segunda-feira, 28 de abril de 2014

Botoques e Piercings

Revista mensal de moda TUPI POP traz materia especial sobre as ultimas tendências em botoques coloridos, feitos de plexiglass.
Assim que os Portugueses chegaram no Brasil encontraram alguns grupos indígenas que se destacavam pelo uso de grandes discos de madeira nos lábios e nas orelhas, e passaram a ser chamados de Aymorés ou Botocudos (índios que usam o Botoque).

Botoques ou discos labiais, são ornamentos feitos da madeira extraída da árvore "Barriguda" (Bombax ventriculosa). Esses discos são perfeitamente lixados, a madeira é desidratada no fogo ficando leve e esbranquiçada. É comum que o botoque seja pintado com riscos geométricos. Somente os homens esculpiam os botoques, mesmo aqueles usados pelas mulheres. As orelhas das crianças eram furadas aos sete anos de idade, mais ou menos e os lábios um pouco mais tarde. Os botoques implantados inicialmente eram pequenos e aumentavam de tamanho gradativamente.

Os Botocudos não constituíam um grupo indígena único, eram índios de diferentes etnias com algumas características em comum: como o uso dos botoques e o semi-nomadismo. Sobre o genérico nome "botocudo" eram conhecidos os índios das etnias Pojixá, Jiporok, Naknenuk, Nakrehé, Etwet, Krenak, entre outras.
 
Índios Botocudos por Johann Moritz Rugendas, 1822 a 1825
Em 13 de maio de 1808, o príncipe regente dom João assinou uma carta régia mandando “fazer guerra aos índios botocudos”. Os portugueses venceram a guerra, usando pólvora e aço e armas biológicas - roupas e cobertores impregnados de vírus de varíola eram deixados na floresta para uso e contaminação dos índios.Os índios que sobreviviam foram escravizados.

Atualmente todas as populações Aymoré ou dos Botocudos foram dizimadas, exceto seus descendentes Krenak. Os Krenak vivem atualmente no Estado de Minas Gerais e contam 99 indivíduos.
 
os homens mais velhos usam os tradicionais botoques de ‘Árvore Barriguda’ envernizada.
Imaginem agora que a tal carta regia nunca tivesse existido, e os índios Botocudos tivessem feito sobreviver sua cultura, com o uso de seus botoques e piercings até os dias de hoje.

A cultura ‘Tupi Pop’, também chamada de ‘Nova Tupi’, criada neste blog em 2012 http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html celebra o uso de Botoques e Piercings. Jovens desfilam nas ruas com seus lindos botoques coloridos, enquanto que, os homens mais velhos usam os tradicionais botoques de ‘Árvore Barriguda’ envernizada.
 

O "piercing janela" é um disco de plexiglas embutido no lábio inferior e na bochecha para que se possa ver o interior da boca e a linha da gengiva - http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html
Revistas de moda, como a TUPI POP, lançam as ultimas novidades em botoques feitos de plexiglass transparente, ou com estampas criativas.


Quem sabe podemos enaltecer o orgulho de sermos brasileiros, talvez nos próximos anos a moda urbana inclua as pinturas nos rostos de nossos jovens, ou mesmo pinturas corporais tal como as mostradas no Spa Pihin (Spa Pihin – foi uma outra idéia de valorização da cultura indígenaatravés da criação de um Spa que faz uso de técnicas de cuidado e carinho com ocorpo através da s pinturas com e ervas especiais – Pihin, palavra do Tupiantigo que significa ‘Pintura Corporal) tal como ainda se faz em reservas isoladas, ou tribos ainda existentes.

domingo, 13 de abril de 2014

Sateré Mawé – Inventores do Guaraná e do ritual das Tocandiras

India da etnia Sateré Mauwé fazendo o ritual da Tocandira, alegoria do guaraná 

Em novmeb4o de 2013, Atwãma, uma menina da etnia Sateré-Mawé de apenas de 15 anos de idade, participou do Ritual da Tocandira, a aceitação de mulheres no ritual tem sido comum nos últimos três anos na aldeia Sahu-Apé. É que o ritual, embora tradicionalmente masculino, se expandiu para outros gêneros e até pessoas que não é indígena pode participar.
Os rituais de passagem da puberdade são acontecimentos marcados com rituais de extremo valor na comunidade. Os homens são submetidos à prova das formigas tocandira ou tucandeira - são instigados a colocar a mão em uma luva de palha trançada infestada de formigas tucandeira, e aguentá-las durante pelo menos 15 minutos, enquanto todos os índios dançam ao redor em uma música em língua local.4 Em seguida, a luva é repassada ao índio do lado (que também deve aguentar os 15 minutos), e assim por diante, até passar por todos os adolescentes que estão a ingressar em vida adulta. Durante o ritual os adolecentes ficam com suas mãos inchadas seguidos de vários efeitos consecutivos, como febre, câimbra, vermelhidão nos olhos, etc.

Sateré - quer dizer "lagarta de fogo", referência ao clã mais importante dentre os que compõem esta sociedade, aquele que indica tradicionalmente a linha sucessória dos chefes políticos. O segundo nome - Mawé - quer dizer "papagaio inteligente e curioso".
 
Toy art de indigena com pintura dos Sateré Mawé - Ritual da Tocandira
A língua Sateré-Mawé integra o tronco lingüístico Tupi. Segundo o etnógrafo Curt Nimuendaju (1948), ela difere do Guarani-Tupinambá. Os pronomes concordam perfeitamente com a língua Curuaya-Munduruku, e a gramática, ao que tudo indica, é tupi. O vocabulário mawé contém elementos completamente estranhos ao Tupi, mas não pode ser relacionado a nenhuma outra família lingüística. Desde o século XVIII, seu repertório incorporou numerosas palavras da língua geral.

