra. Com a chegada dos jesuítas criou-se um enorme choque civilizacional de tradições e costumes, principalmente no que diz respeito aos rituais de guerra, ao canibalismo e outos costumes ditos 'gentios', o papel  de lider espiritual das aldeias Tupi  dos pajés, sofreram uma extensa campanha de descrédito por parte das missões jesuitas.  

A vida na aldeia de Inhapuambuçu antes da chegada dos Jesuítas

No convívio entre os padres jesuítas e os indígenas da antiga Aldeia de Piratininga, hoje São Paulo, é comum que surjam diversos preconceitos. A imagem de inimizade entre os indígenas e os portugueses contrasta com a realidade de uma relação baseada em confiança mútua e cooperação. 

Quando exploramos a dinâmica dessas interações, revela-se uma história rica e complexa, que vai além das narrativas históricas convencionais.

A região onde hoje está localizado o centro histórico de São Paulo, também chamada de triângulo histórico, formada pelo riacho Anhangabaú a oeste, seguindo seu curso até encontrar o rio Tamanduateí, que passava ao lado de uma ampla várzea, chamada pelos portugueses de Várzea do Carmo, até encontrar o rio Tietê. A base do triângulo era onde hoje fica a Praça da Liberdade, onde existia o chamado Morro da Forca, que os indígenas chamavam de Inhapuambuçu.

Padre Anchieta descreve bem a geografia e os primeiros dias de convivência com os indígenas no livro Anchieta de Celso Vieira:

"...Erguido pelos índios, o pouso dos jesuítas era uma cabana minúscula, feita de táipa, e coberta de colmo, um tecto imperceptível na lomba do planalto que, entre os ribeiros Tamanduateí e Anhangabaú, se configurava em cidadela triangular, cujos bastiões fossem escarpas. Do viso dessa acrópole rude preeminência de vinte e cinco a trinta metros, desvendava-se todo o horizonte, a várzea dilatada, o curso do Tietê, subindo e srpeando, as veredas transitáveis não abriam mais de quatro portas à cidadela - duas ao norte, duas ao sul, vigiadas as primeiras, no vértice do triângulo, pela fôrça de Tibiriçá (o pripcipal Martin Affonso), defendidas as segundas, na base, pela gente de Caiubi, velho e fiel cacique. 

Olhos d'água brotavam pelas encostas, pelos barrancos de schisto e grez entre os morros contíguos, perdia-se o cabeço dominante na espessura da mata virgem, sob névoas; 

Visualização Topográfica da Acrópole de São Paulo em 1560, formada pela união dos rios Anhagabaú e Tamanduateí, tendo coo base do triângulo o Morro do Inhapuambuçu, com cerca de 30m de altura.

Ao poente, verdejavam terras umbrosas de caça e fruto com os ,seus pinheirais, as suas colméias, bandos de garças róseas ou níveas à orla das lagoas.

O abrigo dos religiosos media quatorze passos de comprimento por dez ou doze de largura: tinham eles aí, conjuntamente, igreja, escola, dormitório, enfermaria, refeitório, casinha e dispensa. Mas não invejavam a pompa dos castelos reais, lembrando que um estábulo fora bastante à divindade infantil de Jesus, um crucifixo à redenção do mundo. Logo depois, com auxílio dos irmãos e dos íncolas, o padre Afonso Braz encetou, dirigiu a construção do colégio e do tempio, arquitectura lavrada em pedra vermelha de limonito. No dia de Todos os Santos, em 1556, os jesuítas inauguraram processionalmente a sua nova igreja.

E à sombra do templo, confiantes, já se aglomeravam as casas de táipa dos indígenas. Durante a, noite, como se .abrigassem nessa estreiteza e penúria vinte homens ou mais, entrechocavamse as redes suspensas do travejamento. Sem agasalho, os irmãos regelados tiritavam sob a invernibrava, entorpecidos já pelo sono, ou se comprimiam, aquecendo-se uns aos outros, macilentos na sua roupeta, derredor do braseiro escassamente nutrido". 

Quando pensamos nos padres jesuítas no Brasil, geralmente vem à cabeça velhos de batina tentando forçar os indígenas a fazerem coisas que não querem. Mas esta é uma visão extremamente distorcida dos fatos, a história dos jesuítas no Brasil foi muito mais legal do que as narrativas históricas nos contam.

“Esses apóstolos eram conquistadores desarmados e também, como Nóbrega, estadistas sem alvará régio. Servido pelos arroubos de uma alma poética, e posto em contacto com aquela humanidade bárbara, o misticismo de Anchieta fez dele uma espécie de Orfeu cristão, encantador e domador de feras.”cita Celso Vieira cem sua obra Anchieta”.

Para se ter uma ideia das dificuldades, imagine quantas pessoas nos dias de hoje se perdem na mata atlântica de São Paulo e do Rio de Janeiro, uma pequena fração restante da floresta de todo o território brasileiro, mas ainda assim, de enorme tamanho, inconcebível para nos urbanos.