Os homens atualmente são bilíngües, falando o Sateré-Mawé e o português, mas a maioria das mulheres, apesar de três séculos de contato com os brancos, só fala a língua Sateré-Mawé.

Os Sateré-Mawé domesticaram guaraná,  criaram o processo de beneficiamento da planta. A primeira descrição do guaraná e do processo para exgrair seu sumo data de 1669, ano do primeiro contato o homem branco.

O padre João Felipe Betendorf descreve, em seu relato de 1669 - "tem os Andirazes em seus matos uma frutinha que chamam guaraná, a qual secam e depois pisam, fazendo dela umas bolas, que estimam como os brancos o seu ouro, e desfeitas com uma pedrinha, com que as vão roçando, e em uma cuia de água bebida, dá tão grandes forças, que indo os índios à caça, um dia até o outro não têm fome, além do que faz urinar, tira febres e dores de cabeça e cãibras".

O antropólogo Anthony Henman descreve o uso da bebida no ritual das Tocandiras: "Essas práticas são essencialmente as mesmas em todas as circunstâncias, tanto se o çapó for preparado para o círculo familiar mais íntimo, ou para um encontro de todos os homens adultos durante uma festa ou reunião política. Cabe à mulher do anfitrião ralar o guaraná, operação feita com uma língua de pirarucu ou uma pedra lisa e quadrada de basalto. Uma cuia aberta da espécie Crescentia cujete é colocada em cima de um suporte chamado patauí e enchida de água até um quarto do seu volume total. A ação de 'ralar' o guaraná molhado não busca a transformação do bastão em pó, como ocorre com o guaraná seco.

Antes, trabalha-se o guaraná para que se forme uma baba, uma viscosidade que adere ao ralo e ao pedaço do bastão em uso, sendo dissolvida n'água mediante a periódica submersão dos dedos da raladora.

Depois de preparado, o çapó é de novo diluído com água guardada ao lado da "dona" do guaraná em uma cabaça da espécie Lagenaria siceraria. A cuia, já a essas alturas cheia até um pouco mais da metade de çapó, e entregue pela mulher ao seu marido, que toma apenas um pequeno gole antes de passá-la aos outros presente, normalmente prestigiando os mais velhos ou alguns visitantes importantes, se os houver. Daí em diante, a cuia passa de mão em mão observando a proximidade física dos participantes, e não um rígido esquema de hierarquia, sendo acompanhado durante as sessões noturnas por um grande cigarro de tabaco enrolado numa casca de árvore. O nome tauarí indica tanto o cigarro feito, como a casca e a própria árvore (Couratari tauary).

Nem sempre a cuia e o tauarí fazem uma volta circular, sendo mais comum que passem em uma linha reta de um participante ao próximo, voltando pela mesma linha até chegar de novo nas mãos do dono. Quando são muitas as pessoas presentes, observa-se a formação de duas ou mais linhas deste tipo, já que uma só cuia raramente é tomada por mais de oito ou dez pessoas. O participante que não tiver muita vontade de tomar guaraná não irá rechaçar a oferta da cuia, mas manterá as formalidades, bebendo um golinho mínimo para não ofender o anfitrião. Outro detalhe importante é que ninguém acaba a bebida que tiver na cuia, e mesmo se receber uma quantidade mínima, cuidará de deixar sempre um resquício para devolver ao dono. Só este é que tem o direito de encerrar formalmente a sessão de çapó; o que ele pode fazer pessoalmente, ou passando o restinho para um membro de sua família, acompanhado pela frase wai'pó ("olha o rabo").

Durante o intervalo em que a cuia circula entre as pessoas presentes, a mulher do anfitrião continuará esfregando o pedaço de guaraná contra o ralo, juntando uma baba que será prontamente dissolvida na água assim que a cuia voltar às suas mãos. Cabe observar que cada sessão da çapó tem várias rodadas da bebida, ou seja, a mulher do dono da casa (ou sua filha, ou sua neta) irá preparar várias cuias de çapó conforme a disposição dos visitantes e familiares para tomar çapó e conversar.
O çapó é a bebida que os Sateré-Mawé utilizam durante seus resguardos. As mulheres durante a menstruação, gravidez, pós-parto e luto e os homens na Festa da Tocandeira, no luto e quando acompanham suas mulheres durante o resguardo do pós-parto.

Pode-se dizer que é durante o fábrico, termo regional também utilizado pelos Sateré-Mawé para indicar as várias etapas do beneficiamento do guaraná, que a vida social se intensifica. A partir do que observamos, o fábrico potencializa ao máximo a maneira de ser desta sociedade, trazendo para a vida social cotidiana toda uma gama de fenômenos que se encontram ocultos ou obscuros em outras épocas do ano. É um período que se renova a cada ano com a chegada da colheita do guaraná, permitindo aos Sateré-Mawé comungarem com sua gênese mítica, revigorando-se etnicamente.
Formiga Tocandira 


O ritual da Tocandira coincide com a época do fábrico e dura aproximadamente 20 dias. Os índios referem-se a este ritual como "meter a mão na luva", também conhecido pelos regionais como "Festa da Tocandira". Trata-se de um rito de passagem - onde os meninos tornam-se homens - de extraordinária importância para os Sateré-Mawé, com cantos de exaltação lírica para o trabalho e o amor, e cantos épicos ligados às guerras. As luvas utilizadas durante este ritual são tecidas em palha pintada com jenipapo, e adornadas com penas de arara e gavião; nelas, o iniciado enfia a mão para ser ferroado por dezenas de formigas Tocandiras (Paraponera clavata).

domingo, 12 de janeiro de 2014

Aulas de Tupi - 'Sonho de Policarpo Quaresma' em Estilo 'Nova Tupi'

Lição n. 1 - Peró o îepotar - Arte em estilo 'Nova Tupi' de Luiz Pagano - idealizador do estilo
Escrevi este artigo sobre nossa língua original apos ter recebido alguns e-mails pedindo aulas de Tupi Antigo.

Ilustrei com quadros em estilo ‘Nova Tupi’
http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html de Luiz Pagano, idealizador desse estilo artístico que se caracteriza por ter elementos brasileiros originais, como se a influência Tupi tivesse evoluído como cultura predominante brasileira, com muito pouca interferência da cultura portuguesa e de outros imigrantes em nossa terra.

A língua indígena clássica do Brasil que teve fundamental importância para a construção de nossa identidade. Foi aprendida pelos colonizadores portugueses que aí aportaram a partir desse século e, por intermédio deles e de seus descendentes mestiços e os bandeirantes.

O Tupi antigo chegou a ser o idioma oficial da elite colonial Brasileira, e foi proibida por decreto, expedido pelo Marques de Pombal no ano de 1758 http://ameobrasil.blogspot.com.br/2012/12/como-seria-o-brasil-se-cultura-dos.html

Segundo o cronista Pero Magalhães de Gândavo (1540 a 1580) antes do tal decreto este idioma foi falado desde o Pará até o sul do país, com algumas variantes dialetais.

Grande parte do material para estudo que nos chega foi trazido pelo padre José de Anchieta (San Cristóbal de La Laguna, 19 de março de 1534 — Reritiba, 9 de junho de 1597) em seu livro intitulado A Gramática de Anchieta (1595)

Segundo ele, o Tupi (também chamado de Tupi Antigo) era falado na Capitania de São Vicente, no planalto de Piratininga e em trechos do atual estado de São Paulo. O Tupi era uma variante dialetal do Tupinambá, que era falado na porção maior da costa brasileira.

O Tupi Antigo

O aprendizado de Tupi Antigo é uma tarefa de grande dificuldade, pois os cursos e livros sobre o assunto muitas vezes é feito sem bases em estudos sérios. ensinam Nheengatu da Amazônia como se fosse Tupi Antigo, com elementos do Guarani Paraguaio. Tudo isso mais confunde os alunos que os ensina. Ora, estudar Tupi Antigo exige a mesma seriedade científica que exige o estudo de qualquer outro idioma. Assim, antes de tudo, é importante que certos conceitos fiquem bem claros para quem começa a estudar essa língua.

Adotei o livro Método Moderno de Tupi Antigo, de Eduardo de Almeida Navarro por ser o mais serio e científico estudo desse idioma

Vale observar as variantes dos grupos lingüísticos faldos no Brasil com referência ao Tupi Antigo:

LÍNGUA GERAL – Foi uma língua surgida da evolução do Tupi Antigo, a partir da segunda metade do século XVII, quando, então, era falada por todos os membros do sistema colonial brasileiro: negros, brancos, índios tupis e não tupis, mestiços.

TUPI-GUARANI – não é uma língua, mas uma família de mais de vinte línguas. Inclui o Tapirapé, o Wayampi, o Kamayurá, o Guarani (com seus dialetos), o Parintintin, o Xetá, o Tupi Antigo, etc. Existem línguas Tupi-Guarani, não o Tupi-Guarani. Dessas, o Tupi Antigo é a que foi estudada primeiro e a que mais influenciou a formação da cultura brasileira.

NHEENGATU – é uma língua da Amazônia, uma evolução da língua geral, falada por caboclos no vale do Rio Negro, na Amazônia. É uma fase atual do desenvolvimento histórico do Tupi Antigo, mas não é o Tupi Antigo.

TUPI MODERNO – é o nome que alguns dão ao Nheengatu da Amazônia ou, ainda, a certas línguas faladas da família Tupi-Guarani. Não é a língua que Anchieta estudou, mas uma evolução dela.
O Tupi Antigo continua presente no cotidiano dos brasileiros através de vários nomes de cidades, na geografia brasileira, nas denominações de animais e plantas nativas do Brasil.

As palavras em Tupi Antigo muitas vezes são descrições das coisas a que se referem, envolvendo uma explicação inteira. Cada palavra pode ser uma verdadeira frase.

Decifrar o significado das palavras requer, muitas vezes, uma visita ao local a que se refere o termo. Um exemplo disso é o topônimo Paranapiacaba = paraná + epiak + -(s)aba, "mar" + "ver" + "lugar" = "lugar de onde se vê o mar", que se refere a um ponto da Serra do Mar onde se pode avistar o mar.

A língua tupi é aglutinante, não possui artigos (assim como o latim) e não flexiona nem em gênero nem em número.

Chave da pronúncia do tupi antigo

A seguir veja os fonemas do Tupi Antigo assim como suas variantes alofones (variante fonética de um fonema – ex. O fonema ‘t’ [te] pode ter as seguintes variações  [tiu], [tch], etc.)