Alguns que se aventuram a andar por essas trilhas de hoje, se perdem e passam dias na mata sem encontrar sequer um local ou um palmiteiro clandestino, muitos não são nem encontrados e acabam morrendo em meio aos elementos naturais que não domina. 

Agora imaginem esse mesmo cenário, quando a toda a área continental  brasileira ainda não estava desbravada, com Tapuias, Carijós e Tamoios, etnias altamente beligerantes, que conheciam muito bem suas regiões, todos tão antropófagos quanto os Caetés que devoraram o Bispo Sardinha ou os Tupinambás, que mantiveram Hans Staden na aflição de ser devorado por vários meses.

Muitos podem dizer que os textos antigos mencionam os Carijós como povos afáveis, que prenderam a criar aves e eram bastante aptos à conversão. De fato eram os menos agressivos, no entanto, também eram guerreiros e praticavam o canibalismo, Seu melhor exemplo é que ficou conhecido como “o martírio dos os irmãos Pedro Correia e João de Souza”, que numa viagem de São Paulo a Cananéia acabaram vitimas dos Carijos. 

Anchieta enfrentava todas essas adversidades com uma coragem e fé inabaláveis. Ele compartilha um sonho inspirador, no qual a Virgem Maria o assegurava de que não morreria até que sua missão no Brasil estivesse completa. 

Em um relato de Simão de Vasconcelos, descreve-se uma situação dramática: No trecho do Livro III da Chronica da Companhia de Jesu, Padre Nobrega e seus companheiros enfrentam perseguição por parte dos servos de Deus que tramam contra suas vidas. 

Eles tentam escapar em uma canoa, mas são descobertos e ao o tentarem alcançar a aldeia, são auxiliados por um índio que os leva para a casa do Principal Pindobuçu. No entanto, quando os adversários se aproximam da casa.

Sem hesitar, Anchieta descide colocar Nobrega nas costas e empreender uma corrida morro acima por quilômetros, numa trilha íngreme. Foi um gesto de força, destemor e solidariedade, que demonstva não apenas sua determinação incansável, mas também seu compromisso inabalável com a missão evangelizadora no Brasil colonial. 

Más devido à fragilidade das costas de Joseph, acabaram caindo na água.

A imagem de Anchieta está sempre associada a um velho de cabelos brancos. Ao contrário do que é mostrado nos livros de história, a maior parte de seus feitos ocorreu entre os 20 e 30 anos. O Padre Anchieta era um jovem de olhos azuis, com muita força, (aqui aparece correndo com Nóbrega nas costas, conforme relatado por Simão de Vasconcelos) nascido em 19 de março de 1534, filho de pai português e mãe descendente de Guanche das Canárias, ele mesmo também era fruto da mistura entre colonizadores e colonizados.

A força de Anchieta estava no espírito, não em seu corpo - qundo noviço, Anchieta ajudava de 8 a 10 missas por dia, às vezes mais, e todo esse esforço físico e mais um acidente em que uma escada caiu sobre sua coluna, fizeram os biógrafos concluirem que Anchieta tinha uma a saúde debilitada, com uma forte escoliose que lhe causava dores frequntes. 

Anchieta era o perfeito exemplo de como um homem de grandes estudos conciliado a extrema vivencia de campo, consegue fazer a diferença.

Tibiriçá (batizado Martin Afonso) e Anchieta ainda enfrentaram o canibalismo em São Paulo de Piratininga

"...Ainda no livro Anchieta, Celso Vieira descreve terríveis acontecimento me São Paulo de Piratininga:

Não raro, embocando a inúhia, um chefe tamoiô soprava a discórdia, e ao encontro da turba-multa, que se aproximava de Piratininga, saíam os catecúmenos. Em uma dessas refregas, intimidados pela fôrça dos contrários, já os cristãos desfalecem, quando a mulher do capitão da aldeia, benzendo-se, exorta os seus à peleje e recomenda o gesto simbólico. Ao sinal da cruz, foge o inimigo, salvando-se todos os guerreiros cristãos, excepto dois, que não se haviam persignado. Nas sombras da noite, porém, os vencidos tornam como as hienas, desenterram os cadáveres, que êles supõem dos vencedores, largados no campo de batalha, donde os arrastam sofregamente para a sua taba. 

Farejando a nudez terrosa dos corpos ainda sangrentos, bebem, dançam. Mas através da neblina, como através de um sudáirio, transluz vagamente o dia, sob o palor da manhã funérea, com espanto, os canibais reconhecem na lívida face dos mortos arrancados á sepultura os seui próprios amigos ou parentes· ...."

Aqui é importante mencionar o contexto do evento.

Neste trecho, Celso Vieira descreve um terrível acontecimento em São Paulo de Piratininga, no qual uma mulher, esposa do capitão da aldeia, incentiva os cristãos a enfrentarem uma turba hostil. Durante o confronto, os cristãos são inicialmente intimidados, mas ao fazerem o sinal da cruz, o inimigo recua. No entanto, durante a noite, os derrotados retornam e desenterram os cadáveres dos cristãos, supostamente deixados para trás no campo de batalha, arrastando-os para sua aldeia.