VOGAIS:


A: Como no portugues mala, bala, - ka’a - mata;

E: Com timbre aberto pé, rapé - ere-ker - (tu) dormes;

I:  Como no português caqui, dia itá - pedra;

O: Com o timbre aberto avó, nódoa, farol - "a-só" (leia assó) - (eu) vou;
oka - (leia "óca") - casa

U: Como no Português upaba - lago;

Y: Um fonema que não existe na língua Portuguesa, mas tem o mesmo som do ‘Y’ em Russo. É uma vogal intermediária entre o ‘u’e ‘i’’, pzra falar este som deve-se colocar a língua na posição para pronunciar o ‘u’ e os lábio para pronunciar o ‘i’.

As vogais ditas tem as seguintes variações Alofones:

ã – Com som nasal - como no português maçã – marã – maldade;

ẽ - Com som nasal - moka’ẽ - moquear, assar o churrasco;

ĩ – Com som nasal - potĩ – Camarão;

õ – Com som nasal - potyrõ – Trabalhar em Grupo;

ũ – Com som nasal – irũ – companheiro;

ỹ - Com som nasal - ybỹîa – parte interior, oco, vão;

CONSOANTES:

‘/’ - O sinal (‘) ou (’) representa consoante oclusiva glotal, que não existem em português, do alfabeto fonético internacional é o (ʔ) – ka’a (ka’ʔa) – floresta;

b  - Pronuncia-se como o v castelhano – abá – (a’βa) homem;

î  - Como no português lei, dói – îuka – matar;

nh – É um alofone de î , como no protugues ganhar, banha, rainha – nhandu’i aranha;

k – Como o q em português antes do a, o ou u, casa, colo – îuka – matar;

m (ou mb) – Como em português mar, mel ambos, samba – momorang – embelezar. Em mb o b é oclusivo, devendo encostar os lábios ao pronunciar. Mba’e – coisa;

n (ou nd) – Como em português nada, andar – nupã – castigar. Em nd, que é seu alofone, também temos uma consoante nasal oralizada, (começa como nasal e termina como oral) nde – tu, amã’ndykyra – gotas de chuva;

ng - Como no inglês thing, nhe’eng – falar;

p – Como no português pé, porta – potar – querer;

r – É sempre brando, como no português, aranha - paranã – mar;

s – Como no português assunto, pedaço – sema – saída;

t – Como no português matar, tato – tukura – gafanhoto;

û – Como a semi-volgal u do português. No inicio da palavra pode ser pronunciado como gû: ûyra ou gûyra – pássaro;

x – Como o ch ou o x como chácara, chapeu – ixé – eu;
 
Lição n. 1 - Peró o îepotar - Arte em estilo 'Nova Tupi' de Luiz Pagano - idealizador do estilo
Lição 1 – Chegaram o portugueses

Peró o-îepotar. Peró-etá ‘y kûa-pe o-só.
Os portugueses chegaram. Muitos portugueses para a enseada do rio se foram.

Abá ‘y kûa-pé o-îkó.  Peró-etá ygar-usu pupé o-pytá.
Os índios na enseada do rio estão. Muitos portugueses dentro dos navios ficaram.

Peró Ygara suí o-sem. Abá o-syk.   Abá peró supé o-nhe’eng.
Os portugueses da canoa saem. Os índios achegam-se. Os índios aos portugueses falam.

Abá-etá o-sykyîé.
Muitos índios tem medo.

(perguntaram a um português:)
-Abá-pe endé? Mamõ-pe ere-îkobé?
- Quem (és) tu? Mamõ-pe ere-îkobé?

Vocabulário

Abá – índio (em oposição ao europeu)
          Homem (em oposição a mulher)
          Ser humano (em oposição a animal irracional)

Kûa – enseada, baía

‘y kûa – enseada do rio, onde deságua o rio

peró – português (era um nome próprio muito comum entre os portugueses do século XVI;

‘y – água, rio

ygara – canoa

ygar-usu – navio

îepotar – chegar por mar ou por rio

ikó – estar

ikobé – viver

nhe’eng – falar (rege a posposição supé para, a)

pytá – ficar

sem – sair

só – ir

syk – achegar-se, aproximar-se

sykyîe – ter medo, temer

outras categorias

abá-pe – (inter.) quem?

Endé – (pron.pes.) – tu

Etá – (indef.) muitos (as)


Mamõ-pe? (inter.) onde?

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Saiba como a politica da Pós-Escassez pode ajudar o Brasil


O (ficticio) Romildo encostado na sororoca

Romildo, um engenheiro a serviço de uma companhia petrolífera navegava em um barco que naufragou enquanto investigava o vazamento de contaminantes no rio Solimões, no meio da floresta Amazônica.
Romildo não bebeu água do rio com medo que a água estivesse envenenada, depois de três dias, quando a equipe de resgate chegou percebeu-se que Romildo estava quase morto, apoiado em uma phenakospermum guianensis, vulgarmente conhecida como ‘Sororoca’.

Romildo não fazia a menor idéia que a planta que serviu de abrigo durante todo o tempo que passou sede na quente floresta amazônica era uma perfeita fonte de água limpa. As folhas constituídas por longos pecíolos, dispostos em leque da sororoca acumulam e purificam a água, formando um perfeito filtro e reservatório naturais.