O texto em português arcaico pode oferecer alguns desafios ao leitor; o termo "embocar a inúhia" é uma expressão antiga que significa assumir uma atitude de hostilidade ou agressividade, especialmente ao desafiar ou confrontar alguém. Nesse contexto, o "cheif é tamoiô" está incitando a discórdia e confrontando a turba que se aproxima de Piratininga.

Em 29 de agosto de 1553, Anchieta ofereceu o batismo católico a 50 'catecúmenos', indígenas locais, a maioria crinaças,  que já haviam optado por adotar a cultura dos padres e abandonar seus rituais locais, incluindo a antropofagia como parte de um intrincado código de guerra entre etnias beligerantes para se tornarem "indígenas conversos" ao cristianismo.

Tibiriçá (batizado Martin Afonso) Nobrega e Anchieta interrompem um Ritual de Antropofagia na São Paulo de Piratininga - Anchieta desamarra o Guainá enquanto Martim Afonso, Tibiriçá convertido, chuta os vasos de Cauim e assustam as Velhas necrófagas desdentadas.

"Outras vezes, inopinadamente, sobrevinha o refluxo da alma colectiva, naquela estância devota, aos apetites canibalescos e às práticas inumanas. Tendo apresado, em guerra, um valente e polpudo guaianá*, resolveram matá-lo e comê-lo os índios conversos de Piratininga. Não tardaria o sacrifício, para o qual estava já revestido e empenachado o sacrificador, quando surgiram no terreiro o pâdre Nobrega e o irmão Anchieta, despertados pela grita dos catecúmenos em festa. Mas bradaram em vão contra o pecado mortal da antropofagia, cometido à porta do templo: nada queria ouvirlhes o principal Martin Afonso, outra vez Tibiriçá, dirigindo os preparativos da cerimonia. 

Velhas necrófagas, desdentadas, amontoavam lenha para a fogueira derredor do guaianá, disposto a morrer corajosamente, prosseguiam descantes, libações e rondas. Então, num soberbo impulso de humanidade, Anchieta e Nobrega, rompendo através do terreiro, desligaram o índio cativo, afugentaram as bruxas, extinguiram o fogo crepitante, despedaçaram as panelas de barro e as talhas de vinho. Tibiriçá, o principal, bateu o arco e os pés no meio da horda. Seriam dalí expulsos os religiosos, que assim perturbavam a desafronta dos guerreiros da tribo. Mas venceu ainda nesse recontro ele evangelisadores e carniceiros a eloquência do irmão Anchieta, domando os instintos ferozes: no dia seguinte, arrependido, Tibiriçá, outra vez Martin Afonso, e todos os seus índios violentos cairam de novo aos pés dos missionários.

De quando em quando, a tragédia relampeava sôbre o catolicismo de Piratininga, dava aos jesuítas a surpresa das emoções teatrais. Certo índio fôra convidado pelo irmão a procurar com êle um grande pagé, que em 1557 fazia o espanto dos sertões, arrebanhando tribos ingênuas e medrosas. Sob o olhar do feiticeiro, dardejante como o de um fakir, os mais impetuosos na guerra estremeciam; um rôlo de fumo, que lhe sais se da bôca, transmitia o poder dos espíritos malfazejos.

Êsse tremendo pagé, inimigo dos cristãos, ameaçava Piratininga, e como O índio tentado pelo irmão já entrevisse a luz verdadeira, já escutasse os padres, não aceitou o convite.

Ao anoitecer, tonto de vinho** e ódio, o selvagem repelido esfaqueia três vezes o outro. Cuidando que houvessem rixado pela mulher do primeiro deles, a sogra investe contra a nora. Mordem-se as duas como feras. Do fundo escuro da taba precipita-se um moço, querendo aparta-las, mas a; velha enfurecida lhe erava no estômago duas flechas. Tràgicamente, ao vê-lo morto, foge para o negrume da selva, brandindo aceso um tição, clamando. 

Volta pouco depois, sem gritos, pede com humildade e tristeza que a matem, para não atrair sôbre os filhos a vingança da parentela do morto. Na manhã seguinte, à beira da sepultura, que êle próprio rasgára, o seu primogênito enlaça e enforca serenamente a velha índia, depõe os dois cadáveres na mesma cova, abaixo o da, criminosa, acima o da vítima,e o esquecimento cái sôbre os despojos, lúgubre, com a mancheia final de ter,ra. É a paz entre vivos e mortos, inquebrantável. Só então, satisfeito com o matricidio, repousa CI gênio cruel e vingador da tribo". 

- Carta, de 1,o de junho de 1560.
- Cartas quadras, de maio a setembro de 1554. 

*Os índígenas guaianás, também conhecidos como guaianases (do tupi antigo gûaîanã), foram um agrupamento indígena sul-americano que povoou regiões entre São Paulo de Piratininga e o Uruguai até o final do século XVI.

**O "vinho" mencionado por Vieira no texto era o Cauim, uma bebida alcoólica fermentada feita de mandioca, que os indígenas preparavam para ocasiões festivas e se embriagavam com ela. Em um dos poemas de Anchieta escrito em tupi, ele parece ser mais permissivo com o consumo de bebida alcoólica, porém, mesmo assim, seu consumo não é relatado após 1560. 

Nesse poema em Tupi antigo, Anchieta nos transmite a relação do Cauim com os indígenas de Piratininga.

Xe rekó iporangeté, 
Naipotári abá seytýka, 
naipotári abá imombýka. 
Aipotakatú teñé opabi tába mondýka.

Mbaé eté kaú guasú kaûĩ mojebyjebýra. 
Aipó sausukatupýra. 
Aipó añé jamombeú, 
Aipó imomorangimbýra!

Serapoã ko mosakára ikauinguasúbae. 
kaûĩ mboapyareté, 
aé maramofiangára, 
marána potá memé.

Tradução:

Meu estilo de vida é muito agradável, 
Não quero que seja constrangido 
Não quero que seja abolido, 
Eis que botarei em chamas todas as tabas - aldeias

Boa coisa é beber o cauim até vomitar, 
isso é apreciadíssimo, 
isso se recomenda, 
isso é admirável!

É aqui que se mostram os verdadeiros os "moçacaras" beberrões
Aquele que bebe o Cauim até se esgotar,
Esse sim é o valente'
O ávido por batalhas.

Ao estudante de Tupi Antigo, vale pontuar algumas notas:

1- Xe rekó pode ser traduzido como 'o meu agir ', 'o meu modo de ser/existir' (erekó  - v. tr.  - fazer estar consigo);

Vocabulário usado:

Kaûĩ - cauim (bebida)
Naipotari - não quero
Mombuca- arrebentar, furar 
mondýka - queimar abrasar
Aipó - este, aquele - isso
Aipotakatu - e eis que...
Teñe - ainda que, não importa, de fato, muitíssimo 
Opab - todas (opabi tába) todas as tabas
Moiebyr (ou moieby) (etim. - fa.zer voltar) (v. t r.) - vomitar:
Sausukatupýra - é apreciadíssimo
Jamombeú - é recomendado
Imomorangimbýra - é admirável
Ikauinguasúbae - bebem até se esgotar
Mboapy (v. tr.) - esvaziar, esgotar: Oimboapy abá kuiaba ...mboapyareté - até que se esgote
Maramofiangára - é para a guerra
Marána - guerra
potá - é ávido por
Memé - luta
Maçacaras" ou  "mosakara" - são homens importantes da aldeia, ou homem branco nobre

A Primeira Família Miscigenada

Foi na Aldeia do Inhapuambuçu (local elevado que se vê ao longe em Tupi antigo) que se formou a primeira família miscigenada do Brasil, o indígena Tibiriçá e seu genro português, o misterioso João Ramalho, casado com Potyra, vindos de uma vila mais próximo a Serra do Mar , chamda Santo André da Borda do Campo.

Os Tupi viviam uma vida cheia de tradições incríveis! Eram mestres na arte plumária, na cestaria, e seus rituais com caju, pesca e mandioca eram realmente impressionantes. 

A história desses tempos antigos foi passada oralmente, já que os povos da região não tinham escrita. Mas, através dos estudos dos jesuítas, verdadeiros cientistas de batina, os arqueólogos e até mespo pela toponímia, estamos descobrindo mais e mais sobre o idioma e a cultura desse período .

A chegada de João Ramalho mudou bastante a dinâmica social da aldeia, misturando duas culturas diferentes e iniciando um processo de intercâmbio cultural.

* Inhapuambuçu - “y”  rio lago 

i(nh)apu'ãm-busú o grande cume ou y(nh)apu'ãm-busú 

apuana (s.) - altura, elevação (de voz etc.); (adj.: apftan) - elevado, alto (fal. de voz): Xe nhe'engapuan. - Eu sou de voz alta, eu levan to a voz. (VLB, 1, 133)

-.-.-

Essa questão nos leva a um capítulo fascinante de nossa história, segundo relatos de viajantes como Lery e Staden, as tradições Tupi eram marcadas pela beleza da arte plumária, da cestaria, por rituais incríveis envolvendo o caju, a pesca e o cultivo da mandioca, uma beligerância peculiar na qual primos etnológicos distantes se envolviam em embates sangrentos por vezes encobertas por um complexo código de guerra, que geralmente terminava em rituais de antropofagia e embriaguez com Cauim, uma bebida fermentada de mandioca.

Tibiriça e Potyra, antes de serem conversos,  certamente viveram uma vida Tupi tal qual tdos os outros Tupi.

Como as histórias dos antepassados de nossos fundadores foram transmitidas apenas pela tradição oral (os povos originários da região que corresponde ao Brasil não praticavam a escrita nem a leitura) todos os acontecimentos do Inhapuambuçu desde os tempos antigos se perderam no tempo.

Capítulo 1: Como os Tupi chegaram a São Paulo?