O caso de Romildo ilustra muito bem quais são os mecanismos da ‘Pós-escassez’:

- 1o  estagio da ‘pós-escassez’, o básico - Se Romildo tivesse o conhecimento de um mateiro experiente, ele poderia ter sido beneficiado de água, plantas e insetos que estavam ao seu redor e poderia ter saído da situação perfeitamente hidratado e nutrido;

- 2o  estagio da ‘pós-escassez’, o estado da arte -  Se Romildo tivesse o conhecimento acumulado de um ‘mateiro’ somado ao de um ‘chef de cozinha’ e o de um ‘medico’, ele não só teria comido pratos deliciosos, tais como uma sopa de larvas torradas com tucupi e jambu, como também teria reduzido seu habitualmente alto índice de colesterol;

- 3 ª etapa da "pós-escassez", plenitude de uso - Se Romildo tivesse uma base relativamente perfeita de conhecimento (condição conceitual de plenitude no cenário de pós-escassez), ele teria passado por momentos de deleite e de raro prazer no meio da selva, bem como poderia ter saído de lá milionário. Talvez porque tenha se dedicado a uma rica jazida de ouro, ou por ter estudado o uso de um punhado de plantas nativas combinadas para fazer um composto tônico com o propósito de aumentar a expectativa média de vida da humanidade em 220 anos;

Atualmente, nossa civilização vive num estagio de escassez, (momento anterior ao 1o estagio citado no exemplo acima) onde um grupo de pessoas relativamente pequeno tira proveito de forma inadequada dos recursos que o cercam e a grande maioria se sente prejudicada:

- Um brilhante músico que optou pela vida do crime, pois precisava urgentemente de dinheiro para alimentar sua família, acabou morrendo num confronto policial. Ele não teve condições de aproveitar seu talento potencial por falta do conhecimento e de atitudes apropriadas;

- Uma vitima de câncer morre porque não teve acesso a um remédio feito com as toxinas de um tipo de aranha que habita o jardim da própria casa onde mora;

- Um funcionário dos correios deixa de lançar no mercado um revolucionário software capaz de compartilhar informações sobre as mais novas conquistas da ciência porque sua baixa auto-estima não o permitiu que largasse seu emprego seguro para se dedicar ao projeto;

Estes são exemplos dramáticos de como a era da escassez é prejudicial ao planeta e deve ser imediatamente combatida.

Numa situação de pós-escassez a clássica definição de Economia mudaria de – alocação dos escassos recursos às necessidades ilimitadas – para – uso consciente dos ilimitados recursos para todas as necessidades.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Positivismo Brasileiro – Cadê a 'ordem' e o 'progresso' ?

Positivismo Brasileiro 
Em 2014 a republica irá completar 125 anos de idade e as idéias de prosperidade que guiavam nossas esperanças foram simplesmente esquecidas, Auguste Comte é ocasionalmente mencionado nas escolas, as obras do filósofo francês são raramente publicadas no Brasil, os poucos exemplares, quando encontrados nos sebos, são parte de alguma coleção de pensadores do início da década de 1970.

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Talvez o surto de esperança causada pela crença nos poderes da ciência em fazer do Brasil uma nação extremamente avançada tivesse sido um exagero, ou talvez as idéias com implicações científicas e morais vão de encontro com o desejo egoísta de corrupção de nossa classe política.

Como Comte dizia “A fim de garantir o verdadeiro emprego de poder material, devemos imediatamente começar a respeitá-lo em sua forma geral, salvo em casos excepcionais de fraude”.

A filosofia do positivismo se tornou uma religião secular no Brasil e até mesmo igrejas foram criadas ,duas delas existem até os dias de 2014, uma em Porto Alegre e outra no Rio de Janeiro (vale ressaltar que o templo de Porto Alegre, vem sofrendo com a evasao de adeptos e conta hoje com pouco mais de trinta seguidores em todo o estado). A filosofia do positivismo foi fundamental na propaganda para substituir Dom Pedro II.

O positivismo postula a possibilidade de sistematização e explicação de todos os fenômenos, matemáticos ou sociais, estipulando leis constantes fundamentadas na observação.
 
Positivismo de Auguste Comte
Jean-Jacques Rousseau é muitas vezes apontado como o filósofo da Revolução Francesa. Robespierre levou a idéia da soberania e da virtude radical como o grito de unidade para a revolução. Mas foi no Brasil, de maneira radicalmente diferente, que a revolução de império para república, com o positivismo de Auguste Comte parecia ter o potencial de nos levar a uma posição privilegiada dentre todos os outros países do mundo.

A inscrição "Ordem e Progresso", sempre em verde, é uma forma abreviada do lema político positivista de Comte: O Amor por princípio, a Ordem por base; o Progresso por fim (em francês: "L'amour pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but").


Euclides da Cunha, aluno de Benjamin Constant, declarou: "O lema da nossa bandeira é uma síntese admirável do que há de mais elevado em política"

“Viver para os outros, a fim de viver de novo nos outros e por outros”, com essas palavras Comte resume muito de sua filosofia ao afirmar que quanto mais e melhor fizer por seu sistema, mais será lembrado e mais influenciará, dessa forma, sua memória ficara viva por mais tempo na sociedade.

Na Igreja Positivista presta-se culto de adoração à "Trindade Positivista", que é composta por:

- Nouveau Grand-Être Suprême "Humanidade" ou "Grande Ser" (entidade coletiva, real e abstrata, formada pelo conjunto de seres humanos convergentes do passado, do futuro e do presente, que contribuíram para o progresso da civilização);
- The Grand Fétish "Grande Fetiche" (o planeta Terra com todos os elementos que o compõe: vegetais, animais, água, terra etc.) ;
- The Grand Milieu "Grande Meio" – (o espaço, os astros, o Universo).

Correspondência entre as estrelas e as unidades da federação

Tudo em nosso símbolos foi baseado em aspectos lógicos e com propósitos bem definidos, inclusive as estrelas em nossa bandeira. Cada astro representa as diferentes personalidades dos estados da federação:

- As estrelas do Cruzeiro do Sul representam os cinco principais estados de então: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Espírito Santo;

- A estrela Espiga, única situada acima da faixa branca, representa o Estado do Para, talvez porque Belém, capital do estado, fosse a mais setentrional do país, ou porque o estado do Pará tivesse sido o último estado da federação a aderir à Independência;

- O Distrito Federal sempre foi representado pela estrela sigma da constelação do Oitante, também chamada de Polaris Australis ou Estrela Polar do Sul, Sigma Octantis tem uma posição única no céu do hemisfério sul, pois os demais astros parecem girar a seu redor.

O Pós-Positivismo – ignorado pelos brasileiros

Após a Segunda Guerra Mundial o mundo inteiro se viu aterrorizado com a força e o poder que foram conferidos a alguns governantes que, a partir do mau uso dos seus cargos representativos, se valeram da juridicidade oferecida pelo positivismo para a instalação de governos de opressão e discriminação.

Era impossível continuar com um discurso jurídico que pregava uma lei rígida, inflexível, altamente coercitiva e desprovida de carga moral; um Judiciário meramente mecânico e um Legislativo com total liberdade para “fabricação” daquele tipo de norma.

O pós-positivismo surge numa tentativa de restabelecer uma relação entre direito e ética, pois busca materializar a relação entre valores, princípios, regras.

Quando o povo brasileiro percebeu que as forças que formaram a sua republica cair em descrédito, preferiu simplesmente negar o positivismo em toda sua essência, ao invés de aceitar apenas os bons valores da doutrina, ou a adotar o que foi chamado de pós-positivismo.

Para Karl Popper, um dos fundadores da corrente filosófica do pós-positivismo, o propósito da ciência não é a obtenção de enunciados absolutamente certos. A conquista da verdade absoluta, a seu ver, é inatingível.


É assim que nos, brasileiros, devemos rever as forças que nos levaram a republica. O método cientifico aplicado a administração publica deve consistir numa busca por uma aproximação constante da verdade.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Os Heróis da Bruzundanga

Assum Preto, o herói cangaceiro cego, a bela Mani, filha da terra e o Visconde Quaresma tem a missão de transformar a Bruzundanga de 2094

O titulo 'Os Heróis da Bruzundanga' refere-se ao conjunto de historias no formato de HQ, vividas por uma liga de três personagens brasileiros, que juntam seus talentos especiais e poderes para salvar o fictício pais da Bruzundanga de seus mais temíveis e improváveis vilões.

Saiba mais sobre os Her'is da Bruzundanga

Nessa ficção o Brasil é perfeito no que diz respeito a administração publica, nenhum traço de corrupção, a economia cresce vertiginosamente e nossa cultura é adorada no mundo todo.

O Brasil chegou nesse ponto quando uma linha de tempo alternativa foi criada a partir do momento que o então presidente, Floriano Peixoto decide aceitar as propostas de reforma apresentadas por Policarpo Quaresma no ano de 1893

Policarpo Quaresma, seus sobrinhos e descendentes passaram a estar a frente de todas as decisões políticas do Brasil, é como se uma nova família real surgisse (apesar da objeção dos Quaresmas à monarquia). Eles preferem ter seus cargos a titulo de ‘Os Guardiões da Ordem e do Progresso.

Luiz Pagano como Assum Preto

Já a Buzundanga não, lá a corrupção corre solta, é um problema endêmico. As duas classes dominantes, a dos doutores e a dos novos ricos, mergulharam o pais num ciclo vicioso de crimes e corrupção; que de forma incomum aumentaram muito a distinção entre pobres e ricos.

Nesse cenário decadente a violência e o ódio ocupam todas as escalas sociais..

A genialidade de Lima Barreto e seus livros ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’, e ‘Os Bruzundangas (a qual não tenho a menor pretensão de me equiparar) servem como base e fundação para uma rica e infinita linha de personagens e aventuras.

Sempre fico incomodado pelo fato de Lima Barreto nunca ter tido um assento na Academia Brasileira de Letras, esse desconforto cresce exponencialmente quando se considera que o Sarney tem um – fazer o que né!?!?!

A trama...

O ano é 2093, duzentos anos depois das reformas de Quaresma/Peixoto - o mandachuva da Bruzundanga (mandachuva é o termo que se usa para designar o presidente), Dr. Kasthriotoh Krat Ben preocupado com os aterrorizantes índices de subdesenvolvimento e corrupção convida uma liga de heróis da moderna e democrática nação dos Estados Omni Utocráticos do Brasil, um dos países mais avançados e copiados do mundo, para livrar o país das mazelas que tanto entravam o seu desenvolvimento. A liga de heróis é integrada por:

Assum Preto, ou simplesmente Assum - um anti-herói cangaceiro que, tal como o pássaro de mesmo nome, ficou cego dos olhos em função da exposição prolongada à radiação do lixo atômico de Angra dos Reis, enterrado no solo remoto da Lajedo do Pai Mateu. Essa mesma radiação fez com que tivesse poderes especiais e sua cegueira é enormemente compensada por sua força, selvageria e sentidos aguçados.