A Aldeia do Inhapuambuçu teve sua localização escolhida com base em sua topografia, hidrografia, matas e aspectos geomânticos favoráveis, tornando-se não apenas o local ideal para a criação de uma vila há 2.000~3.000 anos, um centro português de catequese jesuítica, como também para a fundação da Vila de São Paulo de Piratininga, que se tornaria a maior e mais importante metrópole da América Latina.

No entanto, muito do que aconteceu nessa antiga metrópole Tupi se perdeu, a dificuldade na recuperação desses relatos pré-colonização, principalmente por ter grande parte de seu conteúdo passado por gerações na tradição oral, é irremediável.  Tal falta de registro levanta questões sobre como viviam os povos antigos nessa região. No entanto, novos estudos arqueológicos, bem como aprofundamento de aspectos toponómicos estudados pelo professor Eduardo Navarro e seus alunos da USP vem trazendo incríveis novas revelações, que discorreremos no texto que segue.

Tupinambá - Aquarela sobre pergaminho mostra índios brasileiros, o tupinambá pode ser visto com o lindo manto de penas, feito com fibras naturais, penas vermelhas de guarás e azuis de ararunas

.-.-.

A chegada dos Tupi à Acrópole de São Paulo de Piratininga, marcado pela confluência dos rios Anhangabaú e Tamanduateí, berço para o desenvolvimento da cultura Tupi na região. No lugar onde hoje temos o Páteo do Collégio, próximo ao povoamento de Tibiriçá,  uma montanha careca sagrada que dava nome a aldeia, o * Inhapuambuçu, que em idioma Tupi Antigo (doravante só trataremos como ‘TA’) i(nh)apu'ãm-busú o grande cume ou y(nh)apu'ãm-busú o grande ponto do rio) - saiba mais.

A vida na aldeia era profundamente influenciada pelo entorno geográfico, onde as matas proporcionavam recursos abundantes para os Tupi, a interação harmoniosa com a natureza refletia-se em sua religiosidade, intrinsecamente ligada aos elementos naturais. Os Tupi viam os rios, as matas e os animais como entidades sagradas, e seus rituais reverenciavam a interconexão entre a humanidade e o ambiente ao redor.

Um exemplo disso é o Anhagá, um dos motivos pelos quais os Tupi moravam perto do rio Anhangabaú. O rio ficava num vale que era alimentado pelo córrego do Itororó, que descia da maravilhosa floresta do Ka'a Guatá (hoje conhecida como Avenida Paulista), esse rio que passava por onde é hoje a Avenida 23 de Maio, desembocando no córrego do Anhangabaú, que também recebia águas da pouco conhecida nascente de Santa Ifigênia, ou Iacuba, com águas estremamente ácidas e não potáveis,  originadas do ribeiro que nascia no atual Largo do Paissandu, chamadas de Iacum-Guaçu e Acu pelos Tupis, tudo isso cerdado por linda vegetação com caça abundante, protegida pelo importante D’us Tupi chamado Anhangá, o cruel protetor das caças e da natureza.

O Anhangá é comumente retratado como um veado branco, de tamanho atroz, com olhos vermelhos da cor de fogo. Ele é o protetor da natureza e persegue todos aqueles que caçam de forma indiscriminada, desrespeitam a natureza e pune quem caça filhotes ou matrizes que estão nutrindo suas crias e poluem suas águas.

O vale do rio Anhangabaú era sagrado, os habitantes de Piratininga faziam cultos e festas para deixar o deus mais feliz e menos vingativo.

A chegada de João Ramalho à aldeia trouxe consigo uma mudança significativa na dinâmica social, cujas repercussões jamais seriam esquecidas, a coexistência de duas culturas distintas começou a moldar o tecido social da comunidade, desencadeando um processo complexo de intercâmbio cultural.

A espiritualidade Tupi desempenhou um papel fundamental na estrutura da sociedade, unindo aspectos divinos ao cotidiano, a compreensão profunda da natureza como divindade influenciou não apenas rituais religiosos, mas também práticas cotidianas, como a caça, a pesca e a agricultura.

As interações dos Tupi, da aldeia do Inhapuambuçu com todos os outros povos de aldeias vizinhas, tinham uma história ancestral muito extensa, que se mistura a grande expansão Tupi.

Descobertas Recentes


Sítios arqueológicos localizados na Amazônia

Recentemente, descobertas arqueológicas na Bahia, como uma urna cerâmica pré-colonial, têm contribuído para a compreensão da história e presença dos Tupi-Guarani, enquanto modelos teóricos continuam a oferecer diferentes perspectivas sobre sua movimentação na América do Sul.

Restos mortais de Indigenas Tupi foram encontrados dentro de artefato de cerâmica com desenhos tradicionais em rituais de sepultamento da etnia -  Foto: Bruno Concha/Secom - reprodução CNN

No começo de 2022, uma equipe de arqueologia na Bahia fez uma descoberta extraordinária: encontraram uma urna cerâmica pré-colonial que pode ser a sepultura de um indivíduo tupi-guarani. 

Segundo arqueólogos que trabalham na obra da Avenida Sete de Setembro, desenhos no interior do vasilhame de cerâmica comprovam sua data e origem Tupi

O artefato foi desenterrado durante escavações na avenida Sete de Setembro, em Salvador, próximo ao relógio de São Pedro. No interior do vasilhame, havia um corpo sepultado, sugerindo que possivelmente se tratava de um homem indígena que viveu entre os séculos XIV e XVI na região. Essa importante descoberta, juntamente com mais de 12 mil outros artefatos históricos encontrados no local, será estudada no Centro de Antropologia e Arqueologia de Paulo Afonso, em Salvador, contribuindo para a compreensão da história e presença dos indígenas nessa área.

A Acrópole Paulistana

Os Tupi que chegaram a São Paulo tinham que vencer constantemente a elevação do maciço litorâneo, subindo e descendo a Serra do Mar, originando uma escarpada serra e desviando os rios para o interior, criando características únicas. Os indígenas superaram essas condições, criando 'peabirus'  (TA "pe" – caminho; "abiru" - gramado amassado),  eram trilhas de terra pisada que convergiam na região do triângulo histórico de Piratininga e levavam a distantes lugarers da America do Sul, como a antiga cidade dourada de Cuzco e aldeias amazônicas.

Apesar do isolamento do litoral, essa área tornou-se um ponto crucial, conectando o interior à costa Atlântica por meio de inúmeros peabirus, abrangendo rotas para o Vale do Paraíba, o interior Paulistano e Santa Catarina. Essa configuração geográfica conferiu ao triângulo histórico de São Paulo um valor imenso.

Quanto a relação com geografia, segundo Ab’Saber, entre 23 e 12 mil anos atrás, houve um "hiato de tempo seco" que propiciou a formação das 'stone lines', um fenômeno responsável pela formação de planaltos e montanhas, que definiram o relevo, a formação de serras e matas características, propicia para caça de animais pequenos, pesca abundante e grande variedade vegetal. A cerca de 10 a.C., o clima úmido retornou, com períodos sazonais de chuvas, delineando pequenas mudanças climáticas ao longo do tempo.

Troppmair destaca que essas mudanças climáticas propiciaram o surgimento de pinheiros, como a araucária, durante os longos períodos de esfriamento, principalmente nas margens do rio Pinheiros e em locais de altitude, como nas serras e altiplanos.

Diversas formações vegetais, como campos de várzeas, barrancas de terraços fluviais e ilhotas de campos cerrados, mencionando a toponímia que preserva vestígios desses antigos campos.

A formação vegetal propiciava locomoção e pesca, especialmente durante as cheias dos rios. A região, nomeada Piratininga, significava em TA "peixe seco", indicando a morte de peixes à beira dos rios após as vazantes de inundações constantes, características de rios de planaltos e várzeas. 

Moradores de Inhapumabuçu caminham pelo rio Tamanduateí e presenciam a chegada de tamanduás durante a vazante do rio. Nessas épocas de seca, os peixes morriam nas margens (piratininga no TA), atraindo formigas e consequentemente, tamanduás apareciam para devorá-las.

Essa rica vegetação não apenas facilitava a locomoção, mas também favorecia a pesca, especialmente durante as cheias dos rios. O relato destaca a frequência dessas inundações nos rios do planalto, como Tamanduateí, Pinheiros e Tietê. Este último teve seu nome alterado de Anhembi para Tietê, com significado arcaico de "rio muito bom, rio a valer, honrado". Tais inundações eram consideradas como agentes de fertilidade para a terra.

Ademais a abundância de animais de caça nos campos, é evidenciada pela toponímia Tupi ao dar o nome dos rios Anhembi, referindo-se ao rio das anhumas, Tucuruvi, conhecido como o rio do gafanhoto verde, e Tamanduateí, que indica um rio com peixes secos mortos, atraindo formigas e, por fim, tamanduás. Destaca-se ainda o Itororó, o rio da nascente, que surgia na Avenida Paulista, percorrendo até o encontro com as águas do Anhangabaú, ao longo da Avenida 23 de maio.

Peabirus como estradas e Rios como auto-estradas

Como vimos anteriormente, os deslocamentos Tupi eram feitos através dos peabirus, há relatos que João Ramalho e Tibiriçá andavam de 50 a 80Km por dia. Outra forma bastante eficiente era feita também por rios, os Tupis, como relata André Prous, que avaliava os Tupi como eram excelentes navegadores “a impressionante extensão da cultura Tupi-guarani, (...) pode ser em parte explicada por sua vocação de navegadores, particularmente, fluviais”.

Mapa de alguns Peabirus importantes da cidade de São Paulo

Os Peabirus Tupi em São Paulo formam uma rede de topônimos que, ao serem analisados, revelam trajetos e significados geográficos. 

Partindo para o Sul, encontramos locais como Pirapora (local onde o peixe pula), Sorocaba (lugar da erosão), Itapetininga (caminho seco de pedra), Itapeva (no lageado) e Itararé (no sumidouro). Esses nomes indicam um percurso rico em características naturais.