Entre outras coisas Assum Preto detesta a corrupção pois sabe que muitos corruptos jamais são punidos. Agora tem carta branca e promete punir cada um deles
Mani, sua mãe ficou grávida da terra e por preconceito, foi expulsa da tribo. Logo ao nascer Mani já sabia falar e conhecia os segredos da selva, mas nao foi capaz de salvar sua mãe que morreu alguns minutos apos o parto.

Visconde Quaresma o Herói do Brasil e da Bruzundanga

Como líder dessa liga, o Visconde Quaresma integra o grupo - parente bem menos ingênuo do bem conhecido Policarpo Quaresma. Visconde Quaresma tem QI acima dos 300 pontos e ama o Brasil tanto quanto seu antepassado

Juntos tem o compromisso de transformar a Bruzundanga num pais igual ou melhor ao Brasil.

Bruzundanga – que país é esse?

A Bruzundanga fica na zona tropical e sub tropical, tem 18 ou 29 províncias e sua capital é Bosomsy

A Republica dos Estados Unidos da Bruzndanga foi criada pelo escritor Lima Barreto, publicado postumamente em 1922.

Lima Barreto define sua criação, “A Bruzundanga fornece matéria de sobra para livrarnos, a nós do Brasil, de piores males, pois possui maiores e mais completos. Sua missão é, portanto, como a dos maiores da Arte, livrarnos dos outros, naturalmente menores”.

A Bruzundanga é um país fictício, onde há, tal a como na Primeira República, diversos problemas sociais, econômicos e culturais. Os políticos são nomeados pelo voto, mas quem vota não tem a menor idéia do que faz. O presidente tratado por 'Mandachuva' e engajado na política através do sogro que o quer em bom cargo para as filhas, “chegou à presidência graças à sua ignorância e logo que se viu empossado se cercou de sua clientela”. Cargos são entregues devido à beleza dos candidatos que devem saber dançar, cumprimentar e sorrir para impressionar os estrangeiros.

Os cidadãos comuns de Bruzundanga quase morrem de fome, mas comprometem quase toda sua renda para vestirem-se à moda da Sibéria. Também quase morrem de calor posto que habitam as regiões tropicais e semi-tropicais, mas fazem isso para impressionar os estrangeiros. Gostam de tudo que vem do exterior, julgam belo tudo o que é admirado pelos países estranhos e seus sábios, dizem admirar a escola de poesia ‘Samoieda’, apesar de não compreenderem muito bem este estilo, o nome confere uma certa magia e exotismo. O povo da Bruzundanga é doce e crente, mais supersticioso do que crente, e entre as suas superstições está esta do ouro. Eles nunca o viram, eles nunca sentiram o seu brilho fascinador; mas todo o bruzundanguense está certo de que possui no seu quintal um filão de ouro.

Ao contrario do que acredita-se, Mani circula por meios urbanos e domina armas e tecnologia, mas como não é seu ambiente natural, quanto mais tempo passa longe da natureza, mais reduzem seus poderes - A única forma de reabastecer suas baterias é livrar-se de roupas e qualquer outra artificialidade urbana e correr para o meio da natureza. 

O país vive de expedientes, isto é, de cinqüenta em cinqüenta anos, descobre-se nele um produto que fica sendo a sua riqueza. Os governos taxam-no a mais não poder, de modo que os países rivais, mais parcimoniosos na decretação de impostos sobre produtos semelhantes, acabam, na concorrência, por derrotar a Bruzundanga; e, assim, faz morrer a sua riqueza,

Com o café dá-se uma coisa interessante. O café é tido como uma das maiores riquezas do país; entretanto é também uma das maiores pobrezas. O café é o maior "mordedor" das finanças da Bruzundanga. A cultura do café é a base da oligarquia política que domina a nação. A sua árvore é cultivada em grandes latifúndios pertencentes a essa gente, que, em geral, mal os conhece, deixando-os entregues a administradores. 

Os proprietários dos latifúndios vivem nas cidades, gastando à larga, levando vida de nababos e com fumaças de aristocratas. Quando o café não lhes dá o bastante para as suas imponências e as da família, começam a clamar que o país vai à garra; que é preciso salvar a lavoura; que o café é a base da vida econômica do país; e -- zás -- arranjam meios e modos do governo central decretar um empréstimo de milhões para valorizar o produto.

Assum Preto, o herói Cangaceiro - Tem uma estranha ética e respeito pela vida, para ele, corruptos (tais quais aqueles que sorrateiramente enterraram material radioativo no lindo Aterro do Pai Mateo) são como tecidos cancerígenos que precisam ser extirpados da sociedade. 

Ainda na Bruzundanga de Barreto, diversas espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos governos provinciais e por particulares. Estas últimas são chamadas livres e as outras oficiais. Desses alunos pouco é exigido, o sistema educacional é enormemente falho valoriza os filhos dos poderosos, que fazem os pais desdobrarem-se em bancas de exames, conseguindo aprovar os pequenos em aritmética sem que ao menos saibam somar frações. Os futuros diretores da República dos Estados Unidos da Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e presunçosos do que quando para lá entraram. São esses tais que berram: "Sou formado! Está falando com um homem formado!"

Tal como o pássaro da letra de Luis Gonzaga, Assum Preto ficou muito mais sensível e perceptivo após o acidente que lhe custou a visão - todos seus ímpetos parecem ter crescido a novas dimensões, seu lado de cangaceiro selvagem não foi exceção. Uma de suas armas preferidas é o EPD (Extrator Parietal Duplo), espadas duplas, com jogo de laminas e servomotores de alta velocidade, controlados por múltiplos sensores.