Ao seguir para o sertão das Minas, surgem Airuoca (morada da ararinha), Baependi (rio da coisa pontuda), Itumirim (cachoeira pequena), Itutinga (cachoeira branca) e Itaúna (pedra preta), Sabará  ou Itaberaba (pedra qe brilha), revelando uma variedade de elementos geográficos.

Na rota em direção a Goiás, deparamo-nos com Mogi Mirim (rio da cobra, o pequeno), Mogi Guaçu (rio da cobra, o grande), Jaguari (rio da onça), Uberaba (rio brilhante), Araguari (rio do vale do sol) e Paranaíba (rio da Pindaíba, espécie de palmeira). Esses topônimos sugerem uma vinculação estreita entre a nomenclatura e a natureza circundante, possivelmente influenciada pelos habitantes paulistas falantes do Tupi.

Essa prática de nomeação, herdada dos indígenas, destaca-se como uma forma de marcar o caminho e, mais recentemente, tem sido valorizada como parte do resgate histórico e cultural dessas regiões. O ato de nomear, como afirmado por Bofil Batalla, não apenas proporciona conhecimento, mas também é uma forma de criar e preservar a identidade cultural desses povos

Tupi enfrentavam limitações geográficas devido a interações com outros povos, como os Bilreiros. Apesar de delinear territórios, essas fronteiras eram permeáveis devido à mobilidade migratória e à pressão de grupos belicosos. Essa dinâmica refletia a instabilidade dos territórios tribais, sujeitos a mudanças frequentes.

Os grupos Tupi, ao se estabelecerem em determinada região, experimentavam as limitações do solo, já que, ao derrubar a vegetação para a agricultura, afetavam a fertilidade do solo, após algumas temporadas de plantio, quando o solo perdia sua produtividade, os Tupi buscavam novas áreas para cultivar.

Essa prática indicava uma adaptação constante às condições do ambiente, evidenciando uma relação afetiva com a terra, mas também a disposição de mudar quando necessário. 

Com base nos achados arqueológicos, as aldeias Tupi, especialmente em áreas mais populosas, seguiam um padrão específico. Geralmente, essas comunidades escolhiam locais elevados nas encostas dos morros, oferecendo uma visão privilegiada de um rio navegável principal. Próximo a essas aldeias, encontrava-se um córrego menor para fornecimento de água potável, enquanto o rio principal ficava a uma distância considerável para evitar problemas causados por cheias frequentes.

Esse padrão era consistente com as observações feitas por Soares de Sousa nas aldeias Tupinambás na Bahia, destacando a busca por locais altos, bem ventilados e próximos a fontes de água para lavagem e abastecimento. Staden, por sua vez, menciona que as aldeias ficavam em terras próximas a rios, geralmente consistindo em até sete casas organizadas em torno de um pátio utilizado para rituais. 

Em áreas mais conflituosas, eram construídas paliçadas de proteção, chamadas "ybira" (algo que ja aconteceu, ou já morreu, em TA).

Fernandes elenca seis pontos cruciais para a instalação de uma aldeia, incluindo acesso fácil à água potável, ventilação adequada, disponibilidade de lenha, proximidade de zonas piscosas, terras férteis e presença de mata para caça. Quanto à população, cronistas variam na estimativa, sugerindo entre 50 a 80 pessoas por casa familiar, totalizando cerca de 500 moradores por aldeia.

Os Tupi realizavam deslocamentos próximos de aldeias a cada três a quatro anos, as vezes não se afastando mais do que 500 metros, correspondendo à durabilidade do material utilizado nas construções. Mudavam-se geralmente na mesma região, indicado pelos locais de sepultamento, proporcionando uma certa estabilidade. O distanciamento médio entre aldeias, conforme registros, variava de cinco a dez quilômetros. Em Piratininga, as aldeias eram frequentemente instaladas ao longo dos rios, formando um conglomerado que facilitava a entreajuda em situações de ataque, organizando-se como uma rede conectada por relações de parentesco e alianças guerreiras.

Piratininga, a primeira aldeia que Martim Afonso colonizou em 1532, foi onde  estabeleceu um núcleo português, derivando seu nome do rio Tamanduateí, então chamado de Piratininga. Em 1550, o Pe. Leonardo Nunes (o "Abarebebé", ou "padre voador" em TA, nome dado em função da rápida velocidade e dinamismo que ele desempenhava nas trilhas na matas) encontrou várias outras aldeias no planalto, uma delas habitada por um principal, provavelmente Tibiriçá, indicando a existência de muitas outras aldeias na região.

O termo 'Piratininga' certamente não se refer a acrópole, pois em Tupi Antigo significa local do peixe seco' ou seja, planicies alagadas que durante as vazantes matava e secava os peixes no sol. 

Enquanto alguns sugerem que poderia ser próximo ao Tietê, outros, como Afonso de Freitas que escreveu o livro Os Guayanás de Piratininga, propõem um local mais alto, longe das enchentes, associado à construção posterior do Convento da Luz, Freitas foi o mais enfático poponente da distinção entre a região de Piratininga da aldeia de Tibiriçá, pós Santo André da Borda do Campo, chamada Inhapuambuçu.

As Tês Aldeias de Piratininga

Durante o ataque à missão em 1562, Anchieta menciona que os familiares de Tibiriçá estavam distribuídos em três aldeias, com Ururay sendo a única identificada. Não há confirmação se essas aldeias estavam no Tamanduateí ou no Tietê.

Anchieta menciona também Tamandiba como sendo uma liderança importante da aldeia, mas não há referências claras sobre outras aldeias no Tamanduateí. 

O local atualmente conhecido como Ipiranga, às margens do rio Vermelho, poderia ter sido uma aldeia Tupi, pois se encaixa nos padrões de ocupação Tupi e serviu como pouso português para quem chegava do litoral.

Outra fonte de informação sobre o tamanho e importância das aldeia é dada por John Manuel Monteiro, "Quanto ao número e tamanho das aldeias tupiniquim existentes durante o século XVI, os relatos dos contemporâneos, infelizmente, pouco nos dizem.12 Tudo indica, no entanto, que o principal assentamento tupiniquim na época da chegada dos europeus era o do chefe Tibiriçá, certamente o mais influente líder indígena da região. 

Uma segunda aldeia importante no período era a de Jerubatuba, sob a chefia de Cauibi, supostamente irmão de Tibiriçá. Esta última localizava-se em torno de doze quilômetros ao sul de Inhapuambuçu, próximo ao futuro bairro de Santo Amaro. 

Em 1553, o aventureiro alemão Ulrich Schmidel, tendo passado alguns dias na aldeia, descreveu-a como "um lugar muito grande. Finalmente, a terceira aldeia que figurava com certo relevo nos relatos quinhentistas, Ururaí, também tinha como chefe um irmão de Tibiriçá, chamado Piquerobi. Localizado seis quilômetros ao leste de Inhapuambuçu, este assentamento, mais tarde, tornou-se a base do aldeamento jesuítico de São Miguel".

A Dinâmica de Relacionamentos na Aldeia de Inhapuambuçu

Eram esses personagens que no início do século XVI viviam juntos em suas rotinas e conflitos, cujas decisões tomadas naquela aldeia naquela época, mudaram completamente a dinâmica das relações do povo brasileiro.

Fato ou boato, é muito importante dizer aqui que o uso do nome Piatã* para se referir ao pajé de Tibiriçá, bem como a menção dos Tupi-Rerekoara como um grupo secreto que guarda as tradiçoes Tupi se tornam aceitáveis nesse contexto, pois é uma forma de consolidar informações históricas, mesmo que seja referidos por fontes não checadas e que haja variações nos registros, é sempre útil mencionar que a reconstrução precisa dos detalhes desses acontecimentos antigos pode ser uma tarefa muito desafiadora.

O relacionamento entre José de Anchieta, Tibiriçá e João Ramalho marcou um período de abertura à cultura europeia na aldeia Tupi do Inhapuambuçu, com constantes tensões, especialmente sobre a adoção das novas práticas religiosas e culturais em detrimento das praticas espirituais da cultura Tupi. 

Outras Referências

"...Índio não é bobo (sic) e quer se civilizar, pois gosta mesmo é da comida regular da agricultura branca e do leite de vaca para seus curumins; roupas, tv, moto, relógio, luz, celular e outras comodidades da civilização; quem gosta de ficar pelado feito animal e comer carne contaminada de preá do mato, é militonto ideológico! 

*...Manoel da Nóbrega ingressou na Companhia em 1544, tendo nascido em 18/10/1517, e cursado as universidades de Salamanca e de Coimbra, onde completou o curso de direito canônico. Ordenado, foi preterido por motivos políticos ao ingresso no Mosteiro de Santa Cruz como professor, o que o levou a aproximar-se alternativamente aos jesuítas. Em 1548, vem para a América com Tomé de Sousa, chefiando outros sacerdotes (Antonio Pires, Leonardo Nunes, João Navarro, Vicente Rodrigues e Diogo Jácome, e demais irmãos não ordenados). 

*Anchieta frequentou o Real Colégio das Artes e Humanidades, anexo à Universidade de Coimbra, a mais perfeita da nossa língua, onde certamente conheceu a Escolástica de Santo Tomás de Aquino, baluarte da Cultura Aristotélica-Cristã. Criou a nossa primeira gramática da língua Tupi, utilizada para evangelização dos nativos, além de peças teatrais, musicais e livros de história, sempre didáticas e voltadas à catequese.

*São José de Anchieta foi canonizado em 2014 Apóstolo do Brasil. Padre José nasceu em Tenerife em 1534, Ilhas Canárias da Espanha, filho de pai fazendeiro "vasco" (provável cristão-novo) e mãe de família aristocrática local, filha de conhecido pai judeu. Estudou dos 17 aos 20 anos na Universidade de Coimbra (em Portugal, onde havia maior tolerância para com sua etnia perseguida na Espanha pela Inquisição) onde aprendeu a falar/escrever português e latim. Morreu na ínvia terra que tanto amou, em 1597.

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