A Bruzundanga de 2093 é o local perfeito para o encontro de vilões tão poderosos, míticos e improváveis que torna a tarefa de combate-los algo que beira a impossibilidade, principalmente quando entra em cena Fujoshi*, amada arquiinimiga de Quaresma.
(*Fujoshi - 腐女子 - alem de ser o nome do Nêmesis de Quaresma, é um termo difamatório japonês usado para identificar fãs de mangá. Fujoshi é o inimigo que Quaresma ama e odeia, tal qual faz Pagano que pratica sua Antropofagia à cultura Japonesa para obter o estilo Tupi-Pop, que caracteriza sua arte).

“Os Bruzundangas” escrito nos anos anteriores a morte de Lima Barreto, é uma sátira mordaz ao Brasil, que não estranhamente, continua válida e atual e por isso torna-se o ambiente perfeito para nossos heróis.

Aguarde, a HQ 'Os Heróis da Bruzundanga' tem previsão de lançamento para agosto de 2016.


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segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Como Pegar um Saci

Homem da roça tenta apanhar a carapuça do Saci enquanto crianças acompanham admiradas a tentativa frustrada. 

Há muitos jeitos de pegar saci, mas o melhor é o de peneira. Arranja-se uma peneira de cruzeta…

- Peneira de cruzeta? – interrompeu o menino (Pedrinho) – Que é isso?

- Nunca reparou que certas peneiras têm duas taquaras mais largas que se cruzam bem no meio e servem para reforço? Olhe aqui – e tio Barnabé mostrou ao menino uma das tais peneiras que estava ali num canto. Pois bem, arranja-se uma peneira desas e fica-se esperando um dia de vento bem forte, em que haja rodamoinho e zás! – joga-se a peneira em cima. Em todos os rodamoinhos há saci dentro, porque fazer rodamoinhos é justamente a principal ocupação dos sacis neste mundo.

- E depois?

- Depois, se a peneira foi bem atirada e o saci ficou preso, é só dar jeito de otar ele dentro de uma garrafa e arrolhar muito bem. Não esquecer de riscar uma cruzinha na rolha, porque o que prende o saci na garrafa não é a rolha e sim a cruzinha riscada nela. É preciso ainda tomar a carapucinha dele e a esconder bem escondida. Saci sem carapuça é como cachimbo sem fumo.
Eu já tive um saci na garrafa, que me prestava muitos bons serviços. Mas veio aqui um dia aquela mulatinha sapeca que mora na casa do compadre Bastião e tanto lidou com a garrafa que a quebrou. Bateu logo um cheirinho de enxofre. O perneta pulou em cima de sua carapuça, que estava ali naquele prego, e “até logo, tio Barnabé!”
Ajude-nos a comemorar o dia do Saci (31 de outubro) - compre sua Toy art comemorativa -  contato@blemya.com

Depois de ouvir com a maior atenção, Pedrinho voltou para casa decidido a pegar um saci, custasse o que custasse. Contou o seu projeto a Narizinho e longamente discutiu com ela sobre o que faria no caso de escravizar um daqueles terríveis capetinhas. Depois de arranjar uma boa peneira de cruzeta, ficou à espera do dia de S. Bartolomeu, que é o mais ventoso do ano.  
(O Saci. Monteiro Lobato.(
 
Peão tenta emboscar um Saci, tarefa muito difícil devido a extrema agilidade e rapidez do curumim 
O Saci também é conhecido como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê, matita perê, saci-saçurá e saci-trique, é um personagem do folclore brasileiro. Tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, retratado como um curumim endiabrado, com duas pernas, cor morena e possuidor de um rabo típico. A mitologia africana o transformou em um negrinho que perdeu uma perna lutando capoeira. Também, herdou desta mesma mitologia o cachimbo. Da mitologia européia herdou o “píleo”, um gorrinho vermelho, usado pelos trasgos (seres encantados do folclore de Portugal).É descrito como um pequeno ser,  descalço, de uma perna só, sem camiseta e com um pito (tipo de cachimbinho). Em alguns casos o Saci usa saia e têm duas mãos furadas, em outros usa shorts, o Saci faz peraltice e esconde as coisas dentro do rodamoinho.

já na mitologia romana, registrava Petrônio, no Satiricon, que o píleo conferia poderes ao íncubo e recompensas a quem o capturasse.

Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas.

O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.4
 
No Sítio do Picapau Amarelo, Pedrinho e o Visconde sempre tentavam controlar as estripulias do Saci
O Saci tem o controle, sabedoria e manuseios de tudo que está relacionado às plantas medicinais, por isso, o saci, tem o domínio das Matas.
Os sacis nascem em brotos de bambu, vivem sete anos dentro destes brotos e mais setenta e sete fora deles. Depois morrem e viram um cogumelo ou uma orelha de pau.
 
José Bento Monteiro Lobato com Emilia, Saci, Narizinho e o Vsiconde de Sabugosa
 - Ilustração de Benedito Carneiro Bastos Barreto - Belmonte -

Em 2003, o deputado Aldo Rebelo apresentou o PL-2762/2003, que propõe transformar o dia 31 de outubro no Dia Nacional do Saci-pererê, visando substituir a importação cultural do "Halloween".

Monumento Ás Banderias Quem é Quem - Por Luiz Pagano

  Monumento às Bandeiras com 32 figuras, e não 37 como relatado em muitos outras referencias (inclusive a Wikipedia e o Site da Prefeitura d...